COPA DO MUNDO

Relembre o dia em que Pia Sundhage fez um gol contra o Brasil

De carrasco a aliada: primeira capitã verde-amarela, Marisa lembra em entrevista ao Correio do jogo no qual a atual técnica sueca da Seleção comandou a eliminação canarinha na edição inaugural do torneio, em 1991, na China

Marcos Paulo Lima
postado em 01/07/2023 03:55
 (crédito: Kleber Sales/CB/D.A. Press)
(crédito: Kleber Sales/CB/D.A. Press)

Vinte e um de novembro de 1991. A máquina do tempo nos transporta para o Ying Tung Stadium, em Guanghzou, na China. Terceira rodada da fase de grupos da primeira edição da Copa do Mundo Feminina. Brasil e Suécia duelam pela segunda vaga da chave B para as quartas de final. A primeira era dos Estados Unidos. A súmula oficial da Fifa indica a presença de 12 mil torcedores na arena e a presença de uma camisa 7 em campo chamada Pia Sundhage. Ela era uma das peças importantes no sistema tático 3-5-2 da técnica Gunilla Paijkull. Alinhada com a moda da época, usava a configuração adotada pela Alemanha de Franz Beckenbauer na conquista do tricampeonato, um ano antes, na Itália.

Aos 42 minutos do primeiro tempo, o árbitro Lu Jun marca penalidade máxima a favor da Suécia. Pia Sundhage pega a bola batizada à época de Etrusco Único, ajeita, não dá chance para a goleira Meg e abre o placar. Susanne Hedberg marcou o segundo, consolidou a vitória da seleção escandinava e mandou o Brasil de volta para casa. Pia e companhia seguiram em frente até a semifinal. Perderam para a Noruega e derrotaram a Alemanha na decisão do terceiro lugar por 4 x 0. Pia encerrou a competição com quatro gols e duas assistências. Balançou as redes também do Japão, da China e da Alemanha na competição.

Primeira capitã da Seleção em uma Copa do Mundo Feminina, a líbera Marisa tem memória daquele jogo. "Ficou marcado pela nossa eliminação. Nunca passou pela nossa cabeça que uma jogadora adversária como a Pia Sundhage fosse virar técnica do Brasil. Ela era boa jogadora. O mundo é uma grande roda gigante", brincou, em entrevista ao Correio Braziliense. Marisa vestia a camisa 3 no time de Fernando Pires. Totalmente digital, ela guarda no celular um print da súmula com o tempo dos gols.

Trinta e dois anos depois, Pia Sundhage passou de adversária a aliada do Brasil na disputa da Copa do Mundo na Austrália e na Nova Zelândia, de 20 de julho a 20 de agosto. A treinadora desembarcou ontem, em Brasília, para o amistoso de amanhã contra o Chile, às 10h30, no Mané Garrincha. O duelo será o último antes da estreia contra o Pananá no próximo dia 24, em Adelaide. A delegação embarcará às 5h da manhã de segunda-feira em voo fretado do aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek rumo à Oceania, com escala do Taiti.

A transição de Pia para a carreira de treinadora foi um sucesso. É bicampeã olímpica como técnica dos Estados Unidos em Pequim-2008 e em Londres-2012. Levou a seleção norte-americana ao vice na Copa do Mundo de 2011. Assumiu a prancheta do Brasil convicta e deixou isso claro em entrevista exclusiva ao Correio antes de assumir oficialmente o cargo. Resolvemos o contrato facilmente. O fator determinante foi… é o Brasil! O país do futebol. Eu adoro a técnica do jogador brasileiro. Se eu conseguir aplicar a mentalidade vencedora dos Estados Unidos e a organização defensiva da Suécia nós podemos fazer um grande trabalho", disse em 25 de julho de 2019.

O presente de Pia é coerente com a entrevista de quatro anos atrás. Questionada à época sobre a fusão da melhor treinadora do mundo em 2012 com Marta, eleita seis vezes número 1 do planeta, ela traçou minuciosamente a linha de trabalho sobre o que esperava dessa conexão. "Uma equipe coesa. Essa é a minha meta, o meu objetivo. Uma estrela precisa de um trabalho de equipe e uma equipe precisa de uma estrela".

Na entrevista de 2019 ao Correio, Pia não fez terra arrasada da campanha do Brasil na Copa do Mundo da França. Renovou o plantel, mas manteve a base usada por Oswaldo Alvarez, o Vadão (1956-2020). "O Brasil teve alguns bons momentos durante a Copa do Mundo da França. É uma equipe interessante. Se conseguir usar a experiência com a coragem das jogadoras mais jovens isso elevará o desempenho, trará benefício aos dois lados, e poderemos ter uma grande equipe", avaliou à época. Onze jogadoras do Mundial anterior irão à Oceania: Bárbara, Tamires, Debinha, Geyse, Kathlen, Bia Zaneratto, Letícia, Mônica, Adriana e Andressa Alves. Outras 11 disputarão o torneio pela primeira vez.

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