COPA DO MUNDO

Quatro anos após protesto de Marta, surge a primeira chuteira feminina

Em 2019, a melhor utilizar chuteiras como ferramenta de pedido por tratamento igualitário entre mulheres e homens no futebol. Neste ano, a patrocinadora da Seleção Brasileira lança primeiro calçado projetado para elas

Na Copa do Mundo Feminina de 2019, a atacante Marta utilizou a visibilidade do torneio para emplacar uma campanha em prol da igualdade de gênero no tratamento dado por marcas esportivas. A ferramenta principal foi uma chuteira totalmente preta e sem patrocínio, com um símbolo colorido de paridade apontado pela camisa 10 a cada bola na rede no torneio. A causa da maior expoente do esporte, eleita sete vezes a melhor jogadora do planeta, é muito mais ampla, mas teve uma pequena vitória. No Mundial da Austrália e da Nova Zelândia, entre julho e agosto, as jogadoras patrocinadas pela Nike terão, pela primeira vez, um material de trabalho voltado às necessidades delas.

Nesta semana, a empresa norte-americana — também responsável por fornecer os uniformes da Seleção Brasileira — lançou a Phantom Luna. De acordo com a marca, a chuteira é a primeira com o processo de produção totalmente liderado por mulheres. "Desde a pesquisa até o design, passando pela etapa de testes, as jogadoras estiveram sempre no centro do processo. Com a Phantom Luna, a Nike oferece uma chuteira que foi cuidadosamente desenhada para elas, trazendo um novo padrão circular de travas, assim como ajuste. Ela ajuda as atletas a se moverem com precisão quando estão em campo", explica Elysia Davis, pesquisadora-chefe do Nike Sport Research Lab.

Atualmente, metade das 26 jogadoras convocadas pela técnica Pia Sundhage, incluindo as três suplentes, são calçadas pela marca norte-americana. A atacante Debinha foi convidada para estrelar a campanha. "A chuteira é a minha arma em campo e essa, em especial, representa uma grande conquista para o futebol", destaca a jogadora em vídeo divulgado pela fornecedora de material esportivo.

Divulgação/Nike - Debinha é a estrela da campanha da primeira chuteira feminina produzida pela Nike

De acordo com a Nike, em resposta ao Correio, todas elas terão liberdade de escolha entre os modelos do portfólio da fornecedora. As atletas, entretanto, usufruem do benefício gerado pelo processo liderado por Marta. Destaques de outras seleções, a espanhola Alexia Putellas, atual melhor jogadora do mundo, a norte-americana Crystal Dunn, campeã da Copa do Mundo de 2019, e a francesa Grace Geyoro, adversária da Seleção na primeira fase do torneio, devem desfilar nos gramados australianos e neozelandeses com o modelo.

A maioria delas fez parte do processo de ouvidoria realizado pela Nike para desenvolver a chuteira. Sem patrocínio esportivo desde 2018, quando rompeu com a alemã Puma e criou o movimento Go Equal, Marta não participou do processo de criação, embora seja a embaixadora da luta por igualdade no tratamento dado pelas empresas. Antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, a brasileira realizou um protesto silencioso contra o baixo investimento das marcas no futebol feminino ao esconder com o cabelo a logo da gigante norte-americana durante os ensaios de foto com a camisa da Seleção Brasileira.

Na próxima Copa do Mundo, a camisa 10 vai repetir o gesto de usar chuteiras de cor única e sem patrocínio. Enquanto isso, outros destaques da competição internacional vão ter nos pés a primeira peça projetada exclusivamente para elas com a intenção de quebrar os paradigmas. Responsável por criar a linha inaugural de uniformes da Seleção para mulheres em 2019 (antes, elas usavam as peças do masculino), a Nike captou, embora tardiamente, mais um detalhe do toque de despertar ecoado pela maior jogadora de futebol de todos os tempos. 

"Estou usando a mesma chuteira. É uma opção minha. Não é pelo dinheiro. É toda uma história. A patrocinadora não enxerga por esse lado. É um conjunto de coisas para a decisão. E posso ver que, por outro lado, isso ajudou outras atletas", explicou Marta, em entrevista ao ge.globo, em 2021.

Tecnologias chuteira
— Nike Cyclone 360 (foco em tração)
— Nike Asym Fit (garante firmeza)
— Nike GripKnit (melhor conexão de chute)

Mais detalhes
Chega ao Brasil no final de junho
Preço: R$ 2.299,99 (no site oficial da marca)
Cor: Branco com laranja e preto

As brasileiras que devem usar

Bruninha
Rafaelle
Kerolin
Luana
Adriana
Ana Vitória
Ary Borges
Andressa Alves
Bia Zaneratto
Debinha
Tainara (suplente)
Aline Gomes (suplente)
Angelina (suplente)

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