A Seleção Brasileira de vôlei feminino não conseguiu dar sequência ao início positivo da terceira etapa da Liga das Nações. Diante do Canadá, nesta quinta-feira (29), as meninas do Brasil foram derrotadas, por 3 sets a 2.
O compromisso, válido pela segunda partida da semana três, marcou apenas a terceira derrota da equipe tupiniquim em toda a competição. Com o revés, o Brasil perdeu a chance de encostar nos líderes Polônia e Estados Unidos, ambos vencedores das respectivas partidas de número 10.
Na capital tailandesa, o Brasil, após começar mal, com diversos erros ofensivos, deu a volta por cima de maneira incrível através das mudanças promovidas pelo técnico Zé Roberto Guimarães, mas parou no bloqueio adversário no tie-break.
Equipes instáveis
A partida começou lá e cá. Com esforços de ambos os lados, o Brasil buscava as paralelas, enquanto o Canadá, atento, se preocupava em se sobressair nos bloqueios. Errando menos, a equipe branco e vermelho conseguiu abrir vantagem à frente de três pontos, em 4 a 1.
Embora deficiente no ataque - principalmente com Rosamaria, incapaz de repetir a atuação ofensiva da partida contra a Itália - as investidas começaram a encaixar. Com volume expressivo de jogo pela primeira vez na partida, a Seleção tomou a liderança, e não dava indícios de que a cederia.
Com 18 a 15 no telão, o Brasil mantinha o domínio dentro de quadra e contava com a oportunista Natinha na recepção para lidar com os fortes golpes de Howe. Apesar da recepção bem feita das brasileiras, o Canadá pontuava com bloqueios. Através de subidas consecutivas em bloqueios duplos, o Canadá, ponto a ponto, conseguiu empatar a partida, em 19 a 19.
A partir daí, a partida se colocava, novamente, lá e cá. Com erros e acertos em sequência de ambos os lados, as equipes levavam uma à outra ao limite. Com quatro pontos de bloqueio para cada, Brasil e Canadá esticavam o placar cada vez mais, e contavam com os erros do oponente para pontuar e revezar a liderança. A diferença, no entanto, é que o Brasil errou menos. Com oito vacilos das canadenses, contra seis da Seleção, a equipe verde amarela conseguiu fechar o set: 30 a 28.
Constantes erros ofensivos
O Canadá iniciou o segundo set como quem queria jogo. Com o bloqueio, mais uma vez, funcionando bem, a equipe norte-americana era agressiva e conseguiu abrir margem de três a zero na segunda parcial. O Brasil, no entanto, estabilizou a recepção e, com isso, gerava maior estabilidade para Roberta realizar a recepção com maestria nos levantamentos.
A partida, novamente, mostrava um revezamento na liderança. Muito mais por inconstância do que por mérito, nenhum dos lados era capaz de segurar vantagem expressiva no placar e permitia, inevitavelmente, a chegada do adversário a um empate. Enquanto o Canadá falhava nas recepções, o Brasil somava erros de ataque, que chegaram a 14, principalmente nos saques, muito longos, ou nas tentativas mal sucedidas de colocar a bola no chão, com 15 a 15 na segunda parcial.
A Seleção, porém, se mantinha errando múltiplas vezes, e nem mesmo um pedido de tempo do técnico Zé Roberto Guimarães foi efetivo na mudança de panorama. Com golpes certeiros de Van Ryk e o oportunismo de Mitrovic, além da desconfiança verde e amarela, o Canadá abriu vantagem de três pontos, e, daí, não parou mais: 25 a 22 para as canadenses.
Reservas fazem a diferença
Confiante, tudo parecia dar certo para o Canadá ao início da terceira parcial. Com o bloqueio atento, Gray e Maglio subiam múltiplas vezes acima da rede e somavam pontos no fundamento, contando com um Brasil apático no ataque. Zé Roberto, preocupado, pediu tempo técnico logo no início com 5 a 2 no placar, “Não é pra bater toda bola para decidir, vamos dar jogo, para acertar o bloqueio e virar o jogo”, colocou o técnico.
O terceiro set, apesar disso, dava indícios de que, caso o Brasil não acordasse, não haveriam alternativas. A pressa em ajustar a recepção sobrecarregava o ataque, e os resultados à frente, mesmo assim, não vinham.
Cientes da dificuldade da Seleção, o Canadá passava a arriscar mais nos saques justamente para encaixar bloqueios duplos. Com 9 a 3 no placar, as norte-americanas chegaram a pontuar três vezes seguidas com bloqueios.
Com isso, o Brasil se mantinha da forma que podia. Com a entrada oportunas de Maiara e Lorraina para dar peso ao ataque, a Seleção se fazia capaz de somar pontos e diminuir a diferença. Com a entrada de Lorraina, inclusive, por ser canhota, o Brasil quebrou o padrão e surpreendia o adversário com propostas novas na partida.
Porém, mesmo assim, ainda precisava remar para diminuir a diferença. A partir daí, com 22 a 18 no placar, o roteiro da partida passou a ser muito mais sobre acertos individuais e agressividade da equipe à frente do que boa estruturação coletiva.
Apesar de responder bem aos golpes canadenses e chegar bem perto de um empate, através da melhora no saque, das boas recepções da líbera reserva Nyeme e com direito até mesmo a largadinha de Gabi, o bom volume de jogo do Canadá foi fundamental para sacramentar mais uma parcial. Com mais um erro na recepção brasileira, o Canadá devolveu a largadinha com Van Ryk e fechou o set para tomar a frente no placar geral: 25 a 23.
Virada heróica
Com 2 sets a 1, o Brasil precisava ir com tudo para cima do Canadá para levar a partida a parcial de desempate. Do lado das canadenses, não tinha jeito: era mesmo o dia do bloqueio. Além de manter o volume de jogo elevado, somava, com o placar em 8 a 5, 16 pontos de bloqueio na partida.
A Seleção, mesmo com a insistência de errar saques, seguia o Canadá de perto. Com a difícil tarefa de lidar com a defesa canadense (a central Maglio, sozinha, tinha seis pontos de bloqueio) o time verde e amarelo não externava um semblante agressivo, reativo, e passou a, mesmo com desvantagem curta, estar constantemente atrás no placar, que chegou a estar em 18 a 13.
Assim como na terceira parcial, as reservas eram cruciais para a retomada na partida. Muito responsável pela melhora da Seleção, o sistema defensivo, liderado por Nyeme e Lorrayna, ajustava, de pouco em pouco, as investidas no ataque. Com menos erros, a estrela da central Thaisa, apareceu.
Com pontos consecutivos da jogadora de 1,96, o Brasil engrenou e virou o jogo. Bem na partida como não se mostrava desde o primeiro set, as comandadas de Zé Roberto Guimarães mostraram resiliência mental para vencer rallys e incrementar as recepções para fechar o set e empatar a partida de forma heróica: 25 a 21.
Mais um tie-break
As mudanças de Zé Roberto na equipe continuavam se mostrando efetivas. Ajustada na defesa para valer, o Brasil mostrava, na parcial de desempate, que não teria mais problemas com inconstância. Com até mesmo o bloqueio encaixado, o Brasil replicava o volume de jogo adversário e contava com a grande performance da reserva Lorrayna. Com a canhota, acertava golpes diagonais e até mesmo defendia muito bem.
Agora sem deixar a bola cair lisa do próprio lado da quadra, o time tupiniquim estabeleceu vantagem que não se via desde o princípio da partida, com 9 a 6. O Canadá, que desempenhava a melhor performance da própria campanha no torneio, se debruçava sobre a constância do bloqueio e da poderosa Gray. A atacante, após virar a partida para o Canadá, em 13 a 12, liderava praticamente sozinha a dianteira norte-americana e se isolava como a maior pontuadora da partida, com 24.
Com poucos erros, a partida se aproximava cada vez de uma decisão apertada. Mesmo com a grande performance de Nyeme, o Brasil, ainda assim, não foi páreo para os bloqueios canadenses. Mesmo após dar a volta por cima de forma incrível, o Brasil acabou derrotado, por 17 a 15.
Anote na agenda
Agora, o Brasil partirá em busca da sacramentação da vaga às quartas de final. Os próximos desafios, após duas vitórias consecutivas/ uma vitória e uma derrota, a Seleção terá pela frente a Turquia, na sexta-feira (30), às 10h30, e a anfitriã Tailândia, no domingo (2), no mesmo horário. Ambas as partidas terão transmissão do SporTV2.
Saiba Mais
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima