Hipismo

Cavaleiro olímpico Stephan Barcha fala da relação afetiva com Brasília

Rumo ao Pan-Americano de Santiago 2023 após conquista da medalha de bronze na Itália, o carioca radicado no Distrito Federal Stephan Barcha explica o carinho com a cidade, especialmente Sobradinho

Medalhista de bronze no último domingo no Grand Prix de Saltos, em Roma, montado no Império Egípcio, o carioca Stephan Barcha, 33, tem um pouquinho do Distrito Federal na veia. Classificado para os Jogos Pan-Americanos de Santiago, de 20 de outubro a 5 de novembro, no Chile, o representante do país nas Olímpiadas do Rio-2016 e de Tóquio-2020 conversou com o Correio Braziliense da Holanda, onde mora. O atleta conta os dias para desembarcar na capital. Ele será uma das atrações da Copa JK de Hipismo, de 15 a 18 deste mês, na Sociedade Hípica de Brasília. O evento é uma oportunidade de reviver os tempos de morador — e aprendiz na cidade.

Nascido no Rio de Janeiro, Stephan Barcha se interessou por cavalos ainda pequeno. A influência partiu do pai, o fisioterapeuta Álvaro Barcha. Admirador do animal, ele conduzia o filho a fazendas de amigos e transmitiu o sentimento ao garoto. Stephan levou a paixão adiante e deu início à caminhada na modalidade.

"Por alguma razão, sempre gostei muito de cavalos. Comecei a montar aos 8, na Sociedade Hípica Brasileira, no Rio de Janeiro, e no ano seguinte já estava competindo", conta. O carioca, aos 20 anos, resolveu se mudar para a Itália na tentativa de aperfeiçoar as habilidades e ascender no esporte.

Lá, recebeu a chance de trabalhar com Nelson Pessoa, referência do esporte como um dos maiores cavaleiros do país e pai de Rodrigo Pessoa — campeão olímpico em Atenas-2004 e tricampeão mundial. O "estágio" contribuiu para a evolução. "Consegui um cavalo melhor e aprendi muito. Com isso, realizei o sonho de ir às Olimpíadas", relata, referindo-se aos Jogos do Rio-2016. Apesar da juventude, ele era um dos destaques da equipe brasileira.

Caçula da Seleção, Stephan estreou com um belo primeiro percurso no Centro Olímpico. Dois dias depois, foi eliminado na etapa por equipes por ter causado um leve arranhão no cavalo LandPeter, à época, com a espora, instrumento de encaixe para os pés utilizado para dar impactos na barriga do animal e incentivá-lo a aumentar a velocidade.

Depois de viver o "pior e o melhor momento da carreira", como Stephan Barcha descreveu à época, o cavaleiro resolveu voltar ao Brasil, mas para morar. Em dezembro de 2016, aterrissou em Brasília e criou um amor intenso pela cidade.

"Toda a minha família é de lá (Brasília). Sou radicado lá. Sou muito feliz na cidade, minha esposa era de lá, meus filhos são nascidos lá, e até por isso essa facilidade". Desde que conheceu a capital, Stephan Barcha dispôs de numerosas e valiosas amizades.

"Sou apaixonado por Brasília. Muitos amigos queridos estão no DF, e meus filhos também se sentem muito bem por lá. Minha família é de Sobradinho, onde eu também resido". O cavaleiro passa sete dias na capital do país a cada cinco semanas. Barcha aprecia muito da segurança e da estrutura da cidade. "É o único lugar onde me vejo morando em todo o Brasil, sinceramente. Aos 33 anos, não moraria em outro lugar aí (no Brasil)".

Europa

À beira dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, Stephan Barcha resolveu, novamente, se mudar para a Europa, e se instalar em terras holandesas. Apesar de gostar muito de tudo na capital brasileira, ele teve o entendimento de que, por se tratar do centro do esporte no mundo, precisava estar no Velho Continente.

"A Europa é a Fórmula 1 do hipismo, onde as principais competições acontecem, então morar aqui é um facilitador. Nesses períodos, perto de Olimpíadas e Pan-Americano, faz-se necessário treinar e competir nesse mais alto nível presente aqui", argumenta.

Em relação ao Pan de Santiago, em outubro, as expectativas são boas. Segundo Barcha, se for com a melhor equipe possível, o selecionado brasileiro competirá forte no Chile. "Tem boas chances de medalha, por conta da capacidade dos excelentes e experientes cavaleiros brasileiros, por estarem aqui na Europa, além da capacidade dos cavalos. Eles contam muito", explicou o cavaleiro.

Após a conquista da medalha de bronze em Roma, o atleta manteve a calma. Apesar de admitir que a conquista e o carimbo no passaporte elevam a moral para estar em Paris-2024, ainda há chão pela frente. "Isso (a medalha e a vaga) não garante nada. Ainda vou precisar de uma sequência de boas performances para garantir o meu lugar nas Olimpíadas", reiterou o atleta carioca.

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima