Candidatíssima a ostentar a melhor média de público na história do Campeonato Brasileiro em 67 edições, a versão 2023 da Série A arrastou 2,6 milhões de torcedores aos estádios — 26.134 por jogo até a 10ª rodada, ou seja, antes da pausa para a Data Fifa. O sucesso é impulsionado pela presença de 15 dos 17 campeões na elite, mas principalmente pela consolidação dos programas de sócio-torcedor.
Da plateia total no Brasileirão 2023, 1,3 milhão paga boleto para ter benefícios no acesso às arenas no papel de associado ao clube do coração. O levantamento tem como base os boletins financeiros das 100 partidas disputadas antes da pausa para a Data Fifa. Dos 19 times, somente o Atlético-MG não especifica no borderô a quantidade de parceiros.
O ranking da taxa de ocupação dos sócios-torcedores nos jogos da Série A deixa a classificação de ponta-cabeça. O último é o primeiro. O lanterna Coritiba tem o melhor índice: 90% dos torcedores presentes em exibições no Couto Pereira atendem ao slogan "O Coxa tá chamando" e são conectados ao programa Coxa Branca.
O Corinthians ocupa o segundo lugar. Dos torcedores presentes na Neo Química Arena até a 10ª rodada, 89% são adeptos do Fiel Torcedor. Athletico-PR (78%), Fluminense (68,5%) e Bahia (64%) completam o G-5. Dez times estão acima de 50%. Palmeiras e Flamengo ocupam posição intermediária na lista (leia infografia).
"Os clubes estão usando melhor os dados que possuem. O maior potencial é exatamente a outra fatia, a dos torcedores que não vão aos estádios. O grande segredo é obter o máximo de dados dos torcedores e converter o maior número possível", recomenda Renê Salviano, CEO da agência de marketing esportivo Heatmap.
O CEO Carlos Amodeo explica o sucesso do clube campeão brasileiro em 1985 na transição do modelo associativo para Sociedade Anônima do Futebol. "O engajamento dos sócios é muito expressivo. Queremos oferecer ainda mais comodidade aos torcedores. Espero que a torcida acredite no projeto e siga nos incentivando", comemora.
Referências no programa de sócio-torcedor, Inter e Grêmio exploram a receita com sucesso. O time colorado contabilzou no mínimo 40 mil clientes em duelos contra Goiás e Flamengo. "Historicamente, o clube sempre foi pioneiro em assuntos relacionados ao programa", orgulha-se o vice-presidente de Administração e Patrimônio do clube, Victor Grunberg.
Luis Suárez é o imã na campanha O Grêmio te convoca, tu aceita. "Ajudamos a lançar um programa de fantokens. Isso ajuda a impulsionar e explorar vários ativos do clube, entre eles o Suárez. Ele fez expandir em pouco tempo o número de sócios do clube", detalha Bruno Brum, CMO da Agência End to End, empresa parceira do tricolor gaúcho.
"Os clubes entenderam o quão importante é aumentar a base de sócios. Esses torcedores assumiram papel essencial na locomotiva do futebol brasileiro. São aliados importantes para impulsionar os times na parte esportiva e financeira", comenta Henrique Borges, CEO da Somos Young. A agência tem o Bahia e o Cruzeiro como clientes.
O Fortaleza é outro case relevante. Em 2017, o atual presidente Marcelo Paz assumiu o clube com sete mil sócios. Seis anos depois, são 42 mil. A meta é chegar a 50 mil. "Esse é o nosso maior objetivo. Temos feito ações variadas, que incentivam cada vez mais a adesão ao programa, diz o dirigente. Os contribuintes ajudaram a internacionalizar a marca. O time participou recentemente da Libertadores e da Sul-Americana.
O Vasco mantém taxa de 58% de sócios nas exibições em São Januário e/ou no Maracanã. "Há um investimento significativo para entregar ao torcedor o que existe de melhor em tecnologia de ponta", detalha o diretor comercial Caetano Marcelino. Com média de 55.674 pagantes por partida no Maracanã, o Flamengo tem metade dessa plateia vinculada fielmente ao programa de sócio-torcedor do clube.
A experiência digital dos sócios-torcedores rubro-negros tem sido turbinada por uma das empresas parceiras do clube na comercialização de bilhetes. Há investimento em customização, blindagem antifraude, suportes, staff de bilheteria, inclusão de um QR Code dinâmico, como mais uma forma de acesso exclusiva ao sócio-torcedor em setores específicos. "Tudo isso garante infraestrutura robusta e de alta performance, com estabilidade e segurança", explica Tironi Paz Ortiz, CEO e fundador da Imply.
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