Futebol

Carlo Ancelotti coloca CBF na moda lançada pelas federações olímpicas

Donos dos empregos mais cobiçados da CBF, Carlo Ancelotti e Pia Sundhage colocam atualizam a entidade. Confederações olímpicas lançaram a tendência pela contratação de profissionais importados

Marcos Paulo Lima
postado em 20/06/2023 06:00
Carlo Ancelotti assumirá o Brasil depois do fim do contrato com o Real Madrid. Até lá, a Seleção tem oito jogos entre Eliminatórias e amistosos -  (crédito: Oli Scarff/AFP)
Carlo Ancelotti assumirá o Brasil depois do fim do contrato com o Real Madrid. Até lá, a Seleção tem oito jogos entre Eliminatórias e amistosos - (crédito: Oli Scarff/AFP)

Espere um pouco, um pouquinho mais pelo anúncio oficial do novo técnico da Seleção Brasileira. Disposto a esperar até 30 de junho de 2024 pelo fim do contrato de Carlo Ancelotti com o Real Madrid, o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues tem acordo selado para realizar o sonho de ostentar como sucessor de Tite o recordista de títulos da Champions League (2003, 2007, 2014 e 2022) e único vencedor dos cinco principais campeonatos nacionais da Europa. Nascido em Reggiolo, o italiano de 64 anos coleciona troféus no Alemão, Espanhol, Francês, Inglês e Italiano, respectivamente, por Bayern Munique, Real Madrid, Paris Saint-Germain, Chelsea e Milan.

O ex-meia disputou a Copa do Mundo duas vezes como jogador nas campanhas da Squadra Azzurra no 12º lugar em 1986, no México, e no terceiro em 1990, na Itália. Como técnico, comandou 42 brasileiros. Quatro melhores do mundo: Kaká, Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho.

Pentacampeã, a seleção mais vitoriosa da Copa será liderada por um profissional nascido fora do país pela terceira vez, mas é como se fosse a primeira. O uruguaio Ramon Platero (1925), o português Jorge de Lima, o Joreca (1944), e o argentino Filpo Nuñez tiveram passagens curtas. Carletto disputará dois títulos em dois anos: a Copa América 2024, nos Estados Unidos, e o Mundial de 2026, no Canadá, EUA e México. Antes, terá de passar pelas Eliminatórias Das 10 seleções, seis irão direto para a Copa. A sétima será submetida a uma repescagem.

A CBF ousa pela segunda vez em quatro anos. Em 2019, o ex-presidente Rogério Caboclo contratou a sueca Pia Sundhage para a Seleção feminina. Foi atrás de Xavi Hernández. O plano era inserir o atual técnico do Barcelona na comissão técnica de Tite a fim de que ele assumisse em 2023. Caboclo caiu após denúncias de assédios moral e sexual. Ednaldo Rodrigues assumiu e traz Ancelotti. O italiano nomeará um profissional europeu para tocar a Seleção em parceria com Ramon Menezes até ele assumir o cargo em definitivo. Legalmente, Carletto só poderá assinar contrato a partir de janeiro, seis meses antes do fim do vínculo com o Real. Até a posse, o Brasil disputará oito jogos entre eliminatórias e amistosos.

A engenharia parece revolucionária. Só que não. A CBF coloca em ação uma estratégia comum em outros esportes olímpicos. Modalidades coletivas como vôlei, basquete, handebol e ginástica artística abriram fronteiras para profissionais importados. Romperam a barreira do orgulho e da xenofobia e experimentaram evoluções relevantes.

Antes da primeira medalha de ouro em Barcelona-1992, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) entregou a prancheta nas mãos de um sul-coreano. Young Wan Sohn (1934-2011) fazia sucesso no país empilhando dois títulos estaduais em Minas Gerais e três nacionais em quatro anos. O sucesso o catapultou a assumir a Seleção masculina. Ganhou bronze no Pan de Indianápolis-1987 e ouro no Sul-Americano de Montevidéu.

Adaptação

A passagem do treinador pelo cargo foi conturbada. Houve atrito entre Sohn e a geração de prata, vice-campeã em Los Angeles-1984. O então presidente da CBV, Arthur Nuzman, defendeu o sul-coreano e ordenou o corte dos rebeldes. O asiático preferiu pedir demissão. Bebeto de Freitas reassumiu o grupo às pressas para os Jogos de Seul-1988.

A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) apostou em treinadores do exterior recentemente. O espanhol Moncho Monsalve, o argentino Rubén Magnano e o croata Aleksandar Petrovic passaram pelo cargo ocupado novamente por um brasileiro em 2023. Gustavo De Conti comandará a equipe na Copa do Mundo deste ano, na Ásia.

O handebol feminino do país atingiu o auge sob a batuta de Morten Soubak. O dinamarquês levou o país ao título inédito no Mundial de 2013, em Belgrado, na Sérvia. Paralelamente, o espanhol Jordi Ribera contribuía na evolução da trupe masculina. Conquistou medalha de ouro no Pan de Toronto-2015 e impulsionou a modalidade no país.

A revolução na Seleção Brasileira de ginástica artística tem assinatura do ucraniano Oleg Ostapenko (1945-2021), da esposa dele, Nadija, e da treinadora Iryna Ilyashenko. Daiane dos Santos, Jade Barbosa e Laís Souza evoluíram sob o comando do europeu. Na segunda passagem, orientou Lorrane Oliveira, Daniele Hypolito e Lorena Rocha.

Na Seleção Brasileira de atletismo, o cubano Justo Navarro é o mentor do arremessador de peso Darlan Romani. O espanhol Jesús Morlán (1966-2018) turbinou o campeão olímpico Isaquias Queiroz. O ouro de Cesar Ciello nos 50m livre da natação em Pequim-2008 teve influência do técnico australiano Brett Hawke. Judô, tênis de mesa, rúgbi seven, levantamento de peso, badminton e outras modalidades precederam o investimento da CBF em Carlo Ancelotti.

  • Carlo Ancelotti coloca CBF na moda lançada pelas federações olímpicas Valdo Virgo/CB/DA PRESS

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