A maior rivalidade do Brasil no vôlei feminino pode até não ser contra os Estados Unidos. Entretanto, desde o vice-campeonato nas Olimpíadas de Tóquio, em agosto de 2021, as norte-americanas se posicionam como o maior desafio das brasileiras. Não atoa, o time liderado pelo lendário técnico bicampeão olímpico Karch Kiraly é o primeiro a vir na cabeça de Zé Roberto Guimarães quando perguntado sobre as principais adversárias no ciclo em direção a Paris-2024. No domingo (18/6), a vitória incontestável por 3 sets a 0, no Nilson Nelson, foi mais uma prova dessa força.
As atuais campeãs olímpicas tiveram uma atuação incontestável em Brasília. Com inícios de set forte, índice assertivo alto nos ataques e uma concentração capaz de derrubar até mesmo as bolas mais complicadas da partida, os Estados Unidos bateram a Seleção Brasileira com parciais de 25/22, 25/19 e 25/22. Tais características de jogo eram esperadas por Zé Roberto. Entretanto, a equipe brasileira teve sérias dificuldades de esboçar reação e impor as qualidades em quadra. No fim, a impressão de que as americanas são as rivais a serem batidas ficou ainda mais nítida.
O tropeço em Brasília reforçou estatísticas negativas do enfrentamento. Desde a prata olímpica em Tóquio-2020, o Brasil não conseguiu ganhar nenhum set dos Estados Unidos. Foram dois jogos pela Liga das Nações de 2022 e 2023 com derrotas por 3 x 0. A equipe tupiniquim não experimenta uma vitória sobre as rivais por um período ainda mais longo. O último triunfo foi na campanha dos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019. De quebra, as americanas colaram bastante no placar geral do confronto: 32 x 31.
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Mesmo com uma equipe em transição — apenas as medalhistas olímpicas Jordan Thompson, Micha Hancock e Haleigh Washington estiveram no elenco da Liga das Nações em Brasília —, as adversárias nitidamente fluíram melhor em quadra. O técnico Zé Roberto, porém, indicou ter colhido mais lições com a derrota do que nas já esperadas vitórias contra Coreia do Sul, Sérvia e Alemanha. "Fizemos uma força danada (para jogar) e elas jogaram com muito mais naturalidade. Temos que melhorar, ainda mais se tratando dos Estados Unidos. Vimos que o patamar é mais em cima", analisou, ao Correio, após a partida.
Assim como na entrevista exclusiva ao Correio na terça-feira, Zé Roberto recolocou os Estados Unidos no topo entre os adversários. No ranking da Federação Internacional de Voleibol (FIBV), o Brasil começou a etapa de Brasília em primeiro, com as americanas logo atrás. "A gente sabe que esse time é muito mais forte. É um parâmetro excepcional. Conseguimos quebrar o passe, mas não transformamos, muitas vezes, nossa defesa em pontos. Isso não pode ocorrer. Temos que aproveitar as chances criadas. Quebramos passe várias vezes e não finalizamos o ponto", alertou.
Ainda neste ano, o Brasil pode enfrentá-las na etapa final da Liga das Nações de vôlei e no torenio Pré-Olímpico da modalidade. A meta é estar pronto para isso. "A gente sabia que ia ser um jogo difícil. Talvez, a gente não tenha se preparado o suficiente. Estamos em uma fase de entrosamento desse grupo. Tivemos coisas ruins e boas. Temos que ajustar e nos preparar se formos enfrentá-las em uma fase final. Temos que contra-atacar melhor e melhorar nossa defesa. Acho que isso iguala o jogo e vai fazer ser totalmente diferente", diagnosticou Júlia Bergmann, destaque brasileiro na passagem por Brasília.
Tabela
Com a derrota para os Estados Unidos, a Seleção Brasileira caiu para a quinta colocação da Liga das Nações. A equipe aparece atrás da líder Polônia, das americanas, das turcas e das chinesas. Agora, Zé Roberto Guimarães tem período de duas semanas para promover ajustes até a próxima etapa em Bangkok, na Tailândia. O primeiro jogo no retorno à Ásia será em 28 de junho, contra a Itália. Depois, as brasileiras encaram Canadá, Turquia e as tailandesas.
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