Liga dos Campeões

Haaland e Dzeko são os talismãs protagonistas de City e Internazionale

No último episódio da série "Amuletos", o resgate de centroavantes raiz na decisão de hoje entre Manchester City e Internazionale. Há 12 anos, Haaland ou Dzeko não teriam vaga no ataque de Guardiola

Marcos Paulo Lima
postado em 10/06/2023 06:00 / atualizado em 10/06/2023 12:37
 (crédito: Kleber Sales/CB/D.A. Press)
(crédito: Kleber Sales/CB/D.A. Press)

Decisão da Liga dos Campeões de 2011. Há 11 anos, centroavantes como o norueguês Halland, o bósnio Dzeko ou o belga Lukaku seriam estepes no Barcelona de Pep Guardiola. O revolucionário técnico resgatava um truque dos anos 1930: o falso 9. Pioneiro, Matthias Sindelar fazia essa função na seleção da Áustria. Messi a reinventou, e o timaço catalão derrotou o Manchester United na final por 3 x 1, em Wembley.

No último episódio da série Amuletos, o Correio apresenta os principais "olhos turcos" dos técnicos Pep Guardiola e Simone Inzaghi para a final de hoje, às 16h, no Estádio Olímpico Olímpico Atatürk, em Istambul: dois invejados centroavantes raiz. Homens de área capazes de fazer até Guardiola rever conceitos. O artilheiro disparado da Champions League é Haaland com 12 gols. O antídoto da Internazionale, Dzeko, o responsável por posicionar Lukaku sentandinho no banco de reservas.

Questionado na entrevista oficial da Uefa sobre o segredo do padrão pessoal de excelência, Guardiola surpreendeu: "Ter o Messi antes e o Haaland agora: esse é meu sucesso. Não estou brincando", reforçou o treinador do City.

Haaland se impôs no elenco. São 52 gols na temporada: 12 na Liga dos Campeões, 36 em 35 jogos na conquista da Premier League, 4 na Copa da Inglaterra, 1 na Supercopa da Inglaterra e mais 2 na Copa da Liga. Aos 22 anos, desembarcou na Turquia para a final com a Chuteira de Ouro a tiracolo. Superou os goleadores de campeonatos nacionais da Europa com 72 pontos. Bola na rede no Inglês tem peso 2. Alvo do Real Madrid, Harry Kane ficou em segundo lugar com 32 gols, o equivalente a 64 pontos na temporada.

Nascido em Leeds, na Inglaterra, quando o pai dele, Alfie Haaland, vestia a camisa do Leeds United, o menino Haaland voltou ao país para morar em Bryne. Lá, teve os primeiros contatos com o futebol. Começou no Bryne, passou pelo Molde e atraiu o Red Bull Salzburg. O time austríaco comprou por 8 milhões de euros. Vendeu ao Borussia Dortmund por 20 milhões de euros. E o clube alemão repassou ao City por 60 milhões de euros. Sozinho, Haaland movimentou 88,1 milhões de euros. Há quem despreze o Mundial Sub-20. Haaland foi Chuteira de Ouro do torneio em 2019. Fez nove gols. Todos na vitória da Noruega contra Honduras por 12 x 0.

A missão de hoje é a maior da carreira de Haaland. Elevar o Manchester City a outro patamar e consolidar a candidatura pessoal a número 1 do mundo na Bola de Ouro e no Fifa The Best. "Sempre sonhei em jogar a final da Liga dos Campeões e será uma honra disputá-la. Há um trabalho a fazer. Realizamos uma temporada incrível, mas temos de terminá-la da melhor maneira possível. Vamos todos dar tudo para vencer essa final. Teremos que estar no nosso melhor contra uma Inter muito boa e estamos ansiosos para entrar em campo", disse em entrevista à Uefa.

O centroavante raiz da Internazionale vem de um país marcado pela guerra. Dzeko é de uma república da extinta Iugoslávia: Bósnia e Herzegóvina. Nasceu em Sarajevo, o epicentro da desintegração. Era 1986. Havia um clima crescente de guerra civil, do separatismo consolidado pela queda do Muro de Berlim e o esfacelamento do bloco socialista no fim dos anos 1980 e início dos 1990.

Dzeko costumava jogar bola na rua. Um dia, a casa dos país dele no bairro de Brijesce, no subúrbio de Sarajevo, foi atingida por uma ofensiva sérvia. Eles tiveram de se mudar para a casa dos avós. Em 2011, a mãe de Dzeko, dona Belma contou ao Daily Mail. "Meu instinto materno salvou meu filho." Ele não estava jogando futebol na rua no dia em que a cidade foi sitiada.

O passado em Sarajevo virou tabu para Dzeko. "Minha infância é passado agora. Foi difícil, mas não fui o único a passar por isso", diz secamente. "A guerra aconteceu na Bósnia entre meus seis e 10 anos. Era difícil sair e fazer qualquer coisa ou ter uma vida normal. Mas eu era jovem. Acabou, e agora não quero mais falar muito sobre isso", pede o protagonista de 14 gols na temporada: 4 na Champions League, 9 no Italiano e 1 na Supercopa Itália. Somados, os gols de Dzeko e Lukaku são 28 na temporada. Metade dos 52 marcados por Haaland.

Jogador do City de 2011 a 2015, Dzeko ganhou cinco títulos no time inglês. Duas Premier League. Os 72 gols em 189 jogos ficaram para trás em nome do tetra da Internazionale. "Mal posso esperar para jogar. É a minha primeira final de Champions League, aos 37 anos. Pode ser a última. Quero aproveitá-la."

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