ROLAND GARROS

Inspiração além das quadras: como outros esportes ajudam Bia Haddad

Entenda como o futebol e o surfe auxiliam Bia Haddad na caminhada histórica no Grand Slam parisiense. Na manhã desta quinta-feira (8/6), a rival por uma vaga na decisão é a nº 1 do mundo, a polonesa Iga Swiatek

Danilo Queiroz
postado em 08/06/2023 06:01
 (crédito: Emmanuel Dunand/AFP)
(crédito: Emmanuel Dunand/AFP)

Passo a passo, a tenista Beatriz Haddad Maia está construindo uma história inesquecível para o Brasil em Roland Garros. Na quarta-feira (7/6), a paulista de 27 anos venceu a tunisiana Ons Jabeur, na quadra Phillippe-Chatrier, por 2 sets a 1, com parciais de 3/6, 7/6 e 6/1, e se tornou a primeira brasileira a chegar na semifinal da era aberta do Gramd Slam parisiense, em vigor desde 1968. Porém, o feito de Bia vai muito além da raquete e da bolinha e envolve, diretamente, outros esportes. Nesta quinta-feira (8/6), tem semifinal contra a polonesa Iga Swiatek.

Ontem, minutos antes de entrar em quadra para ficar entre as quatro melhores da temporada 2023 de Roland Garros, um vídeo divulgado pelo perfil oficial da competição viralizou. Nele, a brasileira apareceu fazendo embaixadinhas com uma mini bola de futebol. "Habilidades de futebol com Bia", brincou o torneio, na legenda. Porém, o adereço esportivo tem importância muito maior e remonta lembranças da infância da semifinalista.

Nos aquecimentos, a bola serve para Beatriz aprimorar o reflexo e a agilidade, recursos fundamentais no tênis de alto nível. Mas a proximidade é maior. Quando criança, enquanto aprimorava as raquetadas, a paulista praticou outros esportes no Esporte Clube Sírio de São Paulo. Ayrton Elias Maia Filho, pai da tenista, foi na contramão do vídeo de Roland Garros e brincou sobre a qualidade da filha no futebol.

"Ela teve uma vida dentro de clube. A família, todo mundo, joga tênis, é do esporte. Ela passou por tudo: jogou futebol, fez natação, judô. Ainda bem que ela era perna de pau. Com uns 8 anos, começou a se dedicar mais ao tênis e foi se destacando", contou Ayrton, em entrevista à Rádio Bandeirantes, logo após a filha dar mais um passo em direção à história. Torcedora do São Paulo, Bia Haddad não tem proximidade apenas com o esporte mais popular do Brasil. O surfe também aprimorou qualidades importantes da tenista.

Nas redes sociais, Bia compartilhou algumas aulas com a prancha em uma piscina de ondas no fim de 2021. E enumerou benefícios do esporte, demonstrados na campanha em Roland Garros neste ano: treino, respeito, humildade e superação. "Te ensina a ter 'pé no chão' e que o excesso de confiança pode ser perigoso", destacou a paulista.

Novo desafio

Em busca de repetir a final da histórica Maria Esther Bueno, em 1964, antes da era aberta de Roland Garros, Bia Haddad terá de colocar todos os atributos adquiridos com o futebol, o surfe e outras modalidades em prática. O desafio não é fácil. Nesta quinta-feira (8/6), às 11h15, a brasileira volta ao saibro da quadra Philippe-Chatrier para tentar um lugar na decisão em confronto contra a polonesa Iga Swiatek, atual número 1 do ranking da WTA (sigla de Associação de Tênis Feminino, em inglês).

O histórico geral é positivo para a brasileira. No único encontro com a polonesa, Bia venceu Swiatek, em agosto de 2022, no Aberto do Canadá. Na ocasião, o triunfo a fez ser a primeira brasileira a superar uma número 1 do mundo. Mas outros fatores apontam um duelo duríssimo em Paris.

"Ela é uma das melhores tenistas que temos. Ela é jovem e uma pessoa incrível também, além de já ter ganho em Roland Garros duas vezes. Eu vou tentar aproveitar e jogar ponto a ponto. Vou deixar tudo em quadra, não tenho nada a perder. Tentar o meu máximo, jogar o meu melhor", prometeu Bia.

A receita para o desastre em jogos contra Iga é atuar de forma passiva. A polonesa venceu 12 partidas seguidas em Roland Garros não dando chances para adversárias acuadas em quadra. Bia, entretanto, conhece os caminhos para desestabilizar o estilo de jogo de Swiatek. No confronto entre as duas, a brasileira quebrou o saque da rival com frequência e ganhou 19 break points. As devoluções precisas da adversária, porém, são um risco.

O tempo de quadra também está contra Haddad. A brasileira passou 12 horas e 55 minutos em quadra para chegar na semifinal, enquanto a polonesa tem apenas 5 horas e 32 minutos de jogo. Superar adversidades, porém, é algo padrão no jogo de Bia. Hoje, ela poderá, mais uma vez, colocar em quadra ensinamentos de outros esportes para eternizar o nome, de vez, em Roland Garros.

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