Futebol árabe

Saiba como craques impulsionam desejo da Arábia Saudita por Copa de 2030

País aposta em contratações de Cristiano Ronaldo, Benzema e Messi para alavancar candidatura tripla ao Mundial, ao lado de Marrocos e Egito, e mudar imagem diante do mundo

Danilo Queiroz
postado em 05/06/2023 06:00
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

Três movimentações bombásticas no mercado de transferências nos últimos seis meses colocaram o futebol da Arábia Saudita no centro das atenções mundiais. A chegada de Cristiano Ronaldo, ao Al-Nassr, e os possíveis acertos de Karim Benzema, com o Al-Hilal, e Lionel Messi, com o Al-Ittihad, impactam pelos valores bilionários envolvidos e a entrada dos craques em uma liga do submundo da bola. Porém, os astros carregam um papel mais complexo: servirem de embaixadores para impulsionar a candidatura árabe à Copa do Mundo de 2030.

A Arábia Saudita encabeça uma tríplice candidatura com Marrocos e Egito para abrigar o torneio daqui a sete anos. O país se inspira na trajetória do Catar e aposta no futebol para limpar uma imagem negativa marcada por acusações de violações dos direitos humanos e truculência por parte da opressora monarquia absolutista do Oriente Médio. Ronaldo, Benzema e Messi foram escolhidos como rostos para a empreitada de bombar a visibilidade da Saudi Pro League até a escolha da sede do próximo mundial, marcada para 2024, no 74º Congresso da Fifa.

Os valores envolvidos na operação são exorbitantes. Juntos, os atacantes português, francês e argentino receberiam cerca de 800 milhões de euros (R$ 4,4 bilhões) em contratos variando de um a dois anos e meio. As cifras excedem, inclusive, o valor total de mercado dos 16 clubes da Saudi Pro League, calculados pelo site Transfermarkt em 324,28 milhões de euros, ainda sem contar com a presença dos possíveis novos reforços. Além da presença nos gramados sauditas, os astros desempenhariam papéis de embaixadores da candidatura à Copa do Mundo.

Os três jogadores vão estar aposentados do futebol profissional quando o torneio de 2030 chegar. Mas, agora, são as principais peças da ofensiva saudita. A missão árabe ao praticar sportswashing — tática de utilizar o esporte como ferramenta política para melhorar a imagem do país frente ao mundo — é ter o mesmo sucesso de países como Catar e Rússia. Os cataris investiram em eventos, levaram atletas como Xavi e Zidane como embaixadores e ganharam o Mundial de 2022. Os russos também apostaram na edição de 2018 para exportar uma realidade maquiada sobre o país.

Quando Cristiano Ronaldo foi contratado, a Anistia Internacional publicou um posicionamento, principal organização voltada à proteção dos direitos humanos, pedindo para o astro português utilizar a influência mundial para abordar os problemas no país. "É muito provável que as autoridades sauditas promovam a presença dele no país a fim de distrair para o histórico terrível de direitos humanos", destacou Dana Ahmed, pesquisadora do Oriente Médio do órgão. Segundo o New York Times, a Arábia Saudita conta com um fundo de investimento público para ajudar nas operações por astros.

Ontem, Karim Benzema jogou pela última vez com a camisa do Real Madrid e marcou um gol no empate, por 1 x 1, contra o Athletic Bilbão. A expectativa é de um acerto com o futebol árabe nos próximos dias. Messi se despediu do Paris Saint-Germain, no sábado, com vaias da torcida francesa. O argentino tem investida forte do Al-Ittihad e o clube pretende evoluir no negócio amanhã. Como poucas equipes possuem cacife para bancar o milionário salário, o atual melhor do mundo deve embarcar em um desafio muito além de brilhar nos gramados.

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