O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelloti, foi denunciado ao Ministério Público da Espanha pela associação de Pequenos Acionistas de Valencia (APAVCF). Segundo o jornal L'Équipe, a queixa contra o treinador é baseada no entendimento de que Ancelloti chamou toda a torcida do clube valenciano de racista, após a partida do Madrid contra o time que resultou em ofensas contra Vinicius Jr, com intuito de "manchar a imagem" do Valencia.
Em entrevista coletiva após o jogo, em 21 de maio, o técnico criticou o comportamento dos torcedores no estádio Mestalla e a canções entoadas por eles que insultavam o brasileiro. De acordo com a associação do Valencia, Ancelloti declarou à imprensa que todo o estádio havia dirigido ofensas à Vinícius e classificou a maioria dos torcedores presentes no local como racistas.
Ancelotti fez a afirmação, mas, logo depois, se retratou e disse que não foi todo o estádio e sim apenas um grupo. "Informamos que em defesa dos acionistas, sócios e torcedores do Valencia, e face aos tristes acontecimentos ocorridos nos dias anteriores, apresentamos uma queixa contra o treinador do Real Madrid, Sr. Ancelotti, pelas declarações feitas no final do jogo", diz um trecho do documento da APAVCF enviado ao MP espanhol.
A queixa diz que o técnico “chamou de racista um estádio inteiro de 46.002 pessoas e repassou falsas acusações, talvez intencionalmente. [...] Consequentemente, o clube de Valência viu sua imagem manchada".
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Ato desumano
Na partida realizada entre Valencia e Real Madrid, em 21 de maio, o brasileiro Vinícius Jr. foi vítima de racismo por torcedores valencianos. Nas imagens, é possível constatar pessoas que o xingam de "macaco". O jogo foi paralisado por cerca de oito minutos e, posteriormente, o jogador foi expulso ao se envolver em confusão dentro de campo.
Ainda em campo, o jogador se dirigiu à parte da torcida do Valencia e apontou para torcedores que o insultavam. O árbitro paralisou o jogo e o sistema de som avisou que o jogo só seria retomado se as ofensas parassem. Vini, então, sinalizou que retornaria à partida e o jogo prosseguiu, quando a polícia compareceu ao local das ofensas.
Nas redes sociais, o brasileiro se posicionou. "A cada rodada fora de casa uma surpresa desagradável. E foram muitas nessa temporada. Desejos de morte, boneco enforcado, muitos gritos criminosos... Tudo registrado", lembra. Mas o discurso sempre cai em 'casos isolados', 'um torcedor'. Não são casos isolados. São episódios contínuos espalhados por várias cidades da Espanha (e até em um programa de televisão", desabafa o atacante do Real Madrid.
"As provas estão aí no vídeo. Agora, pergunto: quantos desses racistas tiveram nomes e fotos expostos em sites? Eu respondo pra facilitar: zero. Nenhum pra contar uma história triste ou pedir aquelas falsas desculpas públicas", rebateu Vini Jr, em seu perfil no Instagram.
Polícia prende torcedores
Dois dias após as cenas de racismo no estádio, a polícia espanhola prendeu sete torcedores suspeitos de estarem envolvidos nas ofensas. Deste total, no entanto, três foram liberadas no mesmo dia, 23 de maio, após prestarem depoimento à polícia
De acordo com a corporação, quatro delas estão envolvidas com o enforcamento de um boneco com a camiseta do atleta em uma ponte de Madrid, em janeiro, e as outras três dispararam as ofensas ouvidas no estádio no último domingo. Todos são homens de origem espanhola.
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