A Internazionale entrou em campo nesta quarta-feira (10/5), em uma edição especial do Derby della Madonnina, frente ao Milan, pelo jogo de ida das semifinais da Liga dos Campeões da Europa. Ciente disso, e sem se abater com a pressão como visitante no Estádio San Siro, os nerazurri venceram por 2 x 0, em gols ainda no primeiro tempo.
Mamma mia! Que manual de jogar um clássico a Inter editou! Intensidade, força, persistência e zero acomodação fizeram um placar favorável ser construído em dez minutos e colocar o arquirrival entre as cordas, sendo um duelo dos sonhos para a parte azul de Milão. Com o placar, os mandantes na próxima terça-feira (16/5), no mesmo San Siro — Giuseppe Meazza pela conveniência do mandante — podem perder por um gol que ainda assim seguem para a final da Champions, em Istambul, na Turquia, no dia 10 de junho.
O jogo
Como não podia ser diferente, o duelo começou com um jogo bastante físico e faltoso. A Inter tinha mais a bola em um primeiro momento, errando passes devido à forte marcação rival, mas indicando a primeira iniciativa no confronto. Na bola parada, veio a chance inicial e um surpreendente gol — golaço, melhor dizendo — aos sete minutos, Hakan cruzou aberto e Edin Dzeko antecipou Davide Calabria, pegando de primeira, sem chances para Mike Maignan, calando os 70 mil milanistas e fazendo os cinco mil interistas vibrarem.
Claramente sentido pelo primeiro golpe, os rubro-negros cederam rapidamente à segunda unidade no placar, três minutos depois. Federico Dimarco cruzou rasteiro, desde a esquerda, Lautaro Martínez fez um corta-luz e Henrikh Mkhitaryan antecipou Sandro Tonali, entrou pelo meio da área, chutou por cima do goleiro e ampliou a conta.
Com um arquirrival atordoado em campo, os nerazzurri quase transformaram o clássico em goleada aos 15, em bomba de Calhanoglu de fora da área, explodindo contra a trave. Na sequência, Mkhitaryan teve chance de colocar a bola na rede, mas parou em Maignan, com o rebote desperdiçado por Nicolò Barella. O estranho começo fez Stefano Pioli mexer no time em seguida, trocando Ismael Bennacer pelo brasileiro Júnior Messias.
Seguido ao começo arrasador, o time de Simone Inzaghi cedeu a bola ao adversário e manteve o excelente nível defensivo, impedindo a presença de jogo na própria intermediária. Com isso, mesmo sem a bola, pela pouca criatividade rossonera, os visitantes no San Siro eram mais perigosos. A torcida local estava inteiramente nervosa, seja pelos erros de passe do próprio time, como pela pouca rigidez do árbitro Jesús Gil Manzano.
Aos 28 minutos, a transmissão oficial mostrou o atacante português Rafael Leão reagindo à partida, decepcionado pela ausência por lesão na coxa direita. De fato, a falta de um homem de velocidade como o desfalque milanista tirava boa chance de levar perigo em um dérbi difícil como nesta circunstância. No minuto seguinte, Calabria recebeu passe de Junior Messias e chutou na rede, pelo lado de fora, na primeira tentativa à meta dos mandantes.
Com meia hora, Lautaro Martínez teve chance de contra-ataque e simulou pênalti contra Simon Kjaer. O árbitro acreditou no argentino e marcou a falta no primeiro olhar, decidindo reverter a decisão após ser chamado pelo VAR. Martínez teve chance de fora da área, dois minutos depois. Nos dez minutos finais, a Inter decidiu pela mesma pressão inicial, mantendo o estado de choque dos rivais, tanto no campo quanto nas arquibancadas, apesar de um ensaio de pressão nos últimos instantes da primeira etapa.
O segundo tempo começou com um Milan mais disposto a atacar, sobretudo pela condição do placar. Aos três minutos, Brahim Díaz foi o primeiro a testar, em disparo frontal, de fora da área, perto da meta de Andre Onana, quem atuou pela primeira vez no duelo, apesar de não ter pego na bola. Em seguida, Junior Messias recebeu excelente passe de Tonali e finalizou mal, longe do arco, mas comprovando a intenção de reação rubro-negra no compromisso em casa.
A reação interista parou em um milagre de Maignan, aos sete. Dzeko recebeu excelente passe de Alessandro Bastoni e parou no pé do guarda-metas francês, em grande reflexo. Mais pacientes, os milanistas eram mais agudos territorialmente, mas esbarravam sempre na implacável concentração defensiva dos rivais, fórmula fundamental para a campanha executada até aqui. Para reforçar a retaguarda, Inzaghi mexeu no meio-campo, tirou Mkhitaryan e colocou Marcelo Brozovic: um armador por um volante.
Na rodada de substituições, Divock Origi foi uma das novidades no Milan, e com ele começou a maior chance clara dos locais até então. Aos 17, o belga evoluiu pela esquerda, a bola passou, na área, pelos pés de Brahim Díaz e por um apagado Olivier Giroud, até chegar em Tonali, que explodiu a trave esquerda de Onana, mantendo o resultado.
A metade do segundo tempo, para gosto da Inter, teve uma queda na temperatura do jogo, com os rivais ainda ineficazes e esbarrando em uma defesa praticamente imbatível. A arma secreta dos nerazzurri saiu do banco para também participar do dérbi, aos 28, organizando boa jogada pela esquerda e, ainda que tenha errado o cruzamento, causou uma boa chance de Matteo Darmian, desviada na defesa após uma roubada de bola de Lautaro Martínez na área de ataque.
Inteiramente tímido no jogo, o Milan chegaria mais uma vez em chute desviado e fraco de Júnior Messias, fácil para Onana, representando bem o resultado da tentativa de reação a uma Internazionale tão arrasadora, dona e senhora desta edição do clássico. A noite milanesa termina em pizza, certamente, para 50% da cidade.
Ficha técnica:
LIGA DOS CAMPEÕES DA EUROPA
Semifinal - Jogo de ida
Milan 0 x 2 Internazionale
Estádio San Siro, Milão, Catar
Milan
Maignan; Calabria (Kalulu), Kjaer (Thiaw), Tomori e Theo Hernández; Tonali, Bennacer (Júnior Messias), Krunic, Saelemaekers (Origi) e Brahim Díaz (Pobega); Giroud
Técnico: Stefano Pioli
Internazionale
Onana; Darmian, Acerbi e Bastoni; Dumfries, Calhanoglu (Gagliardini), Barella, Mkhitaryan (Brozovic) e Dimarco (Dimarco); Dzeko (Lukaku) e Lautaro Martínez (Correa)
Técnico: Simone Inzaghi
Gols: Dzeko, aos sete, e Mkhitaryan, aos 10 minutos do 1º tempo (Inter)
Cartões amarelos: Krunic e Tomori (Milan); Mkhitaryan (Inter)
Arbitragem: Jesús Gil Manzano (Espanha)
* Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima