Alguns dos principais clubes da Série A do Campeonato Brasileiro tomaram medidas importantes diante da escalada de jogadores suspeitos de envolvimento com quadrilhas que obtinham ganhos financeiros em sites de apostas. Deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), a Operação Penalidade Máxima tornou réus 16 pessoas. A apuração indica fraudes em 13 partidas: oito do Brasileirão 2022, um da Série B 2022 e quatro de campeonatos estaduais de 2023.
Os casos analisados envolvem apostas não apenas de resultados, mas também de pontos particulares da partida, como cartões amarelos e vermelhos, além de pênaltis. A seguir, o Correio lista quem são os seis boleiros afastados pelos clubes até o momento. Apesar de citados em conversas de apostadores, alguns atletas não são, necessariamente, tratados como investigados ou suspeitos na apuração do MP-GO.
Eduardo Bauermann (Santos)
O primeiro jogador a ser escanteado por clube diante do escândalo foi Eduardo Bauermann, na última terça-feira (9/5). O zagueiro do Santos está impossibilitado de defender o Peixe no Brasileirão, Copa do Brasil e Copa Sul-Americana. Ele teria envolvimento direto com manipulações em duas partidas. Em 5 de novembro de 2022, teria recebido R$ 50.000 mil adiantado para tomar um cartão amarelo na partida contra o Avaí. O fato não aconteceu.
Cinco dias depois, contra o Botafogo, se comprometeu com os aliciadores a levar um cartão vermelho. Novamente, sem sucesso com a bola rolando. A advertência veio após o apito final, por reclamação excessiva. Isso, porém, é desconsiderado por parte das casas de apostas. Bauermann teve o celular apreendido e mensagens com um dos manipuladores foi interceptada. O beque feriu o Artigo 41-C do Estatuto do Torcedor, com pena que varia de reclusão de dois a seis anos, além de multa.
Vitor Mendes (Fluminense)
O Fluminense seguiu o mesmo caminho que o Santos e afastou preventivamente o zagueiro Vitor Mendes na madrugada desta quarta-feira (10/5). O nome do defensor não consta na denúncia Ministério Público à Justiça, mas é citado nas conversas analisadas pela investigação. O envolvimento dele seria com a camisa do Juventude, quando tomou um cartão amarelo contra o Fortaleza, em 17 de setembro, de 2022. Para isso, teria obtido a vantagem indevida de R$ 35 mil.
Richard (Cruzeiro)
Emprestado pelo Ceará ao Cruzeiro, o meio-campista Richard também é alvo e sentiu na pele o peso do suposto envolvimento no escândalo das apostas. Vivendo novos tempos sob a direção de Ronaldo Fenômeno, a Raposa comunicou o afastamento do jogador de 29 anos na manhã desta quarta-feira (10/5), embora não tenha o nome dele não conste na denúncia do MP-GO. Assim como Vitor Mendes, Richard é observado de perto por levar cartão amarelo na partida contra o Cuiabá, em 16 de outubro. Ele teria lucrado R$ 40 mil com a ação.
Pedrinho (Athletico-PR)
O lateral-esquerdo Pedrinho, do Athletico-PR, não é oficialmente investigado, mas está fora dos planos do clube neste período. Também é possível observar a presença do nome do atleta nas conversas apuradas. Assim como os “companheiros”, foi aliciado para tomar um cartão amarelo na partida contra o Cuiabá, também pelo Brasileirão 2022. O Furacão ressaltou, nesta quarta-feira, que Pedrinho ficará fora de ação até que os fatos sejam esclarecidos. Ele seria um dos titulares na partida contra o Internacional, às 19h, no Estádio Beira-Rio.
Bryan Garcia (Athletico-PR)
Horas após o comunicado sobre Pedrinho, o rubro-negro paranaense comunicou o afastamento do equatoriano Bryan Garcia. O meio-campista tem o nome disponível em uma das planilhas dos manipuladores, divulgada inicialmente pelo jornal O Globo e analisada pelo Ministério Público de Goiás. Ele estava concentrado com o elenco para o compromisso em Porto Alegre, mas foi dispensado.
Nino Paraíba
Outro jogador citado nas investigações da Operação Penalidade Máxima a ser afastado foi o lateral-direito Nino Paraíba, atualmente no América-MG. Em 2022, o jogador vestia a camisa do Ceará e foi citado em um dos prints de conversas entre os manipuladores. A partida citada foi contra o Cuiabá, onde o camisa dois, de fato, recebeu um cartão amarelo após falta forte. Em nota, o Coelho garantiu atenção nos desdobramentos das investigações.
Alef Manga
Camisa 11 do Coritiba, Alef Manga vive a mesma situação de outros colegados por ter sido citado em conversas de manipuladores de resultados. As mensagens tratam de uma aposta múltipla realizada em setembro de 2022. A assessoria de imprensa do jogador negou qualquer envolvimento dele com esquemas de adulteramento de apostas. Ele, inclusive, colocou a conta bancária à disposição da diretoria do Coxa e, inicialmente, fica fora apenas do jogo contra o Vasco, na quinta-feira (11/5).
Jesús Trindade
Na mesma decisão de Alef Manga, o Coritiba também afastou dos trabalhos com o elenco o meio-campista uruguaio Jesús Trindade. Assim como o atacante, a decisão é preventiva e vale apenas para o jogo contra o Vasco, na quinta-feira (11/5). O jogador foi citado em uma conversa entre a quadrilha adulteradora de resultado.
Afastamento na Série C
Os posicionamentos rigorosos dos clubes não se restringe à Série A do Campeonato Brasileiro. Também houve afastamento na terceira divisão nacional. O volante Fernando Neto, do São Bernardo, está fora das atividades do clube paulista por conta do suposto envolvimento no esquema quando atuava pelo Operário-PR. Ele teria aceitado a oferta de R$ 500 mil para ser expulso na partida contra o Sport, em 20 de outubro de 2022, pela Série B.
Fernando Neto teria recebido R$ 40 mil antes da partida, mas, como não cumpriu o acordo com os aliciadores, não obteve o complemento do valor. Assim como Eduardo Bauermann, o volante é um dos sete investigados pela Operação Penalidade Máxima.