Paraibanos, pouco conhecidos do torcedor brasileiro durante parte da carreira, trajetória pessoal moldada à base da perseverança, passagens importantes, com direito a idolatria, pelo Porto e, agora, destaques em um jogo de alto nível da Série A do Campeonato Brasileiro. Principais nomes do encontro entre Botafogo e Atlético-MG, às 18h30, no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, pela quarta rodada da competição de elite do país, os atacantes Tiquinho Soares e Hulk compartilham muitas semelhanças na vida e na carreira. Hoje, agregam a caminhada com o primeiro enfrentamento pessoal em território nacional.
Ídolo recente com conquistas com a camisa do Galo, Hulk nasceu em Campina Grande, em 1986. Quase cinco anos depois, em 1991, Tiquinho Soares, atual referência ofensiva do Glorioso, veio ao mundo em Sousa. As cidades são separadas por cerca de 300km de distância. Porém, o destino traçou um caminho muito mais próximo para os dois jogadores. Antes de vencerem no futebol, os principais jogadores dos elencos de Atlético-MG e Botafogo conciliaram a infância com trabalhos braçais. O objetivo era ajudar na sobrevivência da família.
"Uns têm história difícil. Outros, boas. Eu nasci no interior da Paraíba, meu pai era pedreiro e minha mãe ficava em casa. Eu vendi sacolé, trabalhei como servente de pedreiro e também em matadouro. Eu me orgulho muito. Todas essas batalhas que passei só me deram força para nunca desistir", contou Tiquinho, tão logo foi apresentado pelo Botafogo. "Eu diariamente coloco meu joelho no chão e agradeço a Deus por tudo o que me proporcionou na minha vida. Não no lado financeiro, mas o profissional, pessoal. Isso me ajudou bastante, principalmente para aprender a valorizar as coisas da vida", pontuou Hulk, em entrevista no ano passado.
Assim como vários atletas que tentam a sorte com a bola aos pés, Tiquinho e Hulk tiveram pouco sucesso no Brasil quando começaram a jogar. O botafoguense rodou por vários clubes menores, enquanto o atleticano saiu cedo do país. Porém, os atacantes se encontraram atuando em Portugal e com a mesma camisa. O atual número sete do Galo se destacou no Porto entre 2008 e 2012. De 2017 a 2020, o nove do Botafogo defendeu a equipe portuguesa com sucesso. Os gols e as boas atuações em terras lusitanas renderam aos jogadores não só o status de ídolos, mas o início da visibilidade no Brasil, mesmo atuando longe do futebol daqui.
As caminhadas bastante semelhantes no mundo da bola, inclusive, renderam comparações em Portugal. Os portistas destacavam, principalmente, as características semelhantes na finalização apurada e o talento no jogo físico. Tiquinho Soares chegou chamado de "novo Hulk" na Europa. O desempenho do agora botafoguense chegou a chamar a atenção da Seleção Brasileira. Ele foi observado, mas a convocação não veio. O atleticano chegou a jogar a Copa do Mundo de 2014. A trajetória dos conterrâneos seguiu parecida e quase se chocou no futebol chinês. Os brasileiros jogaram na Ásia em 2020, mas não tiveram a chance de um enfrentamento pessoal.
Agora, a hora chegou em um confronto importante para a largada inicial de Botafogo e Atlético-MG no Brasileirão. O alvinegro carioca defende a liderança do torneio nacional e conta com os gols de Tiquinho Soares — artilheiro da largada do torneio nacional com três gols e eleito o melhor jogador do mês de abril pela CBF — para cumprir o objetivo. O Galo venceu a primeira apenas na rodada anterior e contou, justamente, com brilho de Hulk, autor dos dois gols do triunfo contra o Athletico-PR.
No caminho dos dois jogadores entre os primeiros chutes na bola em cidades paraibanas até a chegada ao Nilton Santos para a partida de hoje, os craques de Botafogo e Atlético-MG carregaram muitos pontos em comum. Quando vestirem as camisas dos alvinegros carioca e mineiro, terão outra missão conjunta na trajetória: servirem de referência em campo para que os alvinegros carioca e mineiro encontrem os meios para concretizarem o objetivo da vitória.