Há tempos o voleibol brasileiro tem um cenário de domínio praticamente absoluto de times mineiros. Hoje, às 10h, a dinastia do pão de queijo terá mais um capítulo, desta vez na Superliga Feminina. Pela quarta temporada consecutiva, Praia Clube e Minas Tênis Clube entram em quadra para decidirem quem vai levar o troféu da competição mais importante do calendário nacional. O confronto opõe não só as duas melhores equipes do país, mas uma legião de estrelas, com direito a medalhistas olímpicas e mundiais dos dois lados da quadra do ginásio Sabiazinho, em Uberlândia.
Desde a primeira fase, os dois rivais deram mostras da tendência de chegarem até à decisão. Atual tricampeão nacional, o Minas fez uma etapa de classificação segura e avançou com a terceira melhor campanha. No mata-mata de semifinal, fez valer a força da tradição e tirou o Osasco com duas vitórias na melhor de três, dispensando, inclusive, o terceiro jogo. Líder geral, o Praia Clube teve uma trajetória mais complicada para despachar o Flamengo. Após perder o primeiro confronto, ganhou os outros dois para garantir lugar em mais uma decisão.
Enfrentar o Minas em jogo valendo troféu, porém, é um fantasma antigo para o Praia Clube. A agremiação de Uberlândia pegou o time da capital Belo Horizonte nas finais de 2018/2018, 2020/2021 e 2021/2022. Amargou o vice em todas. A última delas, inclusive, teve os dois jogos derradeiros realizados no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. O segundo deles reuniu mais de nove mil torcedores nas arquibancadas. Na visão de analistas, mesmo com a melhor campanha geral, o Praia desponta como azarão na final contra o maior rival.
O sistema de disputa deste ano, porém, pode fazer total diferença na definição do campeão. A decisão em partida única foi a grande novidade implementada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) na temporada 2022/2023 da Superliga Feminina. Assim, quem estiver melhor em quadra no jogo de hoje tem tudo para abocanhar a taça da elite nacional. Os seis mil ingressos disponíveis para o clássico no ginásio Sabiazinho, inclusive, foram vendidos de forma antecipada. Assim, o time de Uberlândia espera fazer valer o fator casa na base do grito da torcida.
Para levar a melhor, o Praia Clube aposta, principalmente, na eficiência da central Carol, vice-campeã olímpica. O grupo ainda potência da oposta Tainara, vice-campeã mundial, a força da dominicana Martinez e a versatilidade da ponteira/oposta holandesa Anne Buijs. No quesito talento, o Minas não fica atrás. O time de Belo Horizonte conta com os serviços da bicampeã olímpica Thaisa e de vários destaques da nova geração do voleibol brasileiro, como a oposta Kisy, a central Julia Kudiess e a líbero Nyeme, além das ponteiras Peña e Pri Daroit.
"Estamos preparadas e queremos muito esse título. Trabalhamos bastante para colocar o time do Minas em dificuldades. É bom estar em mais uma final de Superliga e queremos trazer esse título para Uberlândia", ressaltou Carol. O Praia, inclusive, aposta em uma arma para vencer. "O saque é importante. Isso vem muito de uma passagem tática que o Paulo Coco (técnico) pede. Quanto mais conseguirmos ser incisivas e diminuir o número de erros, melhor para o sistema de bloqueio e para onde levamos vantagem, que é o poderio de ataque", avaliou a central, a segunda atleta com pontos de bloqueio (84) e a no saque (22).
Curiosamente, o Minas aposta nos mesmos triunfos. Muito por Thaisa, quarta com mais pontos de bloqueio (73) e quarta no saque (24) durante a Superliga. "O meu saque melhorou nessa temporada, com mais regularidade. Eu sempre fui mais atacante e acho que me reinventei. O saque é uma arma porque tudo começa nele e todo o time precisa fazer bem", pontuou. "Vai ser uma final muito difícil. Sabemos que o favoritismo é do Praia, mas estamos fortes para fazer uma grande final", garantiu.