Jornal Correio Braziliense

Libertadores

Maior desafio de Luxemburgo é pacificar um Corinthians em ebulição

O contrato com o Corinthians vai até dezembro. Luxemburgo não era a primeira opção

Vanderlei Luxemburgo é o novo técnico do Corinthians. Um ano e cinco meses depois de comandar um time pela última vez na passagem pelo Cruzeiro em 2021, o profissional de 70 anos — completará 71 no próximo dia 10 — está de volta ao batente para assumir a prancheta deixada por Cuca. Recordista de títulos paulistas (9) e brasileiros (5), o treinador estava afastado do futebol desde a saída do Cruzeiro, quando Ronaldo tornou-se sócio majoritário da SAF do clube mineiro e o dispensou. No ano passado, aventurou-se como candidato a senador por Tocantins e teve a inscrição removida pelo PSB. A estratégia surpreendeu até mesmo o então pré-candidato. Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas, que assumiu o lugar dele.

O contrato com o Corinthians vai até dezembro. Luxemburgo não era a primeira opção. A diretoria tentou Tite, Mano Menezes, Juan Pablo Vojvoda e Roger Machado. O professor comandou o treino de ontem e hoje, às 21h, estreará contra o Independiente del Valle, atual campeão da Sul-Americana e da Recopa, na Neo Química Arena, em Itaquera. O Timão tem três pontos em duas partidas ao lado do adversário equatoriano e ocupa a vice-liderança no Grupo E atrás do Argentinos Juniors.

É a terceira passagem de Luxemburgo pelo cargo. Em 1998, acumulou as funções de técnico do Corinthians e da Seleção Brasileira. Levou o Timão ao título do Brasileirão e pediu para sair a fim de se dedicar exclusivamente ao emprego na CBF. Retornou ao clube para conquistar o Paulistão em 2001. No mesmo ano, foi vice da Copa do Brasil em uma decisão duríssima contra o Grêmio de Tite.

O último título de Luxemburgo faz dois anos. Levou o Palmeiras à conquista do Paulistão justamente contra o Corinthians em uma decisão por pênaltis no Allianz Parque. O trabalho não engrenou no Brasileirão e ele perdeu o emprego para a chegada do português Abel Ferreira. Uma das sacadas de Luxa foi o olhar para as divisões de base. Deu moral aos volantes Danilo, Gabriel Menino e Patrik de Paula. O técnico retomará a carreira justamente em um torneio que jamais ganhou: a Libertadores. Luxemburgo nem sequer alcançou uma final da principal competição do continente na carreira.

Polêmicas

Luxemburgo coleciona algumas polêmicas na carreira. Em 1996, foi acusado de assédio sexual por Claudia Laudineide Machado Cavalcante. A manicure afirmou que ele a recebeu no quarto do hotel, em Americana (SP), onde o Palmeiras estava concentrado, enrolado em uma toalha. Ele rebateu afirmando que usava o agasalho do time alviverde. A Justiça aceitou a denúncia de Claudia Ludineide, mas o técnico foi inocentado em novembro de 1997. O veredicto só saiu em outubro de 1998.

Em março de 2012, Luxemburgo foi considerado inelegível pela Justiça de Tocantins por ter falsificado o endereço para ser eleitor pelo Estado. A decisão do juiz eleitoral Gilson Coelho, da 29ª Zona Eleitoral, tornou o treinador inelegível por oito anos. À época, Luxemburgo havia sido acusado de tentar se inscrever irregularmente como eleitor, em Palmas. Apresentou comprovante de endereço de um local em que jamais havia residido.

Na CPI do Futebol, foi acusado pela estudante de direito Renata Alves de ter sonegado impostos e obtido lucro com a valorização de jogadores de futebol. O relatório final da investigação revelou que Luxa tinha rendimentos maiores do que os salários nos clubes e na Seleção. À época, a apuração comprovou a diferença entre o dinheiro movimentado por ele e o declarado à Receita Federal. Em um depoimento na mesma investigação, admitiu ter usado documentos falsos e atuado com data de nascimento três anos mais velha do que a original impressa na carteira de identidade.

Em 2011, Luxemburgo foi acusado de homofobia e condenado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a pagar indenização de R$ 50 mil por ofender o juiz de futebol Rodrigo Martins Cintra em um clássico paulista entre Santos e São Paulo pelo Estadual. O treinador insinuou que o juiz era gay e o teria paquerado. "Ele (árbitro) apitava e olhava pra mim em toda falta que marcava. Ele não parava de olhar. Eu não sou veado. Talvez seja pela minha camisa (rosa)", disparou à época.

Rodrigo Cintra se defendeu. "Minha mãe, no Rio de Janeiro, sofre de pressão alta e passou mal. Minha mulher e companheiros de academia também ficaram indignados", contra-atacou o então juiz.