Vanderlei Luxemburgo é o novo técnico do Corinthians. Dois anos depois de comandar um time pela última vez na passagem pelo Cruzeiro em 2021, o profissional de 70 anos está de volta ao batente para assumir a prancheta deixada por Cuca. Recordista de títulos paulistas (9) e brasileiros (5), o treinador estava afastado do futebol. No ano passado, aventurou-se como candidato a senador por Tocantins, teve a inscrição removida pelo PSB. A estratégia surpreendeu até mesmo o então pré-candidato. Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas, assumiu o lugar dele.
"Quando a mudança começou a ser cogitada, não houve diálogo, houve pressão. Durante as últimas semanas fui instigado a declinar da candidatura, mudar para deputado federal e inclusive, abrir mão do fundo eleitoral. Não fui convidado a participar dos diálogos e fui isolado pela presidência. Deixo bem claro a todos que não tenho apego ao cargo de senador. Não haveria nenhum problema em ser candidato a outra vaga, como deputado federal, por exemplo, caso houvesse uma construção coletiva para tal", afirmou Luxemburgo em comunicado à imprensa.
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O contrato com o Corinthians vai até dezembro. Luxemburgo não era a primeira opção. A diretoria tentou Tite, Mano Menezes e Roger Machado, mas não conseguiu êxito nas negociações. Antes da derrota para o Palmeiras no sábado, circulou a informação de que o acerto com Roger estava encaminhado, mas isso não se confirmou. Na manhã desta segunda, Luxemburgo se reuniu com o Corinthians e topou retornar ao clube paulista. Ele comandará o treino de hoje e amanhã estreará contra o Independiente del Valle, atual campeão da Sul-Americana e da Recopa, na Neo Química Arena, em Itaquera.
É a terceira passagem de Luxemburgo pelo cargo. Em 1998, acumulou as funções de técnico do Corinthians e da Seleção Brasileira. Levou o Timão ao título do Brasileirão e pediu para sair a fim de se dedicar exclusivamente ao emprego na Confederação Brasileira de Futebol. Retornou ao clube para conquistar o Paulistão em 2001, e foi vice da Copa do Brasil em uma decisão duríssima contra o Grêmio de Tite.
O último título de Luxemburgo faz dois anos. Levou o Palmeiras à conquista do Paulistão justamente contra o Corinthians em uma decisão por pênaltis no Allianz Parque. O trabalho não engrenou no Brasileirão e ele foi demitido para a chegada do português Abel Ferreira. Um dos legados de Luxa foi o olhar para as divisões de base. Deu moral, or exemplo, aos volantes Danilo, Gabriel Menino e Patrik de Paula. O técnico retomará a carreira justamente em um torneio que jamais ganhou: a Libertadores. Ele nem sequer decidiu título do torneio continental.
O treinador coleciona algumas polêmicas na carreira. Em 1996, Luxemburgo foi acusado de assédio sexual por Claudia Laudineide Machado Cavalcante. A manicure afirmou que ele a recebeu no quarto do hotel, em Americana (SP), onde o Palmeiras estava concentrado, enrolado apenas em uma toalha. Ele rebateu afirmando que usava o agasalho do time alviverde. A Justiça aceitou a denúncia de Claudia Ludineide, mas o técnico foi inocentado em novembro de 1997. O veredicto só saiu em outubro de 1998.
POLÊMICAS
Em março de 2012, Luxemburgo foi considerado inelegível pela Justiça de Tocantins por ter falsificado o endereço para ser eleitor pelo Estado. A decisão do juiz eleitoral Gilson Coelho, da 29ª Zona Eleitoral, torneou o treinador inelegível por oito anos. À época, Luxemburgo havia sido acusado de tentar se inscrever irregularmente eleitor, em Palmas. Apresentou comprovante de endereço de um local em que jamais havia residido.
Na CPI do Futebol, foi acusado pela estudante de direito Renata Alves de ter sonegado impostos e de ter obtido lucro com a valorização de jogadores de futebol. O relatório final da investigação revelou que ele tinha rendimentos maiores do que os salários nos clubes e na Seleção. À época, a apuração comprovou a diferença entre o dinheiro movimentado por ele e o declarado à Receita Federal. Em um depoimento na mesma investigação, admitiu ter usado documentos falsos e atuado com data de nascimento três anos mais velha do que a original impressa na carteira de identidade.
Em 2011, Luxemburgo foi acusado de homofobia e condenado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a pagar indenização de R$ 50 mil por ofender o juiz de futebol Rodrigo Martins Cintra em um clássico paulista entre Santos e São Paulo pelo Estadual. O treinador insinuou que o juiz era gay e o teria paquerado. "Ele (árbitro) apitava e olhava pra mim em toda falta que marcava. Ele não parava de olhar. Eu não sou veado. Talvez seja pela minha camisa (rosa)", disparou à época.
Rodrigo Cintra se defendeu. "Minha mãe, no Rio de Janeiro, sofre de pressão alta e passou mal. Minha mulher e companheiros de academia também ficaram indignados", contra-atacou o então juiz.