Na cerimônia mais badalada de um presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva em 17 anos segundo os burburinhos entre os presentes na antessala no auditório do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Setor de Autarquias Sul, o brasiliense José Perdiz de Jesus, 60 anos, assumiu a cadeira principal do STJD. Herdeiro de José de Jesus Filho, ex-ministro do STJ e ex-ministro interino da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, ele assume a cadeira principal no lugar de Otávio Noronha. O evento aconteceu no primeiro do Jurisports Brasília, um congresso sobre Direito Desportivo organizado pela Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD).
O prestígio da posse era notada no desembarque de figurões em veículos luxuosos na porta e garagem da OAB. O governador do DF Ibaneis Rocha marcou presença. Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, veio a Brasília somente para isso. A ministra do Esporte, Ana Moser, estava lá. O ex-presidente do Flamengo e hoje deputado federal Eduardo Bandeira de Mello deu o ar da graça. Antes do início do evento, Otávio Noronha brincou que foi difícil acomodar todo mundo nas cadeiras disponíveis no palco. Até desembargadores disputaram espaço.
Ednaldo Rodrigues foi ao evento com a tropa de choque. Havia mais de 20 presidentes de federação no pequeno auditório. Entre eles, o do DF, Daniel Vasconcelos, e o de São Paulo, Reinaldo Carneiro Bastos e o fiel escudeiro, o ex-volante Mauro Silva, campeão da Copa de 1994 nos Estados Unidos. Faltou tempo para tantos discursos no microfone.
José Perdiz de Jesus assume o STJD em um momento crítico. Imerso em um esquema de manipulação de resultados deflagrado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), o futebol brasileiro tem o tribunal como aliado em defesa da integridade no esporte mais popular do país. A corrupção é investigada pela Polícia Federal e a Câmara dos Deputados instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para tratar do assunto.
O futebol brasileiro também vive uma cruzada contra outras versões de preconceito, como a homofobia. Há duas semanas, torcedores do Corinthians provocaram o São Paulo na Neo Química Arena e abriram discussão sobre eventuais punições ao clube alvinegro.
"Vou cumprir a minha função de maneira transparente, honesta e de forma ética", discursou José Perdiz de Jesus. "Posso afirmar que esse tribunal está plenamente preparado para enfrentar todos os problemas que desafiam a instituição futebol neste momento. Apresentaremos de forma eficaz respostas jurídicas efetivas", prometeu.
José Perdiz citou casos de manipulação na Inglaterra, na França, na Alemanha, na Itália, Espanha, Portugal e Gana para citar que chegou a vez de o Brasil lutar novamente contra as fraudes depois do escândalo das loterias nos anos 1980 e da Máfia do Apito, em 2005.
Ele também fez pacto pelo combate ao preconceito ao citar a injúria racial contra Vinicius Junior no Campeonato Espanhol. "É preciso encarar o racismo como o absurdo fenômeno social que é e tem reverberado no esporte de diversas formas: explícito, estrutural e em forma de piadas que não causam diversão. Não nos negligenciaremos", afirmou. "O racismo também acontece nos nossos estádios e não são esporádicos", lembrou, citando, ainda, a xenofobia, a violência psicológica e a violência nos estádios.
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