Futebol europeu

De ideologia fascista, ultras do Valencia insultaram Vinicius Junior

Sucessores da Curva Nord, outra torcida extremista, grupo de organizados tem líder declaradamente fascista e foram apontados pelo atacante do Real Madrid após proferirem termos de ódio

Paulo Martins*
postado em 22/05/2023 16:50 / atualizado em 22/05/2023 16:51
Torcida que ofenderia Vinicius Junior com ofensas racistas nos instantes finais do jogo celebra o gol do triunfo frente ao Real Madrid -  (crédito: AFP)
Torcida que ofenderia Vinicius Junior com ofensas racistas nos instantes finais do jogo celebra o gol do triunfo frente ao Real Madrid - (crédito: AFP)

O futebol convive com mais um caso latente de intolerância, após os insultos racistas contra Vinicius Junior, na derrota do Real Madrid para o Valencia, por 1 x 0, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol, no último domingo (21/5). Os gritos contra o brasileiro aconteceram nos instantes finais, enquanto da expulsão por parte do árbitro Ricardo de Burgos Bengoetxea, que havia relatado, minutos antes, palavras do mesmo cunho contra o atleta merengue, sem interferir no fato.

O próprio jogador apontou quem proferia as palavras ofensivas contra ele, talvez sem saber sobre a torcida que o atacava. Fundada em 1983 e em um dos palcos mais quentes de rivalidade do futebol espanhol, a Ultra Yomus é a herdeira da Curva Nord, maior grupo organizado atrás da meta norte do Estádio Mestalla, casa dos Morcegos.

A introdução destes torcedores se deu de forma oficial em 2019, logo após a interrupção da diretoria valenciana da entrada da Curva Nord às arquibancadas. Entretanto, de forma ilegal, o braço-direito dos adeptos radicais seguiu a entrar e a atuar pelo time, incluindo os protestos contra as diretorias e o dono do clube, o empresário Peter Lim.

Em janeiro de 2023, um caso curioso saiu à tona. O líder da Yomus, Ramón Castro, apelidado como “Levis”, teve conversa direta com o então técnico do time, Gennaro Gattuso. O episódio ocorreu quando da chegada do time ao Aeroporto de Manises, seguida da derrota no último minuto para o Real Valladolid.

Na conta oficial do grupo no Twitter, uma breve parte da conversa foi registrada em vídeo. “Hoje recebemos a equipe para expressar o nosso apoio. Nós estaremos sempre ao lado do time, mas também esperamos da sua parte que coloquem vontade e não arrastem nosso escudo. Estaremos com nossas cores sempre”, disse a legenda do registro.

No dia anterior, uma postagem falava sobre 'próximos passos’: “Estão manchando o nome de um time histórico. Não podemos consentir que nos dividam, devemos estar todos unidos e lutando por um mesmo fim, de libertar nosso time das mãos de pessoas mercenárias”.

O comandante ultra tem antecedentes criminais no histórico, além de ser um declarado e reconhecido fascista. Em 2005, a justiça espanhola condenou a Ramón e mais três integrantes à pena de dois anos e meio de prisão por desordem pública, atentado às autoridades e lesão corporal contra policiais durante a Supercopa da Espanha, em 2002, quando o Valencia perdeu o título por 1 x 0 para o Deportivo La Coruña, 4 x 0 no agregado.

A região de Aragão, no leste espanhol, teve outro caso de repercussão internacional. Em 2014, de frente à Colectivo Aldeano, torcida do Villarreal, uma banana foi atirada para o lateral-direito Daniel Alves, então no Barcelona. Além da Yomus, outro grupo fascista também atua na primeira divisão: a Jove Elx, do Elche, tem 41 anos de existência, sendo reconhecida pelos combates e confusões nas diversas categorias em que a equipe joga.

O teor violento não apenas afeta a vida civil na Espanha e em outros lugares pela Europa, mas também chega a por em risco os executivos das instituições. Em uma faixa, os ultras valencianos ameaçam a diretoria da equipe em caso de rebaixamento para a segunda divisão: “Se arrastam o nosso Valencia para a Segunda, não terão onde se esconder”.

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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