Racismo

Presidente da Fifa e Fundação Pelé demonstram apoio a Vini Jr. após racismo

No comunicado, Gianni Infantino destacou que o protocolo da Fifa poderia ter sido seguido até o fim da partida do Real Madrid contra o Valencia, em que parte da torcida rival entoou "cantos" racistas contra Vini

Talita de Souza
Camilla Germano
postado em 22/05/2023 12:19 / atualizado em 22/05/2023 12:23
 (crédito: Pierre-Philippe Marcou/AFP)
(crédito: Pierre-Philippe Marcou/AFP)

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, se pronunciou sobre o novo caso de racismo envolvendo o jogador brasileiro Vinicius Júnior no domingo (21/5), durante a partida do Real Madrid contra o Valencia. Em mensagem nas redes sociais, Infantino indicou que o protocolo da Fifa poderia ter sido seguido até o fim na partida.

"Total solidariedade a Vinicius. Não há lugar para o racismo no futebol ou na sociedade, e a Fifa apoia todos os jogadores que se encontram em tal situação", escreveu Infantino, em comunicado nas redes sociais. "Os eventos durante a partida entre Valencia e Real Madrid mostram que isso precisa acontecer. É por isso que o processo de três etapas existe nas competições da Fifa e é recomendado em todos os níveis do futebol."

No comunicado, Infantino também detalhou o protocolo que poderia ter sido seguido durante a partida. "Primeiro, você para o jogo e o anuncia. Em segundo lugar, os jogadores saem de campo e o alto-falante anuncia que, se os ataques continuarem, o jogo será suspenso. O jogo recomeça e, em terceiro lugar, se os ataques continuarem, a partida vai parar e os três pontos vão para o adversário". 

"Estas são as regras que devem ser implementadas em todos os países e em todas as ligas. Claramente, é mais fácil falar do que fazer, mas precisamos fazer e precisamos dar apoio a isso com base na educação", ressaltou o presidente.

No jogo entre Real e Valencia, no estádio Mestalla, a arbitragem avançou somente até o segundo ponto do protocolo antirracista. A partida foi paralisada por cerca de 10 minutos, mas foi retomada. Se tivesse ido até o fim, o Valencia acabaria perdendo os três pontos, mesmo estando vencendo o jogo por 1 a 0.

Fundação Pelé também se manifesta

Nas redes sociais do Rei Pelé, que morreu em 29 de dezembro de 2022, a fundação se manifestou sobre o caso de racismo contra Vini Jr. Na publicação, o perfil destaca o quanto Pelé admirava o futebol do atacante brasileiro e destaca ter certeza de que Pelé pediria que a postagem fosse feita se estivesse vivo. 

"@vinijr, a Pelé Foundation te apoia e admira a sua coragem. Continue sendo uma voz ativa e nunca deixe de sorrir diante das adversidades. O racismo não tem mais espaço no esporte que tanto amamos", escreveram no Twitter. 

Entenda o caso

Aos 24 minutos do segundo tempo da partida, deste domingo (21/5), contra o Valencia, o atacante foi interrompido em uma jogada em direção ao gol, com a invasão de uma segunda bola em campo. Vini e outros torcedores do Real Madrid reclamaram da interrupção e os torcedores do Valencia não gostaram da reclamação. Responderam chamando Vini Jr. de “macaco”.

O brasileiro denunciou os ataques e a partida continuou paralisada por oito minutos. Os torcedores foram advertidos duas vezes, pelo sistema de som do estádio, que anunciou a paralisação da partida devido ao mau comportamento da torcida. Os avisos, porém, não foram levados em consideração, os ataques continuaram e Vini passou a discutir com os torcedores.

Quando o jogo retornou, Vini se envolveu em um embate com o goleiro Mamardashvili, do Valencia, e foi expulso após o VAR mostrar que o brasileiro atingiu o rosto do atleta. Após a expulsão, Vini Jr. usou as redes sociais para repreender a La Liga, responsável pelo Campeonato Espanhol, e apontar uma omissão da entidade.

“Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo,” declarou o jogador.

Na mensagem, o brasileiro também deixou em aberto uma possível saída da Espanha. “Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui.” A fala de Vini Jr. não foi bem recebida pelo presidente da La Liga, Javier Tebas Medrano, que não demonstrou solidariedade ao jogador e afirmou que o brasileiro criticou e insultou a entidade.

“Já que aqueles que deveriam não te explicam o que é e o que a La Liga pode fazer em casos de racismo, tentamos te explicar, mas você não apareceu em nenhuma das duas datas combinadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e insultar La Liga, é preciso que você se informe bem, Vini Jr. . Não se deixe manipular e certifique-se de compreender plenamente as competências de cada um e o trabalho que temos feito juntos", escreveu Tebas nas redes sociais.

*Com informações da Agência Estado

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