Luto

Morre Vágner Benazzi, técnico do Gama no título da Série B de 1998

Apelidado de "Rei do Acesso", o treinador paulista nascido em Osasco levou o time alviverde à maior glória na conquista da segunda divisão do Campeonato Brasileiro e devolveu o futebol do DF à elite após 12 anos de jejum. Ele também comandou o Brasiliense na capital

Marcos Paulo Lima
postado em 22/05/2023 11:02 / atualizado em 22/05/2023 11:54
 (crédito: Mauro Horita/AGIF/D.A Press)
(crédito: Mauro Horita/AGIF/D.A Press)

Técnico do Gama na conquista da Série B do Campeonato Brasileiro em 1998, Vágner Benazzi morreu na madrugada deste domingo, aos 68 anos. A causa do óbito não foi divulgada. Nascido em Osasco, o treinador comandou o time alviverde na campanha do título da segunda divisão. O time alviverde terminou em primeiro lugar no quadrangular à frente do Botafogo-SP, Ferroviária e Londrina. Na partida do título, derrotou a equipe paranaense por 3 x 0, no velho Mané Garrinha, em uma arena abarrotada. Benazzi também trabalhou no Brasiliense.

Na melhor fase da carreira, Benazzi ganhou o apelido de Rei do Acesso. Assumia clubes de divisões inferiores do Campeonato Brasileiro e os catapultava. O histórico Gama de 1998 é um desses exemplos. Benazzi transformou em pôster o histórico time de Marcelo Cruz; Marcelo Cruz; Paulo Henrique, Gerson, Jairo e Rochinha; Deda, Kabila, Willian e Rodrigo; Nei Bala e Renato Martins. O time ainda contava com Adriano, Robertinho e Romualdo.

  • 21/12/2003. Credito: ArquivoCB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Jogadores do GAMA e Técnico Vagner Benazzi festejam com a taça no Mané Garrincha. ArquivoCB/CB/D.A Press

Em entrevista ao Correio, o histórico diretor de futebol do Gama, Edvan Aires, falou sobre a importância de Benazzi na história do Gama. “Para nós, ele foi uma das peças mais importantes em toda a minha vida no futebol. Fomos campeões brasileiros da Série B. Ele chegou, e como já era campeão no interior de São Paulo, trouxa uma metodologia para subir, mesmo”, recorda.

Edvan conta que Benazzi fazia vários pedidos, ele se virava para atender e dava certo. “No dia da decisão (contra o Londrina), ele pediu para eu entrar em contato com as mães, namoradas, esposa. Queria levá-las para dentro do vestiário antes do jogo com os filhos. A mãe do Deda, inclusive, disse que o filho dela faria de tudo para conquistar o título”, conta o dirigente.

O ex-presidente do Gama, Wagner Marques lembrou do trâmite para a contratação de Vágner Benazzi durante a Série B de 1998. "Fui eu quem o contratou. Ele substituiu naquela época o Orlando Lelé. Foi difícil. Eu já havia até desistido e cheguei a contratar um treinador do Rio. Quis o destino que ele aceitasse a nossa proposta e fizemos o contrato. Mudou a nossa história e com isso, sempre tivemos essa dívida com ele", lembra o dirigente.

Presidente do Gama na conquistas de 1998, Agrício Braga ficou perplexo com a passagem de Vágner Benezzi. "Surpreso com essa notícia. Foi um técnico que marcou o Gama. Quando ele assumiu naquele ano, a equipe estava mal. Havia disputado uma fase do campeonato e não vinha bem. Ele deu outra montagem, outro espírito de jogo à equipe. Uma das grandes vantagens do Benazzi é que ele dialogava muito com a diretoria. A palavra final era dele, mas ele sempre pedia opiniões. Não tinha o rei na barriga. Sempre explica a escalação. Não sei por que não conseguiu ir para uma equipe de ponta. Conhecimento ele tinha, e muito. O Gama deve muito a ele o título da Série B. O futebol brasileiro perde um dos seus melhores técnicos", afirmou.

Outra história emblemática foi a utilização de um gravador para emocionar e motivar os jogadores em uma partida contra o Remo. Ainda era o tempo das fitas e os jogadores ouviram mensagens de parentes antes da partida. “Ele era cheio das astúcias”, ri Edvan. “Quantos jogadores ele revelou! Tanto que, quando Jair Picerni veio assumir o time na Série A (1999), trouxe um monte de jogador e falou que não os colocaria para jogar. Preferiu a prata da casa.

Impulsionado pelo trabalho de Benazzi, o Distrito Federal voltou a ter representante na elite pela primeira vez desde 1986. O Gama ficou quatro anos da Série A no período de 1999 a 2002. O velório será no Cemitério Bela Vista, em Osasco. O sepultamento será às 16h.

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