CHAMADO DE "MACACO"

Real Madrid denuncia ataque a Vini Jr ao MP espanhol: "Mais forte repulsa"

Em comunicado oficial, o clube disse que a discriminação racial sofrida pelo jogador brasileiro é "um ataque direto ao modelo de convivência de nosso Estado democrático de direito"

Talita de Souza
postado em 22/05/2023 10:35 / atualizado em 22/05/2023 11:44
O atacante brasileiro do Real Madrid, Vinicius Junior (3R), confronta os dirigentes do Valencia ao sair após ser expulso do campo pelo árbitro durante a partida de futebol da liga espanhola após ataques racistas de torcedores -  (crédito: Jose Jordan/AFP)
O atacante brasileiro do Real Madrid, Vinicius Junior (3R), confronta os dirigentes do Valencia ao sair após ser expulso do campo pelo árbitro durante a partida de futebol da liga espanhola após ataques racistas de torcedores - (crédito: Jose Jordan/AFP)

Quase 20 horas depois do novo episódio racista sofrido pelo jogador Vini Jr, que causou repercussão global, o time espanhol em que ele joga, o Real Madrid, quebrou o silêncio e afirmou, nesta segunda-feira (22/5), que denunciou os ataques racistas sofridos pelo brasileiro ao Ministério Público espanhol. O episódio ocorreu neste domingo (21/5), durante a partida do time contra o Valencia pelo Campeonato Espanhol (La Liga). 

Em comunicado oficial, o clube disse ter “a mais forte repulsa” e condena a postura dos torcedores: “Um ataque direto ao modelo de convivência de nosso Estado social e democrático de direito.”

“O Real Madrid considera que tais ataques também constituem um crime de ódio, razão pela qual apresentou a denúncia correspondente à Procuradoria-Geral do Estado, especificamente à Procuradoria contra crimes de ódio e discriminação, para que os fatos sejam investigados e apuradas as responsabilidades,” detalha a nota.

O clube também reforçou que é dever do Ministério Público promover a “ação da Justiça em defesa da legalidade e dos direitos dos cidadãos e do interesse público”.

Entenda o caso

Aos 24 minutos do segundo tempo da partida, deste domingo (21/5), contra o Valencia, o atacante foi interrompido em uma jogada em direção ao gol, com a invasão de uma segunda bola em campo. Vini e outros torcedores do Real Madrid reclamaram da interrupção e os torcedores do Valencia não gostaram da reclamação. Responderam chamando Vini Jr de “macaco”.

O brasileiro denunciou os ataques e a partida continuou paralisada por oito minutos. Os torcedores foram advertidos duas vezes, pelo sistema de som do estádio, que anunciou a paralisação da partida devido ao mau comportamento da torcida. Os avisos, porém, não foram levados em consideração, os ataques continuaram e Vini passou a discutir com os torcedores.

Quando o jogo retornou, Vini se envolveu em um embate com o goleiro Mamardashvili, do Valencia, e foi expulso após o VAR mostrar que o brasileiro atingiu o rosto do atleta. Após a expulsão, Vini Jr. usou as redes sociais para repreender a La Liga, responsável pelo Campeonato Espanhol, e apontar uma omissão da entidade.

“Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo,” declarou o jogador.

Na mensagem, o brasileiro também deixou em aberto uma possível saída da Espanha. “Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui.” A fala de Vini Jr não foi bem recebida pelo presidente da La Liga, Javier Tebas Medrano, que não demonstrou solidariedade ao jogador e afirmou que o brasileiro criticou e insultou a entidade.

“Já que aqueles que deveriam não te explicam o que é e o que a La Liga pode fazer em casos de racismo, tentamos te explicar, mas você não apareceu em nenhuma das duas datas combinadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e insultar La Liga, é preciso que você se informe bem, Vini Jr. . Não se deixe manipular e certifique-se de compreender plenamente as competências de cada um e o trabalho que temos feito juntos,” escreveu Tebas nas redes sociais.

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