Futebol

Aulas de Diniz e Sampaoli na CBF ajudam a decifrar Fla-Flu das oitavas

Entenda como as palestras dos técnicos do Fluminense e do Flamengo há três anos, com a presença de Tite, ajudam a entender o estilo autoral dos técnicos protagonistas da abertura da quarta fase do mata-mata na Copa do Brasil nesta terça, às 21h, no Maracanã

Marcos Paulo Lima
postado em 16/05/2023 05:00
Tite, Jorge Sampaoli e Fernando Diniz se confraternizam depois da palestra Técnicos e Táticas, em 2019, na sede da CBF -  (crédito: Lucas Figueiredo/CBF)
Tite, Jorge Sampaoli e Fernando Diniz se confraternizam depois da palestra Técnicos e Táticas, em 2019, na sede da CBF - (crédito: Lucas Figueiredo/CBF)

Para entender a expectativa por um clássico de alto nível entre Fluminense e Flamengo, hoje, às 21h, no Maracanã, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, é necessário voltar a 24 de abril de 2019 e entrar na mente dos pensadores Fernando Diniz e Jorge Sampaoli. Há quatro anos, ambos debateram futebol com Tite, na sede da CBF, no evento Somos Futebol 2019 — Técnicos e Táticas. Eles abriram o coração sobre as filosofias pessoais de jogo.

À época, comandavam Fluminense e Santos, respectivamente, e não negociavam ideiais semelhantes: futebol ofensivo, posse da bola, jogo bonito e eficiência tática. Revelaram, inclusive, influências. "Quando eu quero ficar bem, assisto a partidas antigos. Do Brasil de 1970 ou de 1982; da Argentina de (José) Pekerman; do Barcelona de (Johan) Cruyff; da Hungria. O futebol atual me aborrece", desabafou Sampaoli.

Enquanto o argentino defendia o belo, Diniz atacava comportamentos. "Quando entram no mundo profissional, jogadores desaprendem a viver e aprendem a ganhar para dar alegrias a pessoas que os tratam como coisas."

Sampaoli não somente concordou, como usou a citação de um dos ídolos, o ex-jogador e ex-técnico Johan Cruyff (1947-2016): "O que quero transmitir é que o futebol não é só um jogo simples, pode ser um modo de viver. Quanto mais gente compreendê-lo, mais divertido será, no campo e fora dele", defendeu.

Os dois têm em comum o jogo rebuscado, mas encantador quando funciona. O Flu atingiu padrão de excelência e não para de evoluir. Prova disso são as goleadas contra o Fla na final do Carioca, por 4 x 1, e por 5 x 1 diante do River Plate na Libertadores. Em contrapartida, o Flamengo sofre para assimilar os conceitos de Sampaoli.

O treinador rubro-negro divide o campo em três zonas: alerta, conforto e definição. Na última delas, cobra a contundência que tem faltado ao Flamengo. "Acelerar na zona de conforto significa, certamente, perder a bola. Eu peço para não acelerar antes da zona de definição ou daremos contra-ataque. Mas o jogador acelera porque o público acelera, não tolera um passe para trás. Mas festeja o chutão para fora do estádio. Por isso, o criativo não aparece. Ele é oprimido pelo contexto social, é obrigado a dar carrinho. E isso equiparou as forças no futebol", ensinou no debate.

O pensador Fernando Diniz concluiu: "Nós perdemos muito tempo querendo controlar coisas incontroláveis. A única coisa que não podemos controlar é o resultado". Justamente o que ambos mais precisarão, hoje, no primeiro round das oitavas de final.

 

FICHA TÉCNICA

FLUMINENSE X FLAMENGO

FLUMINENSE - Fábio; Samuel Xavier, Nino, Felipe Melo e Marcelo; André, Lima, Paulo Henrique Ganso; John Kennedy, John Arias e Germán Cano. Técnico: Fernando Diniz.

FLAMENGO - Santos; Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Pulgar, Gerson e Arrascaeta; Matheus França, Gabigol, Pedro. Técnico: Jorge Sampaoli.

ÁRBITRO - Anderson Daronco (RS)

HORÁRIO - 21h.

LOCAL - Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)

 

 

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