O sucesso do Água Santa com a presença inédita na final do Campeonato Paulista foi construído pelas mãos e pelo esforço de muitos profissionais. Mas talvez você não saiba que a campanha do time sensação de um dos estaduais mais prestigiados do país passa pelos pés de um brasiliense. Aos 25 anos, o lateral-esquerdo Patrick Brey é uma das peças-chave do técnico Thiago Carpini nos dois desafios contra o Palmeiras. O primeiro deles será hoje, às 16h, na Arena Barueri.
Patrick Brey esteve em campo em seis partidas pelo Água Santa nesta edição do Paulistão. Não marcou gol, mas deu conta do recado nos momentos onde foi exigido. A classificação contra o São Paulo, nas quartas de final, comprova isso. O camisa 16 bateu o quarto pênalti da decisão na marca da cal e ajudou a pavimentar o caminho até a disputa pelo troféu.
A história de Brey, porém, começou a mais de 800km de Diadema. Foi no Núcleo Bandeirante, onde ele deu os primeiros chutes. A paixão pela bola é uma herança de família. "Meu pai tentou ser jogador, e o sonho dele virou o meu. Sempre fui muito apegado ao futebol", compartilhou, em entrevista ao Correio. Como parte dos jovens sonhadores, Brey jogou em algumas escolinhas pelo DF. Aos 10 anos, fez um teste no São Paulo e foi monitorado pelo clube paulista por três temporadas, mas não fechou. O garoto amadureceu e, aos 13, arrumou as malas para o Rio de Janeiro e iniciou a peregrinação Brasil afora para viver da bola.
Em 2012, o brasiliense integrou as categorias de base do Fluminense até estrear profissionalmente em 2015, com a camisa do Vila Nova. A passagem durou três temporadas até trilhar novos rumos no Goiânia, no Tupi e no Cruzeiro. Pela Raposa, inclusive, ostenta um título digno de gigante: a Copa do Brasil de 2018. Brey fez parte do elenco campão do segundo torneio mais importante do país, em cima do Corinthians. De lá para cá, acumulou passagens por Coritiba, Ferroviária, CSA e, até fora do Brasil, pelo Triestina, da terceira divisão italiana.
O lateral disputou apenas três partidas pelo clube e retornou ao Brasil por empréstimo, ainda em 2022, para brindar o Paysandu com o bicampeonato da Copa Verde. O fim da jornada com o Papão foi o início da trajetória com o Água Santa. Agora, Brey e clube de Diadema estão em evidência. É possível afirmar que o lateral é mais um boleiro forjado nos campos do quadradinho a ser perdido para clubes de outros estados. Talentos como Endrick (Palmeiras), Robert Renan (Zenit-RUS), e Ângelo (Santos) comprovam isso. Para o defensor da equipe de Diadema, o problema é crônico.
"Brasília não suporta o início de carreira de um atleta. Não tem estrutura suficiente. Infelizmente, temos que buscar isso fora. Os clubes locais investem muito mais em jogadores que estão perto da aposentadoria do que no início. É um palco mais para quem está acabando do que começando", definiu. "Independentemente de ser na capital federal ou em outro lugar, acreditem em Deus e trabalhem muito, porque só acreditar e não fazer nada, não se vence. Precisa haver trabalho e tempo, pois não é fácil", pontuou.
O enredo do Paulistão
Embora seja figura ativa na campanha surpreendente no Paulistão, Patrick Bey revelou surpresa com a campanha do Água Santa. O clube desbancou o São Paulo, nas quartas, e o Bragantino, na semifinal. As duas vitórias foram nos pênaltis. Para um time sem divisão neste ano, eliminar dois clubes da primeira prateleira nacional eleva a moral. "Eu acreditava que essa história seria bonita, mas não imaginava tanto, chegando à final e com chances de ser campeão. Podemos até acreditar e ter fé, mas os sonhos que Deus tem para nossas vidas são sempre maiores. Sonhamos conquistar coisas grandes, mas imaginávamos a possibilidade título", revelou.
"Ganhar o Paulistão, com certeza, seria a maior conquista da minha carreira. Ainda mais por ser em um clube como o Água Santa, nas circunstâncias do torneio e do tamanho dos desafios", complementa. A última fronteira entre o Netuno é o atual campeão Palmeiras. O Verdão está na quarta final consecutiva de Paulistão e ensaia uma hegemonia. "Enfrentar o Palmeiras valida a nossa campanha. Ganhar de um grande clube já é uma justificativa, mas vencer uma equipe que vem sendo campeão consecutivamente de diversas competições, com o nome e valor de mercado que tem, valoriza muito mais", comentou.
Embora muitos procurem definições para a campanha histórica do Água Santa, Patrick Brey vai direto ao ponto: resiliência. Para o lateral, a força do elenco e a capacidade de se adaptar ao Paulistão, em meio a diferentes problemas, são as marcas da caminhada. "Temos confiança um nos outros. Começamos mal. Todos falaram que brigaríamos para não cair e, hoje, estamos disputando o título. Acreditamos muito no nosso trabalho e no técnico Thiago Carpini. Isso foi importantíssimo, pois se tem uma pessoa desconfiando, isso gera algo ruim no elenco", avaliou o jogador.