Maratona Brasília: tempo recorde do maior circuito é desafio para corredores

De volta ao circuito local após 25 anos, prova de 42km promovida pelo Correio volta à cena diante da evolução do atletismo. Apesar disso, especialista faz previsão de que concluir a corrida abaixo da média histórica de tempo ainda é algo complexo

Danilo Queiroz

postado em 03/04/2023 06:00

Clair Wathier venceu a Maratona Brasília, em 1993, com o tempo que se tornou média ao longo de todas as edições: 2h21m. Na corrida de 2023, marcada para 21 de abril, maratonistas terão a marca como meta a ser batida - (crédito: Dida Sampaio/CB/D.A Press)

Foi um longo hiato de 25 anos, mas a Maratona Brasília, enfim, volta a agitar o circuito de corridas de rua do Distrito Federal. No próximo 21 de abril, no aniversário de 63 anos da capital de todos os brasileiros e do Correio, o evento promete desafiar, principalmente, os amantes das provas de longa distância. Desde a última realização, em 1998, bastante coisa mudou no esporte em termos técnicos e tecnológicos. Mesmo assim, na edição de 2023, os fundistas (desportistas especializados em correr os 42.195km) terão uma missão complexa para impor um novo ritmo temporal. (Se inscreva neste link)

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Em duas décadas e meia, os atletas testemunharam a evolução das condições para a prática do esporte. O material esportivo utilizado nos anos 1990, por exemplo, não é o mesmo. O equipamento passou por várias mudanças para ampliar o desempenho e conforto dos fundistas. As técnicas de preparação para as competições de longa distância também contribuíram na otimização da performance. Naturalmente, nas principais maratonas ao redor do Brasil e de todo o planeta, essas alterações impactaram em menores tempos no cumprimento dos 42.195km.

Mas é possível esperar uma evolução no quesito temporal na Maratona Brasília? Na visão do professor Fernando Franco, docente de educação física aposentado da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) e pesquisador especializado em atletismo, a tradicional prova de longa distância da capital tem características para impor aos fundistas um desafio complexo, mesmo com tanta evolução em diversos aspectos. "Precisa treinar para correr aqui. A altitude desafia. Tem partes planas e subidas. Mas, em termos de resistência, dá para encarar bem", avaliou o docente.

Em sete edições, inclusive, a Maratona Brasília registrou pouca oscilação no cronômetro. Em 1991, na etapa masculina, João Pacau venceu em 2h27m17s. No ano seguinte, Adejalma da Costa baixou o tempo para 2h21m41s. Clair Wathier apresentou um segundo de evolução, em 1993. Na edição 1994, Luiz Carlos Silva estabeleceu a marca de 2h22m07s. Ele faturou o bi com praticamente o mesmo índice: 2h22m46s. Em 1996, Neilor Pazin ficou em 2h23m11s. Em 1997, Valdenor dos Santos impôs o recorde de 2h16m56s. Elisvaldo Rodrigues correu em 2h19m35s, em 1998.

Altitude

Em média, o tempo para triunfar na prova fica na casa de 2h21m. Na avaliação do professor Franco, quebrar a marca é um desafio para maratonistas especializados, com uma preparação voltada exclusivamente para a prova. A altitude da capital (1.172m acima do nível do mar) também maximiza a complexidade. "É complicado por desafiar a resistência do fundista. Tem toda a parte fisiológica que atrapalha no rendimento da prova. Quando o Valdenor fez 2h16m, ele fazia menos ao nível do mar. O recorde deve ficar mais uns anos", destacou.

Em competições profissionais, voltadas para quem trabalha com a intenção de ser cada vez mais veloz, o tempo médio de uma corrida de longa distância fica entre 2h5min a 2h20min. Mas somente 5% dos corredores completam a prova em menos de três horas e a Maratona Brasília também tem espaço garantido para quem pratica o esporte por hobby. Nessa categoria, é possível percorrer os 42.195km em 4h21. Na edição de 21 de abril, todos os candidatos terão até cinco horas para concluir o percurso com largada no Palácio do Buriti e passagem de ida e volta pelos Eixos Sul e Norte.

Desfile na capital

Organizada em parceria com o Correio e o patrocínio do Atacadão Dia a Dia, a Maratona Brasília começa às 7h, em frente ao Palácio do Buriti, no Eixo Monumental. O aquecimento está marcado trinta minutos antes. A prova percorrerá alguns dos principais monumentos da capital federal e seguirá as diretrizes da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Ao todo, serão disponibilizadas 2 mil vagas. As inscrições podem ser feitas no site www.centraldacorrida.com.br, ao custo de R$ 90, até 19 de abril. Idosos pagam metade do valor. Assinantes do Correio têm 25% de desconto, limitados a 200 inscritos.

Para o percurso de 42km, a idade mínima para participação é de 20 anos, enquanto a exigência etária para as provas de 10km e 5km é de, pelo menos, 16 anos. Todos os inscritos terão direito a um Kit do Atleta, composto por ecobag, camiseta promocional, número de peito, chip eletrônico, brindes diversos, além de uma medalha, entregue após a conclusão da prova. O objeto, inclusive, será o símbolo da conquista de completar o percurso, seja na intenção de baixar o tempo médio dos profissionais ou no ritmo das passadas de quem ama as nuances dos circuitos de rua.