Uma marca expressiva é sempre satisfatória às grandes lendas do esporte. Após chegar ao 800º gol na carreira na vitória da Argentina sobre o Panamá, por 2 x 0, em amistoso realizado no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, na última quinta-feira (23/3), Lionel Messi pode pensar em uma marca alcançada por poucos jogadores profissionais: o gol mil. Afinal, é possível o craque repetir Pelé, Romário e até o controverso Túlio Maravilha? Com a média atual de bolas na rede do camisa 10, o Correio fez as contas para projetar quanto tempo isso levaria.
A primeira — e mais acessível — missão para Messi cumprir é se isolar na artilharia de jogos oficiais. Atualmente, ele está três gols atrás do tcheco Josif Bican e a 30 tentos do rival de geração Cristiano Ronaldo, outro ainda em atividade com chance de ampliar a liderança. O argentino, porém, também poderia se firmar entre nomes consagrados por passarem das mil bolas na rede. Nas contas alternativas, Pelé, Romário e Túlio somam gols em amistosos de clubes. Para chegar à marca, Leo precisaria de muito preparo físico e, principalmente, paciência.
Na atual passagem pelo Paris Saint-Germain, “La Pulga” tem média anual de 0,58 gols por jogo. Na temporada 2022/2023, o jogador ainda tem mais um compromisso com a Albiceleste e outros 10 pelo clube francês, podendo alcançar 48 partidas. Pela lógica matemática de desempenho, é possível imaginar que o argentino termine o ano com cerca de 805 bolas na rede. Porém, faltariam 195 para o milésimo.
A média de exibições do rosarino nas últimas duas temporadas é de 45,5 apresentações. Multiplicando os jogos pela média de bolas na rede, Messi precisaria de, pelo menos, sete temporadas e meia, sem considerar uma curva de declínio no desempenho, devido aos 35 anos do craque. Ou seja, o atacante argentino teria a necessidade de estender a carreira até os 42 e manter os índices atuais para sonhar com o feito bastante improvável.
O tempo médio necessário para Messi avançar casas centenárias de gols também joga contra. Do primeiro até o 100º, o craque precisou de cinco anos, entre 2004 e 2009. O de número 200 veio em 2011. O 300º saiu no ano seguinte. Nas quatro marcas seguintes (400, 500, 600 e 700), o argentino estabeleceu média de duas temporadas (2014, 2016, 2018 e 2020). Até marcar o 800º, porém, ele precisou de três anos. A tendência natural é levar cada vez mais tempo para alcançar os 900 e, finalmente, o milésimo.
Outro fator a ser considerado é a incerteza sobre a continuidade no PSG. Recentemente vaiado no Parque dos Príncipes, o camisa 30 tem cenário incerto na renovação de contrato e pode deixar a França. Mercados de menor exigência técnica, como a Arábia Saudita e os Estados Unidos, costumam cogitar ofertas em números estratosféricos ao jogador em cada janela de transferências. Se aceitar, o craque poderia ampliar a média de gols anuais e diminuir o prazo do milésimo.
“La Pulga y la hinchada”
Outro possível destino para “Leo” é a própria Argentina. Em algumas ocasiões, o atacante deixou bem claro o desejo de atuar pelo Newell’s Old Boys, seu time de coração. Porém, apesar do sonho, a cidade de Rosario viveu um momento tenso envolvendo o próprio atleta há três semanas, quando um atentado a um supermercado de propriedade da família de Antonella Roccuzzo, esposa do jogador, teve citação ao número 10 da seleção nacional.
Após um ataque a tiros no local, foi encontrado um bilhete citando o ídolo nascido na cidade. “Messi, estamos te esperando. (Pablo) Javkin é um narcotraficante, não vai te cuidar”, dizia a mensagem, citando o administrador de Rosario. O mesmo fez apelos recentes ao governo da província de Santa Fé e federal pelo aumento da violência na região.
Na semana do amistoso contra os panamenhos, em contrapartida, o atacante teve dificuldades em deixar um restaurante na capital argentina depois de um jantar, com uma multidão de fãs enlouquecida pela presença do principal responsável por dar ao país sua terceira Copa do Mundo, no Catar, em dezembro de 2022.
A febre por Lionel segue após o gol 800, em uma falta magistral, perto do fim do jogo no Estádio Monumental de Núñez. Messi persegue a marca de 100 tentos com a camisa celeste e branca, fato que pode se consolidar na próxima terça-feira (28/3), no amistoso contra a seleção de Curaçao, no Estádio Madre de Ciudades, em Santiago del Estero. Nesta quinta-feira (23/3), os 42 mil ingressos se esgotaram no espaço de uma hora, na espera de mais um feito da lenda argentina.
Avanço das casas centenárias
1º em 2005
100º em 2009 (cinco temporadas depois)
200º em 2011 (duas temporadas depois)
300º em 2012 (uma temporada depois)
400º em 2014 (duas temporadas depois)
500º em 2016 (duas temporadas depois)
600º em 2018 (duas temporadas depois)
700º em 2020 (duas temporadas depois)
800º em 2023 (três temporadas depois)
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima