Em meio à grande rotatividade recente dos técnicos no futebol brasileiro, este nome sempre surgiu como uma opção entre as grandes equipes, estando, no presente momento, livre no mercado. Nesta semana, o treinador argentino Jorge Sampaoli foi demitido do Sevilla, da Espanha, após apenas 31 jogos, mesmo tendo classificado a equipe às quartas de final da Europa League.
No curto tempo à frente do time da Andaluzia, o comandante teve 13 vitórias, seis empates e 12 derrotas. A última das quedas custou o cargo: 2 x 0 para o Getafe, em Madri, deixando o time na 14ª posição, a dois pontos da zona de rebaixamento de La Liga e a 13 pontos da zona das competições europeias.
Apesar de bem visto no mercado, Sampaoli costuma ter pequenas passagens mesmo após a sua maior glória na carreira. Responsável por trazer a primeira Copa América para o Chile, em 2015, contra a própria Argentina, o comandante esteve à frente de quatro clubes, sendo dois brasileiros, além da seleção nacional de seu país.
Ironicamente, a saga como conhecido internacionalmente começou no próprio clube espanhol, tendo assumido a equipe como campeã da Liga Europa de 2015/2016. De cara, perdeu a Supercopa do continente e do país contra Real Madrid e Barcelona, respectivamente. Os rojiblancos fecharam a temporada seguinte com o quarto lugar de La Liga, além de cair nas oitavas de final da Liga dos Campeões para os ingleses do Leicester.
O rendimento serviu de incentivo para a seleção argentina recrutar um nome crescente como novo comandante da Albiceleste. Porém, ali começou sua debacle, com um time desorganizado e dependente de poucos nomes em plena forma física e técnica. O resultado foi visto no sofrimento para avançar no grupo da Copa do Mundo na Rússia, em 2018, caindo em um mítico 4 x 3 nas oitavas, contra a França.
De imediato, caía a “Era Sampaoli”, abrindo espaço para seu pupilo, Lionel Scaloni, ganhar o mundo quatro anos depois. O comandante encontraria futuro em terras brasileiras, ao assumir o Santos: a partir de então ficaram conhecidas, para o público brasileiro, a sua exigência na força de elenco e o constante pedido por reforços. Se bem foi eliminado de forma vexatória para o River Plate do Uruguai, na Copa Sul-Americana, o Alvinegro Praiano fechou 2019 como vice-campeão brasileiro.
Demitido do clube paulista após o fim da Série A, o profissional achou lugar no estado vizinho, tendo de atravessar a Serra da Mantiqueira para chegar ao Atlético-MG. Em Belo Horizonte, seu estilo de cobrança não mudou nem para diretoria e tampouco para o elenco. Sem competições estrangeiras em 2020, o Galo teve de se consolar com o título mineiro, além de uma honesta campanha com o terceiro lugar do Brasileirão. Ao fim do certame, mais uma vez, o argentino não tinha trabalho.
Rapidamente, o Olympique de Marselha contratou seu novo treinador. Baseado no que viu no futebol brasileiro, e com mais dinheiro em caixa na França, foi influente na contratação do volante Gérson, do Flamengo, e do atacante Luis Henrique, do Botafogo. Após cair na fase de grupos da Europa League, teve campanha até as semifinais da Conference League e, apesar de ser vice-campeão francês, foi despedido ao término da temporada 2021/2022.
A última passagem pelo Sevilla, além das demais citadas, mostra que sua exigência e seu trabalho demandam perfeição de resultados para manter a continuidade e o preço de um técnico difícil de sustentar por muito tempo. Antes do tempo esperado, Jorge Sampaoli volta a estar livre no mercado, e não se pode saber qual o próximo destino do técnico e nem se sua complicada conduta mudará para que se adapte a serviços mais longevos.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima