O fim da linha para Paulo Pezzolano no Cruzeiro marcou a primeira saída de um técnico da elite do futebol brasileiro na nova temporada. Após nova derrota para o América-MG, que resultou na eliminação na semifinal do Campeonato Mineiro, o uruguaio pediu as contas no clube celeste e abriu espaço para Pedro Miguel Marques da Costa Felipe, o Pepa, anunciado nesta segunda-feira (20/3).
Entretanto, ao observar o andamento da temporada, é possível perceber uma drástica mudança na permanência entre os donos da prancheta dos clubes da primeira prateleira do futebol nacional, considerando que o rompimento de Pezzolano foi unilateral. No mesmo período da temporada passada, nove técnicos tinham perdido empregos. As demissões seguiram para o Brasileirão. Após o fim da primeira rodada do Brasileirão, Alberto Valentim, no Athletico-PR, e Marquinhos Santos, no América-MG, puxaram a fila dos dispensados.
Das nove saídas, cinco foram em meio às fases iniciais dos estaduais e em um espaço de nove dias, entre 3 e 11 de fevereiro. Corinthians, Avaí, Atlético-GO, Botafogo e Juventude demitiram Sylvinho, Claudinei Oliveira, Marcelo Cabo, Enderson Moreira e Jair Ventura, respectivamente. Coincidência ou não, catarinenses, goianos e gaúchos fizeram parte dos rebaixados à Série B 2023.
A mudança abre espaço para uma discussão recorrentemente solicitada entre os acompanhantes de futebol: a permanência e a continuidade dos treinadores nos cargos. Vários nomes têm passado por percalços em clubes neste início de temporada e, ainda assim, seguem mantidos pelas gestões.
Os campeonatos estaduais escancararam crises em alguns dos times da elite. Em São Paulo, Odair Hellmann segue no Santos, apesar de mais uma queda na fase de grupos. Ele é bancado no cargo, assim como Fernando Lázaro e Rogério Ceni, alvos de reclamações pelos desempenhos inconstantes apresentados por Corinthians e São Paulo.
Mais calma aos lusos
Entre os portugueses, a paciência tende a ser ainda maior. Eliminados precocemente nos estaduais, António Oliveira e Luís Castro sofrem pressão, mas são mantidos no Coritiba e no Botafogo. Mais um exemplo é o de Renato Paiva, que, além de desclassificado nas semis do Campeonato Baiano, é uma das peças da campanha desastrosa do Bahia na Copa do Nordeste.
O caso mais conhecido entre esses é o de Vítor Pereira. Após trocar de forma polêmica o Corinthians pelo Flamengo, o comandante aceitou o desafio de levantar taças pela equipe carioca, fracassando no Mundial de Clubes, na Supercopa do Brasil, na Recopa Sul-Americana e na Taça Guanabara. Apesar de ser constantemente xingado e vaiado pela torcida rubro-negra dentro e fora dos estádios, VP é mantido sob a esperança de levantar o primeiro título, caso leve a melhor no Fla-Flu que decidirá o Cariocão.
*Estagiário sob supervisão de Victor Parrini