Sofrer é parte de saber se classificar. A Internazionale abusou do sofrimento e da sorte para superar o Porto após o 0 x 0 no Estádio da Luz, com mando português, nesta terça-feira (14/3), pelo jogo de volta das oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa. Na ida, o time de Milão ganhou pela vantagem mínima no Giuseppe Meazza, sendo suficiente para avançar.
Para os mandantes, tentativa e erro foi o método utilizado, apesar de falhar ao ser surpreendido por uma defesa im pecável e implacável montada e construída ao longo do jogo pelo treinador Simone Inzaghi. Por outro lado, o poder de ataque segue a preocupar após uma partida apagada de Lautaro Martínez e do suplente Romelu Lukaku.
O jogo
Contrário ao imaginado, os italianos tiveram ações ofensivas sem temer o capacitado time português. Porém, os locais atacaram primeiro, com Matheus Uribe finalizando perigosamente já aos dois minutos. Tão físico quanto na ida, o duelo pouco proporcionava em oportunidades de ataque, tendo duas fases claras quanto à posse, com defesas rígidas e compactas de parte a parte, mas sem contra-ataques.
A pouca fluidez no jogo contribuía para os poucos passes certos e para que o relógio passasse sem tantos bons momentos a ver na partida. Os portistas voltaram a assustar em disparo de Eustáquio, aos 18, defendido por Andre Onana. As oportunidades de fora da área se mostravam uma opção para os locais, que tiveram resposta três minutos depois na tentativa de Edin Dzeko, defendida por Diogo Costa.
Os lusos tinham ocasiões interessantes para chegar à frente, mas não concretizaram bem as chances, indicando melhor fase dentro do confronto. A ausência de Otávio, craque do time, expulso na ida, foi sentida na produção efetiva do ataque dos Dragões. Os mesmos voltaram a oferecer perigo aos 39, em finalização de Evanílson dentro da grande área, desviada por Federico Dimarco.
Apesar da dureza nos contatos de ambas equipes, o árbitro polonês Szymon Marciniak — juiz da final da Copa do Mundo de 2022 — economizou em cartões na primeira etapa, aplicando apenas contra o interista Matteo Darmian. Seguido ao intervalo, os lusitanos foram ao campo de ataque e foram parados vez e outra com falta, ao ponto de Denzel Dumfries puxar o calção de Galeno, que teve a cueca exibida em um lance, no mínimo, cômico.
Ainda sem muitas chances, o Porto seguiu mais com a bola, com a defesa dos milaneses eficaz para conter as muitas investiduras. Em contrapartida, os locais em nada permitiam o avanço rival, independentemente da velocidade pretendida. A força aplicada pelos mandantes era quase digna de abafa, em um clima com ângulo para ser ainda mais sufocante após as primeiras substituições do jogo, a partir dos 25 minutos.
A área italiana estava implacavelmente defendida por ar e terra e a bola parada era dominada pelos visitantes, em um cenário de mais nervosismo para os lusos a cada minuto sem abrir o placar. Um pequeno susto ocorreu na finalização de Marko Grujic, aos 30, capturada por Onana. A partir dos 35, o desenho tático do técnico Simone Inzaghi ficou claramente configurado para uma retranca ainda invicta, com uma linha defensiva de cinco jogadores.
Com isso, os ataques portugueses eventualmente paravam nas mãos do goleiro da Inter, claramente vencidos pela exaustão das tentativas. Mesmo com a circunstância, os portistas não se deram por vencidos e tentaram até o final, sendo uma boa equipe eliminada na primeira instância do mata-mata e os nerazzuri sofreram bravamente para obter a classificação.
Prova disso foi a finalização de Toni Martínez aos 49, tirada por Dumfries quase sobre a linha de meta. No instante seguinte, Mehdi Taremi carimbou a trave e Grujic acertou o travessão, em uma clara demonstração de azar dos lusitanos. Agora, o competente time de Sérgio Conceição terá como solitária missão a caça ao arquirrival Benfica pelo título nacional.
Ficha técnica:
LIGA DOS CAMPEÕES DA EUROPA
Oitavas de final - Jogo de volta
Porto 0 x 0 Inter de Milão
Estádio do Dragão, Porto, Portugal
Porto
Diogo Costa; Pepê, Fábio Cardoso, Marcano e Zaidu (Wendell); Grujic, Uribe (Namaso), Eustáquio (André Franco) e Galeno; Taremi e Evanilson (Toni Martínez)
Técnico: Sérgio Conceição
Inter de Milão
Onana; Darmian (Skriniar), Acerbi, Bastoni (de Vrij) e Dumfries; Barella (Brozovic), Calhanoglu, Mkhitaryan e Dimarco (D’Ambrosio); Dzeko (Lukaku) e Lautaro Martínez
Técnico: Simone Inzaghi
Cartões amarelos: Darmian e Dzeko (Inter de Milão)
Cartão vermelho: Pepê, após duplo amarelo (Porto)
Arbitragem: Szymon Marciniak (Polônia)
* Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima