ESPORTE LOCAL

Atleta transplantada representará o DF nos Jogos Mundiais na Austrália

Diagnosticada com hepatite em 2007, Alice Oliveira, de 50 anos, recebeu o transplante de fígado em 2013 e encontrou na corrida de rua um complemento no cuidado à saúde

Victor Parrini
postado em 31/03/2023 11:22 / atualizado em 31/03/2023 11:28
 (crédito:  Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

A bandeira do Distrito Federal estará representada nos Jogos Mundiais para Transplantados, que acontecem na Austrália, entre 15 e 21 de abril. A incumbida da missão será a professora aposentada Alice Oliveira, de 50 anos, dona de extenso currículo com participações em mais de 200 provas de atletismo. No torneio internacional, ela disputará a corrida de 5km e 100m rasos.

Apesar da classificação à competição, a atleta brasiliense viveu dias de indefinições, diante dos altos valores das passagens e acerca de um retorno positivo quanto ao pedido de apoio solicitado à Secretaria de Esporte e Lazer do DF.

Primeiro, encontrou uma porta fechada ao dar entrada em um pedido para que a pasta do Governo do Distrito Federal (GDF) custeasse as passagens. A solicitação, porém, foi negada sob a justificativa de que o requerimento havia sido apresentado fora do prazo de, pelo menos, 60 dias antes da competição.

Para não perder a oportunidade, Alice refez o pedido junto à Secretaria de Esporte e Lazer e aguardou o retorno. Dessa vez, o desfecho foi positivo. Nesta sexta-feira (31/1), a pouco mais de duas semanas do início dos Jogos, recebeu a notícia que poderá, sim, embarcar para a Austrália.

Ao Correio, Alice revelou a alegria pela oportunidade competir nos Jogos. "Participar do Mundial é uma realização pessoal, mas, acima de tudo, é uma divulgação da doação de órgãos pelo mundo. Todas as pessoas que estarão lá têm uma história e um transplante na vida e, quando se sentiram bem, foram para o esporte", ressalta.

A história de Alice

Alice Oliveira foi diagnosticada com hepatite em 2007 e conviveu com a doença por seis anos até receber o transplante de fígado seis anos depois. Professora, aposentou-se por questões médicas e encontrou, no atletismo, não somente um passatempo, mas um complemento no cuidado à saúde. 

Alice quer representar e inspirar que outros transplantados trilhem os caminhos do esporte. "O recado que deixo é que saiam do sofá e saiam para praticar atividades. Apesar do uso das medicações, os exercícios físicos diminuem os efeitos colaterais. Sou testemunha disso. Procure o que goste e se dedique a ela. A atividade completa a medicação", frisa.

Desde 2020, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 4613/20, que concede a pacientes transplantados os mesmos direitos assegurados na legislação a pessoas com deficiência. O texto determina que a equiparação depende de laudo médico que ateste impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo.

Para a atleta, é importante que a aprovação aconteça. "Não somos pessoas com deficiência e nem “comuns”. Temos comorbidades, mas, legalmente, não somos PCD. Participo de competições, mas concorro com pessoas sem comorbidades", exemplifica. 

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