Adaptando o ditado popular: quem vê cara não vê dedicação. O sucesso do Água Santa com a classificação à final do Campeonato Paulista tem vários colaboradores, mas uma mente por trás, disposta a elevar o patamar do clube e fazer com que as alegrias virem rotina pelos lados de Diadema, na região metropolitana de São Paulo. Presidente da agremiação fundada em 1981, Paulo Korek Farias obviamente vibra com os feitos do presente, mas prefere pensar para além do agora.
As duas partidas contra o Palmeiras, em 2 de 9 de abril, serão os compromissos mais importantes da recente história do Netuno. Profissionalizado em 2011, nunca havia alcançado sequer às quartas de final do estadual considerado o mais forte do país. Nas três participações anteriores, foi mero coadjuvante. Agora, além de protagonista, se credencia como ameaça ao ensaio da hegemonia alviverde nos gramados paulistas.
Em bate-papo com o Correio, Paulo Korek não escondeu a alegria pelo novo degrau alcançado pela modesta equipe da Grande São Paulo. Para o dirigente, o feito premia a insistência e o trabalho contínuo. "Percebemos que valeu a pena cada gota de suor derramado para chegar até aqui. Tivemos trabalho e paciência em permanecer com o Carpini (técnico), que, na quarta rodada, tinha apenas dois pontos somados dos 12 disputados", lembra.
Embora muitos sejam os fatores que levaram o Água Santa à decisão do Paulistão, Korek aponta um ponto-chave. "Apesar dos resultados no início, víamos a evolução do time e tivemos a calma e a paciência para permanecer com o Carpini. Diria que esse é o maior segredo de tudo", comenta. O dirigente até se arrisca para dizer como se sente com o sucesso recente no torneio. "Se for para definir em palavras, diria que é um momento único, especial. Nada disso despencou. Trabalhamos e acreditamos para viver esse momento especial", discursa.
A presença nas fases agudas do Paulista renderam muito mais do que visibilidade ao Água Santa. Tudo bem que eliminar a dupla da elite do futebol nacional, São Paulo e Bragantino, e a oportunidade de encarar o badalado Palmeiras em dois jogos trouxeram reconhecimento para a equipe com a modesta folha salarial de R$ 800 mil — quase nada comparado aos R$ 18 milhões do alviverde. No entanto, um dos maiores galardões ao time de Diadema está na chance de maior projeção com o calendário nacional. No próximo ano, o Netuno disputará, pela primeira vez, vagas na Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro (Série D).
"No próximo ano, voltaremos a disputar o Campeonato Paulista e vamos montar um time competitivo para a disputa da Série D e pretendemos conquistar o acesso à Série C. É o nosso principal objetivo. Na Copa do Brasil, vamos tentar avançar o máximo possível. Buscaremos ter uma equipe competitiva", disse Korek.
Pensando além do presente, o dono da caneta do Água Santa tem planos para 2024. A primeira parte do projeto foi a renovação com o técnico Thiago Carpini. O comandante chegou no segundo semestre do ano passado e seguirá em Diadema até dezembro do próximo ano. Após o Paulistão, fará um intervalo para obter a certificação de treinador da Uefa e observar o trabalho de outros técnicos na Europa.
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Grata surpresa
Enfrentar o Palmeiras nos dois jogos da final não será fácil. Porém, o Água Santa se apega ao retrospecto na atual edição — com sete vitórias, quatro empates e três derrotas — e a um passado não tão distante contra o próprio Palestra. Em 27 de março de 2016, a equipe de Diadema encarou o Palestra pela fase de grupos do Paulistão, goleou por 4 x 1 e escancarou uma crise no adversário. A vitória maiúscula há quase sete anos aconteceu no início da Era Cuca e Crefisa, e resultou na quarta derrota em quatro jogos.
O mundo da bola deu voltas. É um novo Palmeiras, com treinador e elenco extremamente vitorioso. Mas isso não assusta o Água Santa. Korek reconhece a superioridade alviverde e, por esse motivo, enxerga possibilidades de surpreender. "Digo que o Palmeiras é a melhor equipe do país, com continuidade do Abel Ferreira e da maioria dos jogadores. É uma equipe entrosada e perigosa. Vamos procurar oferecer uma resistência para valorizar ainda mais o jogo", projeta.
"Jogaremos com um fardo leve, descompromissado. O compromisso de ganhar é deles. No futebol tudo é possível. As pessoas podem ter certeza que faremos duas grandes partidas e que vença o melhor", finaliza o presidente.
A nove dias do primeiro ato da final, o Água Santa ainda não sabe qual estádio chamará de "casa". Por não atender aos critérios da Federação Paulista de Futebol (FPF), a equipe não poderá atuar no próprio estádio, a Arena Inamar. O clube estuda outros locais, entre eles, a Vila Belmiro, palco da semifinal contra o Bragantino. Porém, a ideia da diretoria é uma praça maior. O Morumbi esteve na pauta, mas as reformas no gramado inviabilizaram o negócio.
"Seria lá por conta da capacidade. Teríamos condições de fazer preços populares para os nossos torcedores. A situação da Vila Belmiro na semifinal é porque encaixava bem. Mas, contra as grandes equipes, temos que ter estádios mais robustos para fazer grandes espetáculos", avaliou.
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