Mercado da Bola

Febre recente do mercado, Sampaoli não concretiza trabalhos longos

Técnico argentino responsável pelo primeiro título da história da seleção chilena não engrenou nos trabalhos seguintes, com ciclos curtos até sua saída do Sevilla

Paulo Martins*
postado em 22/03/2023 14:26
 (crédito: VALERY HACHE)
(crédito: VALERY HACHE)

Em meio à grande rotatividade recente dos técnicos no futebol brasileiro, este nome sempre surgiu como uma opção entre as grandes equipes, estando, no presente momento, livre no mercado. Nesta semana, o treinador argentino Jorge Sampaoli foi demitido do Sevilla, da Espanha, após apenas 31 jogos, mesmo tendo classificado a equipe às quartas de final da Europa League.

No curto tempo à frente do time da Andaluzia, o comandante teve 13 vitórias, seis empates e 12 derrotas. A última das quedas custou o cargo: 2 x 0 para o Getafe, em Madri, deixando o time na 14ª posição, a dois pontos da zona de rebaixamento de La Liga e a 13 pontos da zona das competições europeias.

Apesar de bem visto no mercado, Sampaoli costuma ter pequenas passagens mesmo após a sua maior glória na carreira. Responsável por trazer a primeira Copa América para o Chile, em 2015, contra a própria Argentina, o comandante esteve à frente de quatro clubes, sendo dois brasileiros, além da seleção nacional de seu país.

Ironicamente, a saga como conhecido internacionalmente começou no próprio clube espanhol, tendo assumido a equipe como campeã da Liga Europa de 2015/2016. De cara, perdeu a Supercopa do continente e do país contra Real Madrid e Barcelona, respectivamente. Os rojiblancos fecharam a temporada seguinte com o quarto lugar de La Liga, além de cair nas oitavas de final da Liga dos Campeões para os ingleses do Leicester.

O rendimento serviu de incentivo para a seleção argentina recrutar um nome crescente como novo comandante da Albiceleste. Porém, ali começou sua debacle, com um time desorganizado e dependente de poucos nomes em plena forma física e técnica. O resultado foi visto no sofrimento para avançar no grupo da Copa do Mundo na Rússia, em 2018, caindo em um mítico 4 x 3 nas oitavas, contra a França.

De imediato, caía a “Era Sampaoli”, abrindo espaço para seu pupilo, Lionel Scaloni, ganhar o mundo quatro anos depois. O comandante encontraria futuro em terras brasileiras, ao assumir o Santos: a partir de então ficaram conhecidas, para o público brasileiro, a sua exigência na força de elenco e o constante pedido por reforços. Se bem foi eliminado de forma vexatória para o River Plate do Uruguai, na Copa Sul-Americana, o Alvinegro Praiano fechou 2019 como vice-campeão brasileiro.

Demitido do clube paulista após o fim da Série A, o profissional achou lugar no estado vizinho, tendo de atravessar a Serra da Mantiqueira para chegar ao Atlético-MG. Em Belo Horizonte, seu estilo de cobrança não mudou nem para diretoria e tampouco para o elenco. Sem competições estrangeiras em 2020, o Galo teve de se consolar com o título mineiro, além de uma honesta campanha com o terceiro lugar do Brasileirão. Ao fim do certame, mais uma vez, o argentino não tinha trabalho.

Rapidamente, o Olympique de Marselha contratou seu novo treinador. Baseado no que viu no futebol brasileiro, e com mais dinheiro em caixa na França, foi influente na contratação do volante Gérson, do Flamengo, e do atacante Luis Henrique, do Botafogo. Após cair na fase de grupos da Europa League, teve campanha até as semifinais da Conference League e, apesar de ser vice-campeão francês, foi despedido ao término da temporada 2021/2022.

A última passagem pelo Sevilla, além das demais citadas, mostra que sua exigência e seu trabalho demandam perfeição de resultados para manter a continuidade e o preço de um técnico difícil de sustentar por muito tempo. Antes do tempo esperado, Jorge Sampaoli volta a estar livre no mercado, e não se pode saber qual o próximo destino do técnico e nem se sua complicada conduta mudará para que se adapte a serviços mais longevos.

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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