Mundial de Clubes

Com um a menos durante o 2º tempo, Flamengo cai na semi do Mundial

Com dois gols de pênalti e aproveitando vantagem numérica na etapa complementar, Al-Hilal despacha os brasileiros e vai à final do Mundial. Adversário sairá do confronto entre Real Madrid e Al Ahly, na quarta-feira (8/2)

Paulo Martins*
postado em 07/02/2023 18:08 / atualizado em 08/02/2023 00:02
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O sonho do bicampeonato do mundo acabou precoce e inesperadamente. Na tarde desta terça-feira (7/2), noite no Marrocos, o Flamengo perdeu por 3 x 2 para o Al-Hilal, da Arábia Saudita, e está eliminado no Mundial de Clubes 2022. A queda no Estádio Ibn Batouta, em Tânger, representa a segunda eliminação sul-americana na década, após a do Palmeiras, em 2021.

As polêmicas arbitrais fizeram parte do confronto desde o começo, com o gol de abertura do duelo antes dos cinco minutos, de pênalti. A expulsão de Gerson no segundo tiro penal, antes do intervalo, representou, para os árabes, uma vantagem numérica aproveitada no segundo tempo. Para o rubro-negro, a primeira eliminação de um brasileiro frente a um asiático na história da competição.

Aos brasileiros resta esperar o rival no duelo de terceiro lugar, neste sábado (11/2), às 12h30, no Estádio Príncipe Moulay Abdellah, em Rabat, mesmo campo da final, às 16h. A decisão das vagas restantes também será na capital marroquina, nesta quarta-feira (8/2), às 16h, entre os espanhóis do Real Madrid e o Al Ahly, do Egito.

O jogo

A atitude inicial dos sauditas de atacar no território flamenguista rendeu frutos já de cara. Na primeira oportunidade, o argentino Luciano Vietto teve bola na área, conduziu pela esquerda e foi derrubado por Matheusinho, com o romeno István Kovács apontando pênalti sem lugar a dúvida. Salem Al-Dawsari conferiu e abriu o placar.

Aos poucos, o Fla conseguia achar oportunidades de passe e dribles para quebrar as primeiras linhas de marcação, optando pelo jogo físico e às vezes faltoso para barrar possíveis contra-ataques. Territorialmente, o jogo se concentrava entre o círculo central e o limite de área dos orientais.

Sem muita resistência, os cariocas encontravam espaço para ter ocasiões de gol. Aos 14, Gerson caiu na área e o árbitro mostrou o cartão amarelo para o volante por simulação após a marcação de impedimento. Em seguida, Gabigol foi advertido por reclamação. O empate rubro-negro apareceu aos 19, com Matheuzinho compensando a falta penal com uma assistência para um chute tranquilo e com a categoria digna de Pedro: 1 x 1.

O confronto seguiu faltoso, com os árabes enfrentando dificuldades para ligar jogadas e os brasileiros mais conservadores, aguardando seu instante para voltar a investir ofensivamente na partida. Por volta de meia hora, o Fla voltou a subir linhas. Aos 31, Ayrton Lucas sofreu entrada forte e legal de Saud Abdulhamid, com o jogo parado por três minutos em atendimento ao lateral-esquerdo, que em seguida voltou à ação.

Apenas aos 37 minutos houve nova oportunidade perigosa, com o próprio camisa seis entrando pelo lado esquerdo da área e finalizando mascado. No rebote, a bola ficou pendurada entre Gerson, Gabriel e o goleiro Abdullah Al-Mayouf, que conteve a bola e evitou a virada. No restante do primeiro tempo, não houve mais que pressão flamenguista rechaçada e dificuldade árabe em criar jogadas de ataque.

Entretanto, um lance capital viria justo nos segundos finais. Vietto voltou a invadir a área e foi mais uma vez derrubado, desta vez por Gerson. Após longa conferência no VAR, mais um pênalti foi marcado e, novamente, Salem Al-Dawsari converteu para dar a vantagem aos asiáticos.

Para reparar o dano arbitral e físico, Vítor Pereira voltou a campo com Fabrício Bruno no lugar do lesionado Léo Pereira e Erick Pulgar suprindo Giorgian de Arrascaeta. Os primeiros instantes foram de um jogo mais aberto, com os sauditas se permitindo a trocar mais passes no meio de campo, diante de um Flamengo visivelmente preocupado e pressionado pela circunstância.

Os ares não favoreciam em nada aos brasileiros, menos criativos. O Al-Hilal aproveitou para atacar com perigo aos 14 minutos, com Moussa Marega invadindo a área, levando à linha de fundo e cruzando rasteiro para a linha da pequena área, de onde Khalifah Al-Dawsari chutou contra o travessão, perdendo grande oportunidade. Os sul-americanos atacaram aos 18, em cruzamento de Matheuzinho para cabeçada frustrada de Gabriel.

Os passes errados faziam o relógio passar cruelmente mais rápido contra os cariocas, e em quaisquer lados os asiáticos tocavam a bola e pouco permitiam jogo aos latinos. Logo, veio o golpe de misericórdia, aos 24 minutos, com Vietto recebendo em contra-ataque na direita da área e finalizando forte, sem chance para Santos.

Após o gol, o técnico português buscou alternativas em Vidal e Everton Cebolinha, mas sem ver aumento no ímpeto da equipe, comprovando a expulsão de um de seus companheiros sentida no intervalo. Para apimentar o final, Pedro voltou a mostrar oportunismo para guardar outra bola na rede aos 45 da etapa final. A pressão foi suportada pelos árabes nos seis minutos restantes de acréscimos, fazendo do Flamengo mais um integrante do clube dos vexames sul-americanos nos Mundiais.

Ficha técnica:

MUNDIAL DE CLUBES
Semifinal
Flamengo 2 x 3 Al-Hilal
Estádio Ibn Batouta, Tânger, Marrocos

Flamengo

Santos; Matheuzinho, David Luiz, Léo Pereira (Fabrício Bruno) e Ayrton Lucas; Thiago Maia (Vidal), Gerson, Everton Ribeiro (Everton Cebolinha) e Arrascaeta (Pulgar); Gabriel e Pedro. Técnico: Vítor Pereira

Al-Hilal

Al-Mayouf; Abdulhamid, Jang Hyung-Soo, Al-Boleahi e Khalifah Al-Dawsari (Nasser Al-Dawsari); Cuéllar, Carrillo e Salem Al-Dawsari; Vietto (Jahfali), Marega e Ighalo (Michael). Técnico: Ramón Díaz

Gols: Salem Al-Dawsari, aos três e aos 54 minutos do 1º tempo, e Vietto, aos 24 minutos do 2º tempo (Al-Hilal); Pedro, aos 19 minutos do 1º tempo e aos 45 minutos do 2º tempo (Flamengo)

Cartões amarelos: Gabriel, David Luiz, Pulgar e Thiago Maia (Flamengo); Vietto, Khalifah Al-Dawsari e Jahfari (Al-Hilal)

Cartão vermelho: Gerson, por dois cartões amarelos (Flamengo)

Arbitragem: István Kovács (Romênia)

* Estagiário sob supervisão de Danilo Queiroz

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