A comunidade gamer segue evidente mundo afora, com seu crescimento ano após ano. Um dos grandes jogos de sucesso é dono de um dos maiores campeonatos mundiais eletrônicos: o primeiro Major de Counter Strike: Global Offensive (CS:GO) de 2023, está marcado para o mês de maio, sendo sediado em Paris. Em meio a este evento, o governo da França, suportado pelo seu Ministério dos Esportes, criou um visto internacional para atletas de e-Sports, independente do game a ser disputado.
Porém, mesmo com este fenômeno abrangendo a realidade brasileira, a recente afirmação da ministra dos Esportes, Ana Moser, sobre a categoria, criou polêmica e contrariedade por parte da classe dos desportos eletrônicos. “A meu ver, é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então você se diverte jogando videogame, você se divertiu. O atleta de e-Sports treina, mas a Ivete Sangalo também treina para dar show e ele não é atleta, ela é uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, diferente do esporte”, disse a oficial da pasta federal no último dia 10 de janeiro.
Alguns especialistas, dentro ou fora do mundo esportivo, discordam da executiva. Para o advogado em direito da nacionalidade e das migrações, Rafael Teixeira, a fala vai de contra a uma evolução global. “Sem dúvidas é um contrassenso ao praticado a nível internacional. Um esporte não pode ser definido apenas pelo terreno onde é disputado. O esporte envolve regulamentação, competitividade e preparação. Isso tudo encontramos no e-Sports e em todos os demais. Há anos tratamos o xadrez como esporte. Vivemos uma Era Digital que nos impõe reflexões para evoluirmos como sociedade a fim de abraçar ao máximo todos os cidadãos em suas habilidades de alta performance”, explica.
A medida francesa demonstra uma abertura nas migrações mundiais, para além do crescente mercado desta categoria. “Não me parece que a política migratória brasileira, há anos, busca investir em mão de obra estrangeira para o desenvolvimento de uma modalidade no Brasil. Basta lembrarmos dos milhares e polêmicos comentários acerca da existência de técnicos portugueses no futebol brasileiro. Sem dúvida seria importante: o intercâmbio cultural é fundamental em todas as modalidades, inclusive. Mas no que toca a política migratória e esportiva brasileira, infelizmente, o país não dá sinais de abertura internacional”, descreve Rafael.
A organização do país europeu pretende criar, ao fim de 2024, a Semana dos e-Sports Olímpicos. A ideia se dará depois da realização das Olimpíadas e das Paralimpíadas na capital franca, como indicativo de introdução e abrangência da categoria no meio esportivo geral.
*Estagiário sob supervisão de Danilo Queiroz