e-Sports

Brasil encontra-se distante de abertura para o mundo dos e-Sports

Prévio ao primeiro grande campeonato mundial de Counter Strike do ano, ministério dos esportes francês flexibiliza visto especial para jogadores. Em contrapartida, especialista observa um atraso na abrangência da modalidade pelas entidades nacionais

Paulo Martins*
postado em 19/01/2023 14:12 / atualizado em 19/01/2023 14:23
O Major de Counter Strike é um dos maiores eventos do mundo dos e-Sports. Edição de Paris-2023 contará com vistos especiais para a chegada de jogadores de todo planeta -  (crédito: TOBIAS SCHWARZ)
O Major de Counter Strike é um dos maiores eventos do mundo dos e-Sports. Edição de Paris-2023 contará com vistos especiais para a chegada de jogadores de todo planeta - (crédito: TOBIAS SCHWARZ)

A comunidade gamer segue evidente mundo afora, com seu crescimento ano após ano. Um dos grandes jogos de sucesso é dono de um dos maiores campeonatos mundiais eletrônicos: o primeiro Major de Counter Strike: Global Offensive (CS:GO) de 2023, está marcado para o mês de maio, sendo sediado em Paris. Em meio a este evento, o governo da França, suportado pelo seu Ministério dos Esportes, criou um visto internacional para atletas de e-Sports, independente do game a ser disputado.

Porém, mesmo com este fenômeno abrangendo a realidade brasileira, a recente afirmação da ministra dos Esportes, Ana Moser, sobre a categoria, criou polêmica e contrariedade por parte da classe dos desportos eletrônicos. “A meu ver, é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então você se diverte jogando videogame, você se divertiu. O atleta de e-Sports treina, mas a Ivete Sangalo também treina para dar show e ele não é atleta, ela é uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, diferente do esporte”, disse a oficial da pasta federal no último dia 10 de janeiro.

Alguns especialistas, dentro ou fora do mundo esportivo, discordam da executiva. Para o advogado em direito da nacionalidade e das migrações, Rafael Teixeira, a fala vai de contra a uma evolução global. “Sem dúvidas é um contrassenso ao praticado a nível internacional. Um esporte não pode ser definido apenas pelo terreno onde é disputado. O esporte envolve regulamentação, competitividade e preparação. Isso tudo encontramos no e-Sports e em todos os demais. Há anos tratamos o xadrez como esporte. Vivemos uma Era Digital que nos impõe reflexões para evoluirmos como sociedade a fim de abraçar ao máximo todos os cidadãos em suas habilidades de alta performance”, explica.

A medida francesa demonstra uma abertura nas migrações mundiais, para além do crescente mercado desta categoria. “Não me parece que a política migratória brasileira, há anos, busca investir em mão de obra estrangeira para o desenvolvimento de uma modalidade no Brasil. Basta lembrarmos dos milhares e polêmicos comentários acerca da existência de técnicos portugueses no futebol brasileiro. Sem dúvida seria importante: o intercâmbio cultural é fundamental em todas as modalidades, inclusive. Mas no que toca a política migratória e esportiva brasileira, infelizmente, o país não dá sinais de abertura internacional”, descreve Rafael.

A organização do país europeu pretende criar, ao fim de 2024, a Semana dos e-Sports Olímpicos. A ideia se dará depois da realização das Olimpíadas e das Paralimpíadas na capital franca, como indicativo de introdução e abrangência da categoria no meio esportivo geral.

*Estagiário sob supervisão de Danilo Queiroz

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