Lusail — Lionel Scaloni surgiu na sala de conferências do Estádio Icônico de Lusail vestido como se não fosse técnico. Usava tênis, calça de moletom e uma camisa da seleção. Perfil de boleiro, mesmo. De quem foi lateral-direito e conquistou o Mundial Sub-20 em 1997. Inclusive, fazendo gol contra o Brasil nas semifinais. Antes de ascender à bancada, recebeu um forte abraço de um colega, seguido por aplausos da imprensa argentina. Humilde, disse na entrevista que não se sente à altura de César Menotti e Carlos Bilardo, mentores das duas conquistas anteriores, em 1978 e 1986. Porém, a Scaloneta está consagrada.
Questionado sobre a melhor final da história, ele admitiu, mas lamentou. "O jogo foi uma loucura. Poderíamos ter encerrado nos 90 minutos, mas não tivemos essa sorte", disse, antes de confessar: "Não estava nos meus planos ser campeão mundial, mas sou. É lindo".
Houve insistência sobre as alternativas que se apresentaram durante a partida e Scaloni deixou ainda mais claro a frustração por não ter resolvido a decisão com bola rolando. "Deveríamos ter ganhado no tempo regulamentar ou na prorrogação. Deixamos a França empatar, mais ou menos como foi contra a Holanda, e corremos riscos", queixou-se.
Ao saber das notícias sobre a festa em Buenos Aires, o técnico se emocionou. "Esses atletas jogam para o povo, por um país. Não há orgulho maior do que esse. Entendemos o que realmente tínhamos que fazer em campo. Fomos campeões merecidamente", ressaltou.
Enquanto saboreava o título, Scaloni foi questionado sobre as críticas de Mbappé ao futebol sul-americano. O atacante disse no meio do ano que o futebol sul-americano é inferior ao europeu. "Não quero polêmicas entre europeus e sul-americanos. As seleções são de alto nível. Por um detalhe ou outro, a América do Sul não conquistava o título", ponderou.
Scaloni também lembrou do amigo Maradona. "Uma pena ele não estar entre nós. Certamente, se estivesse no estádio, ele teria desfrutado desse momento. Tomara que esteja desfrutando", afirmou o treinador.
Messi anunciou que não disputará a próxima Copa, mas revelou, em meio à festa, que deseja disputar outras partidas com a seleção. "Ele ganhou o direito de decidir o que quer fazer da carreira futebolística e com a seleção. O que ele passa ao grupo é incrível. Eu nunca vi uma pessoa tão influente", elogiou Scaloni.
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Decisivo, Di María não segura a emoção
O técnico Lionel Scaloni surpreendeu ao escalar Ángel Di María entre os titulares na decisão de ontem contra a França. Aos 34 anos, o atacante não só contrariou os prognósticos, como calou os críticos com participações diretas em dois dos três gols marcados pelos hermanos com a bola rolando no Estádio Icônico Lusail. A atuação arrebatadores no primeiro tempo levou o craque às lágrimas e o colocou na prateleira dos jogadores mais decisivos do país.
A seleção argentina parece seguir uma receita em decisões. Vale taça? Chama o Di María. Além do tri da Copa do Mundo, os sucessos alvicelestes nas finais dos Jogos Olímpicos Pequim-2008, Copa América 2021 e Finalíssima 2022 também tiveram a assinatura do talento forjado em Rosário, mesma cidade do ídolo e companheiro de conquista: Lionel Messi.
A exibição de gala pelo tapete verde da arena da mais importante arena do Mundial mais caro da história foi digna de um fechamento de ciclo. O confronto contra a atual campeã França marcou o adeus do atacante após 14 anos de serviços prestados, com 129 partidas e 29 bolas na rede. Ele lavou a alma e se livrou de assombrações, como a do vice-campeonato da Copa para a Alemanha, há oito anos, no Maracanã. À época, uma lesão na coxa o impossibilitou de mudar a história.
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