Os destinos da França e Marrocos estão prestes a se cruzarem na semifinal da Copa do Mundo Qatar-2022. Na quarta-feira (14/12), às 16h, os dos países levam ao campo do Estádio Al Bayt, uma rivalidade histórica muito além das quatro linhas e que os fazem dividir um personagem de grande relevância no cenário internacional: o ex-atacante Just Fontaine.
Maior artilheiro da França na história das Copas do Mundo, com 13 gols, Just Fontaine nasceu em Marrocos, quando o país ainda era colonizado pelos franceses. O ex-atacante disputou somente a edição de 1958, na Suécia, mas balançou as redes em todos os jogos. Ninguém marcou mais vezes do que o franco-marroquino em um único Mundial.
Fontaine iniciou a carreira no Casablanca, em 1950, onde conquistou o Campeonato Marroquino e a Copa dos Campeões do Norte da África. A marca de 62 gols em 48 jogos chamou a atenção e, três anos depois, o marroquino foi contratado pelo Nice e começou a história pela França. O ex-jogador balançou as redes 42 vezes em 69 confrontos, além de levantar a taça de campeão da Copa da França de 1954. Em 1956, transferiu-se foi para o Reims, onde conquistou a segunda Copa da França, a Supercopa e o Campeonato Francês três vezes.
A história de Fontaine pela seleção francesa começou durante as eliminatórias para Copa do Mundo de 1954 e logo na primeira partida, contra Luxemburgo, ele marcou um hat-trick. O marroquino, porém, ficou fora daquela edição e só teve oportunidade na edição seguinte, em 1958, na Suécia. Ele marcou em todos os confrontos e os primeiros três gols saíram na estreia diante do Paraguai.
Contra o Brasil, na fase da seguinte, Fontaine até deixou a sua marca, mas não conseguiu impedir a derrota da seleção francesa por 5 x 2, em duelo com três gols de Pelé. Na disputa pelo terceiro lugar, o atacante marcou quatro vezes contra a Alemanha Ocidental, sagrando-se o jogador a marcar mais vezes em uma única edição da Copa do Mundo.
Em tese, o encontro entre França e Marrocos na semifinal do Mundial do Catar deveria mexer com o coração de Fontaine. No entanto, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em dezembro de 1997, o ex-jogador revelou que não teria dificuldade para escolher um lado.
"Eu sou francês. Tenho simpatias por Marrocos. É a minha segunda equipe. Mas eu torço também pelo Brasil. Acima de tudo eu gosto de bom futebol", ressaltou na ocasião.
À época, o Fontaine já falava sobre a evolução do futebol africano. "As chances aumentam com o tempo. Agora eles têm bons jogadores, que atuam no exterior e, se treinarem e se alimentarem como os europeus ou brasileiros, podem se impor. Não há raça superior no futebol", analisou há 26 anos.
Apesar da dinastia construída por Fontaine na edição de 1958, um jovem ameaçar quebrar as marcas. Com nove gols em duas edições, — cinco deles na atual disputa —, o astro Kylian Mbappé, de 23 anos, arrisca ultrapassar o pioneiro francês na artilharia do país na principal competição do planeta bola.
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*Estagiário sob a supervisão de Victor Parrini