Além da carga histórica na classificação no duelo contra a Espanha, nas oitavas de final da Copa do Mundo Qatar-2022, a seleção de Marrocos logrou um feito numérico interessante. Os norte-africanos se tornaram a 11º equipe de uma confederação sem títulos da competição, ou seja, selecionados de África, Ásia, Oceania, América do Norte, América Central e Caribe, a chegar nas quartas de final.
Considerando apenas o continente dos marroquinos, esta é a quarta participação nesta instância, desde 1990. Com isso, os africanos ficam a uma participação da Concacaf, representantes do norte e do centro americanos. Além disso, a Ásia já alcançou esta etapa em duas ocasiões.
Vale ressaltar que cinco das 22 edições do Mundial não tiveram as quartas de final, sendo definidas em outros formatos. Isso aconteceu nos anos de 1930, 1950, 1974, 1978 e 1982. A campanha com mais participações “intrusas” na história das Copas ocorreu em 2002, com um total de três participantes: um norte-americano, um africano e um asiático. Relembre, agora, os Mundiais com as surpresas nesta instância aguda.
França-1938 — Apesar de não ser tradicional mesmo em seu continente neste esporte, a seleção de Cuba foi a primeira a chegar a este nível surpreendente. Entrando diretamente nas oitavas, os caribenhos empataram a três tentos com a Romênia e avançaram nos pênaltis. Em seguida, a formação cubana foi presa fácil para a Suécia, ao cair por 8 x 0.
Inglaterra-1966 — A novidade desta vez foi a Coreia do Norte. Após perder para a União Soviética e empatar com o Chile, os norte-coreanos tiveram a partida mais marcante de sua história ao bater a Itália por 1 x 0, em Middlesbrough. No jogo seguinte, uma chuva de gols na queda por 5 x 3 diante de Portugal fez a história se encerrar dignamente.
México-1970 — Contando com a força do Estádio Azteca, os mexicanos foram fortes na fase de grupos em sua Copa do Mundo em casa. Após empatar sem gols com os soviéticos, os anfitriões golearam El Salvador por 4 x 0 e superaram a Bélgica pela diferença mínima. No Nuevo León, em Toluca, os italianos não tomaram conhecimento dos locais e aplicaram 4 x 1. Ironicamente, o mesmo placar pelo qual perderiam a final para o Brasil, dias depois.
México-1986 — Doze anos depois, os mesmos astecas voltaram a mostrar boa atuação em sua casa. Despacharam novamente os belgas por 2 x 1, empataram a um gol com o Paraguai e bateram o Iraque por um tento solitário para se classificar em primeiro. Nas oitavas de final, a vítima foi a Bulgária, por 2 x 0. No quinto jogo, dolorosa eliminação nos pênaltis para a Alemanha Ocidental, após placar em branco no tempo regulamentar.
Itália-1990 — O primeiro africano a aparecer nesta lista é Camarões. Os Leões Indomáveis surpreenderam em um grupo complicado e passaram em primeiro, ao vencer a Argentina por 1 x 0 e a Romênia por 2 x 1, apesar de sofrer 4 x 0 para a União Soviética na rodada final, na despedida soviética dos Mundiais. Na quarta partida, vitória na prorrogação contra a Colômbia, com dois gols de Roger Milla. Em seguida, também no tempo extra, azar contra a Inglaterra, ao cair por 3 x 2.
Japão/Coreia do Sul-2002 — Surpresa tripla, incluindo os anfitriões, na primeira Copa compartilhada da história. Os sul-coreanos avançaram de forma polêmica até as semifinais daquela edição, fechando com o quarto lugar ao despachar Itália e Espanha, perdendo para Brasil e Turquia, na sequência.
Os Estados Unidos fizeram sua melhor campanha dois mundiais após sediar uma edição. Passando em grupo com Portugal, Coreia do Sul e Polônia, os estadunidenses bateram o México no clássico por 2 x 0 e caíram apenas para a Alemanha, por 1 x 0. Senegal foi o primeiro africano a se meter nas quartas, de forma surpreendente: despachou Uruguai e França, ganhando dos mesmos em sua estreia na Copa. Logo, superou a Suécia na prorrogação antes de perder, do mesmo jeito, contra os turcos.
África do Sul-2010 — Representante no continente anfitrião, os ganeses foram a bola da vez, antes de contar com o azar de uma mão na bola. Classificando-se em segundo no grupo de Alemanha, Austrália e Sérvia, as Estrelas Negras tiraram os Estados Unidos no tempo extra nas oitavas até se depararem com os uruguaios nas quartas. Luis Suárez, de mão e sem ser goleiro, e Loco Abreu, de cavadinha, impediram o caminho às semifinais.
Brasil-2014 — A epopeia costarriquenha é conhecida. Los Ticos passaram do chamado “grupo da morte”, com Uruguai, Inglaterra e Itália, despacharam os gregos nos pênaltis, com brilho de Keylor Navas e, desde a cal, perderam a vaga para as meias-finais contra a Holanda, por Tim Krul, goleiro reserva escolhido por Louis van Gaal.
*Estagiário sob supervisão de Victor Parrini
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