A detenção do humorista Fábio Rabin, ocorrida na segunda-feira (5/12) no estádio em que a Seleção Brasileira enfrentava a Coreia do Sul, tornou-se assunto para o setor de maior escalão do governo do Catar. Após a denúncia do comediante em live no Instagram e dos relatos de ter sido ameaçado com uma arma pelos policiais catares, o Comitê Supremo do governo do Catar entrou em contato com a embaixada brasileira em Doha para falar sobre o ocorrido.
De acordo com o Uol, o governo catari queria saber se Fábio registrou uma reclamação formal sobre o caso. A embaixada negou e, com isso, o governo decidiu não se pronunciar sobre o caso. Ao Correio, o Itamaraty, em contato com a Embaixada do Brasil em Doha, afirmaram que "tem conhecimento do caso e permanece à disposição para prestar a assistência cabível ao nacional brasileiro, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local".
Questionados se Fábio fez uma queixa formal na embaixada, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou que "não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros", devido à privacidade de dados prevista em lei.
Antes do jogo do Brasil de segunda-feira, Fábio, que está no Catar, foi detido por estar embriagado durante um “esquenta” da torcida brasileira, uma infração grave contra a lei do país, que, na Copa, só permite o uso de álcool em locais específicos — os estádios, no entanto, não são um desses lugares. O comediante foi levado pelos policiais a um local em que são reunidos os infratores deste tipo de crime, conhecida como “tenda da sobriedade”.
Lá, Fábio começou a transmitir uma live no Instagram onde contou a situação e disse se sentir ameaçado. Ele foi interrompido por um policial e desligou a transmissão. Ele foi resgatado por um repórter da Uol, Adriano Wilkson, que está no país e soube do caso. Adriano contou que Fábio estava em pânico e não conseguia se comunicar com a polícia. O jornalista contou que o comediante estava com ele e os policiais pediram para ele “tirá-lo de lá”.
"Encontrei o Rabin cercado por três ou quatro policiais, eles estavam conversando e o Rabin estava chorando muito, dizendo que não sabia o que fazer, que estava desesperado. Eu disse que conhecia o Rabin e os policiais falaram que era para tirar ele dali. Ele estava muito transtornado, dizendo que estava com medo, e fomos caminhando até o metrô", relatou Wilkson ao Uol.
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Nesse momento, Fábio fez uma nova transmissão, aos prantos, onde contou que estava livre e que achou “que nunca veria minha filha novamente”. Ele também fez várias acusações contra a polícia e a abordagem feita pela corporação.
"Eu tô feliz que não estou morto. Juro por Deus. Fiquei trancado numa sala com esses caras. Liguei uma live lá e acho que se eu não tivesse ligado a live estava morto a esta hora, eu e um cara", acrescentou no vídeo.
De acordo com o jornalista da Uol, após deixar Fábio no hotel, ele descobriu que a tenda da sobriedade é um local improvisado “onde a polícia leva os torcedores que estão bêbados até que passe o porre”. A tática faz parte de uma suavização da lei do Catar, que, em tempos comuns, aplicar pena de prisão de até seis meses e/ou multa de 3 mil reais cataris (o equivalente a R 4,5 mil) para quem for encontrado embriagado em via pública.
O Correio entrou em contato com o Itamaraty e a embaixada do Brasil em Doha, mas não obteve resposta até a última atualização dessa matéria. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.
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