Doha — A Fifa está pronta para trocar gramados na Copa do Mundo, tem um plano de emergência elaborado para isso, mas dificilmente o colocará em ação sem a comprovada necessidade. Pressionada pelo Brasil a dar explicações sobre o piso do Estádio 974 na vitória por 1 x 0 contra a Suíça, a entidade máxima do futebol previu o desgaste dos campos em uma versão atípica do torneio. São 64 jogos em 29 dias em oito estádios em um raio de 50km no deserto do Oriente Médio. No entanto, esse não é o principal problema.
O Correio conversou com duas fontes que participaram do processo de preparação dos gramados para a Copa do Catar. Ambos são unânimes em apontar as arquiteturas inovadoras das arenas como inimigas da conservação do campo. Os projetos de engenharia preveem coberturas cada vez mais fechadas. Consequentemente, menos sombra, falta de iluminação natural e limitação para compensar o deficit com luz artificial.
Alertados sobre o problema com base nas edições disputadas no Brasil e na Rússia, a Fifa e o Catar decidiram instalar pelo menos dois gramados reservas a menos de 500m de cada arena da Copa. É possível visualizá-los, principalmente, em imagens aéreas. Alguns, como Al Thunama, contam com 11 estepes para casos de emergência na competição.
Uma das fontes com a qual a reportagem conversou explica que a "turf farm" é um gramado da mesma espécie de todos os outros (Paspalum platinum), construído à imagem e semelhança dos campos disponíveis nos estádios. Basta transportá-los para dentro do campo e substituí-los se necessário. A percepção do interlocutor é de que a Fifa dificilmente trocará o carpete durante o torneio. No entanto, a pressão por qualidade deve aumentar.
A reportagem apurou que cada um dos oito gramados da Copa do Mundo do Qatar custou US$ 4 milhões (R$ 20,8 milhões). No total, R$ 166,4 milhões, O investimento nos campos reservas localizados a menos de 1km das arenas custaram US$ 1 milhão (R$ 5,2 milhões).
Responsáveis
Duas empresas foram responsáveis pela construção dos campos. A brasileira Greenleaf assumiu o Al-Bayt, palco da abertura, além do Al Thumana, Ahmad Bin Ali, Al Janoub e Education City. A britânica SIS, com sede na Irlanda do Norte, prestou serviços para o Estádio 974, o Khalifa International Stadium e o Lusail Stadium, palco da finalíssima.
Saiba Mais
As maiores preocupações são com as arenas da firma irlandesa. Menos por culpa da empresa e mais devido à sequência insana de jogos. Questionado pelo Brasil, o Estádio 974 tem na agenda sete jogos em 14 dias, média de um jogo a cada dois dias. A arena receberá o duelo da Seleção nas oitavas de final contra o segundo colocado do Grupo H.
Anfitriões da final e da decisão do terceiro lugar, o Lusail Stadium e o International Khalifa são os mais propensos a receber troca de gramado. Cenário da final, o Lusail tem 10 jogos marcados. Um exagero na comparação com os principais palcos dos últimos dois mundiais. Em 2014, o Maracanã abrigou sete partidas. Há quatro anos e meio, o Luzhniki, em Moscou, tolerou a mesma quantidade de partidas. O Lusail receberá três a mais. Na versão passada, o gramado do Luzhniki teve três dias de folga para respirar. Aqui no Catar, o maior período de repouso do Lusail será de quatro dias antes das oitavas de final.
O Khalifa International Stadium começa a preocupar. A qualidade do gramado passou a ser questionada depois de o palco receber cinco jogos em nove dias. O último deles entre Equador e Senegal. Alguns jogadores e comissões técnicas torceram o nariz para o piso. Curiosamente, essa é a primeira Copa com proibição de treino no local da partida.
Cobertura do Correio Braziliense
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!
Newsletter
Assine a newsletter do Correio Braziliense. E fique bem informado sobre as principais notícias do dia, no começo da manhã. Clique aqui.
Guia da Copa
Baixe o Guia da Copa preparado pelo Correio Braziliense. Clique aqui.