Lá se vão 14 dias desde a eliminação do Brasil da Copa do Mundo Qatar-2022 nos pênaltis por 4 x 2 contra a Croácia no Estádio da Educação e a Seleção continua sem pé nem cabeça para o início do ciclo rumo ao Canadá, Estados Unidos e México em 2026. A pergunta que não cala é: por que o processo de decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está aparentemente lento? É somente escassez de opções? Também, mas vai um pouco além disso.
Eleito no início deste ano, o presidente Ednaldo Rodrigues jamais teve a missão de escolher um técnico. É novidade na carreira de quem sempre esteve mais nos bastidores e menos na linha de frente na carreira de dirigente esportivo. Ele jamais foi submetido a uma pressão como essa quando esteve à frente da liga de futebol amador de sua terra natal, Vitória da Conquista, nem mesmo no período em que presidiu a Federação Baiana de Futebol. O Correio falou com pessoas próximas a Ednaldo e todas foram unânimes em afirmar que é a escolha mais importante da carreira dele. Daí a demora para avançar no processo de escolha. O presidente deixou claro desde o início que o sucessor de Tite só sairá do papel em 2023. A reportagem apurou que o novo treinador será definido a partir de 10 de janeiro. Antes disso é pouco provável. Como diz o ditado, o presidente descansa carregando pedra. Tem feito contatos no recesso da entidade máxima do futebol em uma virada de ano agitada para quem ocupa o cargo há apenas nove meses.
Quem conhece Ednaldo Rodrigues há tempos afirma que ele é desconfiado. Não se abre tão facilmente. O presidente tem dito, inclusive, que tomará a decisão praticamente sozinho. Ele e Deus. Não quer errar. Reconhece o peso do desgaste causado por crises na Seleção. A ascensão de Tite, por exemplo, após receber até beijo no rosto do então presidente Marco Polo Del Nero, em 2016, ajudou a blindar temporariamente o dirigente.
Os bons resultados nas Eliminatórias e o título da Copa América de 2019 também amenizavam a crise administrativa na gestão de Rogério Caboclo, porém o vice na edição seguinte do torneio continental contra a Argentina, em casa, por 1 x 0, no Maracanã, e as denúncias de assédio sexual e moral contra Caboclo o derrubaram do trono.
Ednaldo Rodrigues pensa de forma pragmática. Deseja se cercar de profissionais competentes capazes de funcionarem como um escudo à prova de balas. A reestruturação precisa começar de cima para baixo na estrutura da Seleção. A caça aos nomes tem sido criteriosa a fim de evitar terceirizações como a do início da era Ricardo Teixeira. Ao assumir a CBF em 1989, o então presidente delegou a unção de seu primeiro técnico a Eurico Miranda. O dirigente apontou Sebastião Lazaroni, com quem havia tido sucesso em conquistas do Campeonato Carioca no Vasco. Paulo Roberto Falcão, sim, foi o primeiro nome apontado por Ricardo Teixeira depois do fracasso na Itália.
Leitor assíduo
Ednaldo Rodrigues acompanha a imprensa. Lê de cabo a rabo o clipping elaborado pela assessoria de imprensa pessoal e tira as próprias conclusões. Tem sido assim no pós-Copa. Uma fonte com a qual a reportagem conversou reforça que Ednaldo Rodrigues tem tomado a decisão de maneira isolada. O interlocutor inclusive se mostrou preocupado com o estilo centralizador do dirigente, mas deixou claro a torcida para que tudo dê certo.
Sobre a possível contratação de um técnico estrangeiro, a possibilidade não está descartada, porém os valores pedidos por alguns treinadores mapeados tem assustado a CBF.
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