Doha — A quatro meses da eleição da Fifa marcada para Kigali, capital de Ruanda, em 16 de março, o presidente Gianni Infantino anunciou nesta sexta-feira um pacote de bondades contendo da criação de torneios e abertura de janelas para amistosos ao aumento do orçamento da entidade máxima do futebol para o quadriênio de 2023 a 2026 na tentativa de agradar a todos, conquistar mais votos e fortalecer a candidatura ao segundo de três mandatos possíveis. O período de 2016 a 2019, depois da queda do antecessor Joseph Blatter causada pela Operação Fifagate, não entra na contagem de acordo com o Comitê de Governança, Auditoria e Conformidade.
Mesmo com um calendário achatado, Infantino prometeu um novo Mundial de Clubes para 2025 com os os 32 melhores times do mundo, a criação de uma versão feminina do torneio com 16 times, o lançamento do Mundial Feminino de Futsal e confirmou dois possíveis formatos para primeira fase da Copa do Mundo de 2026, no Canadá, Estados Unidos e México. O primeiro com 16 grupos de três seleções cada. Duas avançariam ao mata-mata em 16 avos, seguido de oitavas, quartas, semi e final. A outra possibilidade são 12 chaves com quatro países cada. Dois avançariam ao mata-mata além de oito terceiros colocados. Os anfitriões estão automaticamente garantidos. Restam 45 vagas para as Eliminatórias.
O pacote de bondades também inclui dinheiro para movimentar os 211 filiados à Família Fifa. A previsão inicial do orçamento da Fifa para o quadriênio de 2023 a 2026 era de US$ 7,5 bilhões — US$ 1 bilhão a mais do que a projeção anterior. No entanto, o Conselho da Fifa aprovou um montante bastante superior na casa de US$ 11 bilhões. Do total, cerca de US$ 9,7 bilhões serão destinados exclusivamente a investimentos em futebol.
Vai sair do papel?
A reunião do conselho atrasou em uma hora a entrevista de Gianni Infantino. Anterior à entrada dele no estádio virtual, como é chamada a sala de conferência do Qatar National Convention Centre, o QG da Ffa em Doha, o encontro do Conselho da entidade máxima do futebol reúne 28 dirigentes escolhidos pelas seis confederações (UEFA, Conmebol, Concacaf, CAF, AFC e OFC), oito vice-presidentes da Fifa e o presidente Gianni Infantino.
Algumas propostas de Infantino são velhas e encontram dificuldade para sair do papel. A ideia do Mundial de Clubes se arrasta desde 2021. O plano, inclusive, era para que fosse disputado na China. O plano inicial não prosperou. Infantino quer o torneio a cada quatro anos ocupando o vácuo deixado pela extinta Copa das Confederações. Disputado até 2017, o evento-teste para a Copa do Mundo saiu definitivamente do calendário.
“Haverá uma Copa do Mundo de Clubes com 32 clubes a cada quatro anos. A primeira, em 2025. Vai ser como o atual formato da Copa do Mundo de seleções”, afirmou Infantino, sem esclarecer como funcionará a distribuição das vagas para o torneio. Ele apenas respondeu: “Serão os 32 melhores times do mundo”, encerrou.
A atual versão do Mundial de Clubes da Fifa, cuja próxima edição está confirmada para Marrocos e contará, entre outros, com as participações de Flamengo e Real Madrid, reúne sete equipes. A próxima edição será disputada em Agadir e Marrakesh no período de 1º a 11 de fevereiro. Marrocos receberá o evento pela terceira vez. O país havia sido sede em 2013 e em 2014 nas conquistas, respectivamente, do Bayern de Munique e do River Plate.
Uma possível inovação na gestão de Infantino é a criação do Mundial de Clubes feminino. Durante a entrevista, o cartola fez questão de frisar que a Fifa é uma entidade global e não pode discriminar ninguém. Há competições femininas continentais, mas não um Mundial. Atento às demandas do futebol feminino, Infantino também defendeu o aumento da quantidade de seleções no torneio feminino nos Jogos Olímpicos de 12 para 16 países. A proposta depende obviamente do aval do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Copa 2026
A quatro anos da Copa do Mundo no Canadá, Estados Unidos e México, a Fifa segue batendo cabeça no que diz respeito ao formato da próxima edição. O presidente Gianni Infantino recuou em relação ao discurso anterior, quando parecia praticamente convicto.
“Ao anunciarmos a Copa do Mundo com 48 times, decidimos que seria com 16 grupos de três. Mas preciso dizer aqui o seguinte: vamos discutir isso. Os grupos de quatro são incríveis, com emoção até o último minuto. Precisamos rediscutir o formato. Podem ser 12 grupos de quatro. A questão do formato entrará na agenda dos próximos encontros", disse.
O maior adversário do formato com 16 grupos de três é a possibilidade de partidas arranjadas, os chamados jogos de compadres para avançar à segunda fase. Infantino não levou o assunto adiante e disse que confia na transparência das seleções.
A reunião do conselho também agendou para 2024 a escolha da sede da edição centenária da Copa do Mundo. O edital da concorrência será publicado no início de 2023 com as regras para os países candidatos. Há combos como Espanha e Portugal e outros maiores como um da América do Sul formado por Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.
Datas Fifa
Uma outra novidade para os próximos anos pode ser a criação de um janelão de amistosos para seleções em anos pares batizado de World Series. “Temos que ver uma forma de países de outros continentes enfrentarem os melhores”, afirmou Infantino diante das críticas ao isolamento, principalmente, dos europeus, depois da criação da Nations League. O Brasil, por exemplo, enfrentou apenas um adversário do Velho Continente neste ciclo da Copa — a República Tcheca. As restrições incomodam todos os países de fora da Uefa.
O janelão da Fifa abriria brecha, a partir de 2025, para quatro partidas no fim de setembro e início de outubro. Elas substituiriam as atuais realizadas separadamente. As datas de novembro, março e junho não sofreriam alterações. A chamada Fifa World Series aconteceria na janela de março nos anos pares.
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