Recentemente retornada à forma de gestão tradicional, com a nômina antiga, a Sociedade Esportiva do Gama dá seus primeiros passos após a extinção da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A primeira marca representativa se deu nesta quarta-feira (14/12), com entrevista coletiva cujo primeiro objetivo foi a oficialização de Vilson Tadei como técnico alviverde.
Entretanto, a forma de transição também foi um dos assuntos tratados nos primeiros esclarecimentos. “A SAF não existe mais desde junho. Como não existe mais no mundo jurídico, a consequência natural é a restituição, do que chamamos de status quo ante. A SAF nunca existiu porque ela nunca foi desfeita, mas sim anulada e o Gama volta a ser como em 28 de dezembro de 2021, um dia antes da constituição da SAF com todos os seus direitos, obrigações, créditos direitos, dívidas e direito de participar em competições”, afirmou o presidente Wendel Lopes.
O executivo gamense tornou oficial a realização do recadastramento anual feito e a atividade da gestão vigente. Para viabilizar esta questão, os patrocinadores de longa data se fazem importantes nesse processo: “Todas as conversas que estamos tendo com patrocinadores é para o programa até 2028. Não estamos buscando patrocinadores que vão investir num clube durante três ou quatro meses de campeonato. Os patrocinadores que estão conosco serão para toda a temporada de 2023, obviamente com investimento maior para o Campeonato Candango e reduzido para as categorias de base”, explica.
O especialista em direito esportivo Victor Amado detalha o desleixo em problemas burocráticos como um ponto falho no caso gamense. “A situação do Gama foi particular por um requisito simples, de formalização dos atos constitutivos junto à Junta Comercial de Brasília, mostrando que pode ocorrer uma dificuldade de outros clubes a se transformar ou fazer a cisão da SAF. Houve uma incapacidade técnica e falta de governança e de pessoas que teriam interesse em levar a sério, para gerir um clube de futebol e pelo negócio para promover uma empresa”, explica.
Entretanto, clubes da elite que buscam esta alternativa de gestão têm encarado uma responsabilidade à altura, podendo inspirar outros exemplos. “Vejo que os outros caminhos estão com tranquilidade, com muito investimento. Nos clubes maiores como Vasco, Cruzeiro e Bahia, vêm encaminhando com profissionalismo. Como são valores altos, eles já vêm com garantias aos investidores, então tem governança. É um caminho dificultoso mas de resultado financeiro positivo, assim como em campo. Penso que a SAF virá a ser adotada por times da Série A e da Série B, provavelmente o futuro do futebol brasileiro”, opina o experto.
Para o novo diretor executivo de futebol, Luiz Henrique Núñez, voltar do zero é uma situação complicada para o Gama. “Essa trajetória recomeça um pouco mais difícil porque herda uma dificuldade financeira muito maior do que naquela época em que nós estávamos trabalhando. (A SAF) nos atrasou de uma maneira que já deveríamos ter nossa comissão trabalhando e jogadores contratados e nada disso foi possível em função de que não tínhamos autoridade para fazer contratos nem registrar algum jogador”, relata.
Os objetivos estão estabelecidos pelo novo nome deste departamento do time alviverde. “Disputar o Candangão e ter os meses a seguir é para retomar a parte do clube. Voltar outra vez com o planejamento estratégico e para onde a gente quer chegar a partir de 2024, 2025, 2026… Temos que trabalhar com a visão até 2028 e a partir de maio de 2023 temos que trabalhar com esse planejamento de clube, fortalecendo em todos os seus processos. Para que em 2024 ela possa ser mais forte e mais competitiva”, indica.
O novo comandante da área gestora do futebol do clube revela uma meta de satisfação para o fim do prazo estabelecido. “Ficaríamos satisfeitos com a Série B. O Gama não é clube de Série D e não é de Série C. Pode ser eventualmente de Série B pois está cada dia mais forte, mas tem que estar eventualmente na Série A e não pode sair disso, inclusive fazer melhores campanhas na Copa do Brasil e disputando a Copa Verde. Este é o tamanho do Gama, é o que nossa torcida exige e o que nós nos exigimos”, aponta.
*Estagiário sob supervisão de Danilo Queiroz
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