Doha — Primeira campeã vigente da Copa a chegar a duas semifinais consecutivas na defesa do título desde o Brasil em 1994 e 1998, a França marcha firme no projeto de se tornar a terceira seleção a conquistar dois títulos mundiais consecutivos. Ontem, Mbappé e companhia venceram a Inglaterra por 2 x 1 e estão novamente entre os quatro melhores. Na quarta-feira, os comandados de Didier Deschamps enfrentarão Marrocos pela vaga na segunda final consecutiva, a quarta no torneio. Eliminados, os ingleses seguem em jejum desde 1966.
O volante Tchouaméni abriu o placar para a França no primeiro tempo, mas Harry Kane igualou de pênalti na etapa final. Giroud recolocou os bicampeões à frente e viu Kane desperdiçar a cobrança que poderia ter levado o clássico para a prorrogação.
Inglaterra e França não duelavam em mundiais havia 40 anos e não desperdiçaram a chance de entreter o público na tenda árabe erguida no deserto com um banquete tático, técnico, rico no debate de conceitos de futebol e com emoção do início ao fim.
A França tomou as rédeas do jogo e tentou se impor desde o início com variação de opções para atacar pela direita, esquerda e o meio. Ao contrário do Brasil, por exemplo, dependente de Neymar, os gauleses encontraram alternativas diante da forte marcação inglesa no astro Mbappé. Griezmann e Dembele eram as válvulas de escape. As tramas pelos dois lados quase sempre buscavam Giroud.
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Agressiva, a França deu trabalho ao goleiro Pickford em uma cabeçada do camisa 9. O repertório da trupe de Didier Deschamps incluía ações ofensivas pelo meio. Em uma delas, Tchouaméni recebeu a bola depois de um lindo lance iniciado por Mbappé com toques na bola de Upamecano, Dembele e Griezmann e chutou de pé direito para colocar a bola no canto direito da Inglaterra aos 16 minutos do primeiro tempo.
Os ingleses tinham a posse de bola, mas sofriam com as rápidas transições em contra-ataque. Atrás no placar, avançaram o time, passaram a ocupar o campo da França e se tornaram mais verticais e objetivos. Lloris começou a aparecer no jogo. Defendeu cheio de pose uma cobrança de falta de Shaw. Em outro lance, fechou a meta para o centroavante Kane, protagonista de um belo giro na frente de Upamecano, O duelo à parte entre Kane e Lloris continuou em um chutaço de fora da área.
A Inglaterra seguiu para o intervalo com a sensação de que o gol de empate estava amadurecendo e voltou para o segundo tempo cheia de moral. Um dos destaques da campanha no Catar, Bellingham obrigou Lloris a fazer milagre no início da etapa final. A pressão inglesa aumentou até os seis minutos. Saka invadiu a área e foi derrubado pelo autor do gol da França. Tchouaméni cometeu a infração.
No duelo entre os companheiros de Tottenham, Harry Kane pegou a bola, bater com perfeição, tirando Lloris da foto, e empatou o clássico europeu. Foi o segundo gol do artilheiro na Copa. Antes, ele havia marcado contra Senegal. Foi a senha para o início de um bombardeio à meta da França. No lance mais tenso, Maguire acertou a trave.
A França saiu das cordas aos 31', em uma cabeçada de Giroud para uma plástica intervenção de Pickford. O técnico Didier Deschamps só relaxou no minuto seguinte. Decisivo nos passes, Griezmann ergueu a bola na área e Giroud recolocou os franceses na frente. Após passar a campanha do título na Rússia inteira sem marcar, o maior artilheiro da história da seleção gaulesa alcançou a marca de 53 gols.
"Foi um jogo incrível. Sabíamos bem do potencial dessa geração de jovens talentos ingleses. Eles jogaram bem também, e nós impusemos um jogo sólido. Tentamos jogar muito bem no contra-ataque e fomos pressionar lá na frente. É um orgulho total dessa seleção, e espero que a gente vá o mais longe possível", destacou o herói francês.
Persistente, a Inglaterra partiu novamente em busca da igualdade e teve a oportunidade nos pés de Kane. O VAR auxiliou o árbitro goiano Wilton Sampaio na marcação de mais um pênalti a favor dos ingleses. O centroavante partiu para a bola e chutou alto, para fora. A França avança para enfrentar Marrocos. Há possibilidade de final entre Mbappé e Messi, desde que o amigo do Paris Saint-Germain também avance contra a Croácia.
Didier Deschamps, porém, não fez pouco caso da semifinal que terá pela frente. "Vamos passo a passo, temos que aproveitar e comemorar, agora é a preparação para o próximo jogo. Marrocos merece o reconhecimento. Claro que não fazia parte dos times que esperávamos ver aqui, mas enfrentamos grandes adversários, assim como eles tiveram grandes adversários até nos enfrentar", pontuou.
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