COPA DO MUNDO

Relembre as manifestações que marcaram a primeira Copa no Oriente Médio

Protestos dentro e fora das quatro linhas foram as tônicas da primeira fase de um torneio que transita entre a alegria e as várias denúncias de intolerância de violação dos direitos humanos

Rayssa Loreen *
postado em 08/12/2022 17:47 / atualizado em 08/12/2022 19:02
 (crédito: Anne-Christine POUJOULAT/AFP)
(crédito: Anne-Christine POUJOULAT/AFP)

Além dos desfiles dos principais craques pelos gramados, bolas na rede e grandes clássicos, a primeira Copa do Mundo Qatar-2022, a primeira no Oriente Médio, será lembrada pelas diferentes manifestações em prol dos direitos sociais.

Futebol não se resume ao jogo dentro das quatro linhas, especialmente nesta edição. A receptividade do país-sede da atual contrasta com as denúncias de violação dos direitos humanos. As proibições vão desde bebidas alcoólicas em público até a repreensão de afetos homoafetivos.

Antes mesmo de a bola rolar, a Dinamarca se manifestou contra o Catar. A seleção, eliminada na fase de grupos, decidiu usar uma camisa monocromática nas disputas. Segundo a Hummel, patrocinadora do uniforme dinamarquês, o objetivo era não ser visto “durante um torneio que custou a vida de milhares de pessoas”.

“Apoiamos a seleção dinamarquesa o tempo todo, mas isso não é o mesmo que apoiar o Catar como país anfitrião.”, justificou a empresa no twitter.

A seleção iraniana foi a primeira a se posicionar após a abertura do torneio. Antes do duelo contra a Inglaterra, os jogadores decidiram não cantar o hino do país. O motivo: o respeito dos direitos das mulheres. No país, elas são proibidas de frequentar estádios de futebol. Nas arquibancadas, a torcida protestou a morte pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, morreu sob custódia após ser presa por não usar véu em público.

Apesar da derrota em campo, time iraniano deu espetáculo de consciência social
Apesar da derrota em campo, time iraniano deu espetáculo de consciência social (foto: Fadel Senna/AFP)

A Alemanha protagonizou uma das manifestações mais emblemáticas da Copa no Catar. Antes da partida contra o Japão, os jogadores alemães posaram para a foto oficial com a mão na boca. O gesto simbolizou o posicionamento da seleção contra a decisão da Fifa de proibir a braçadeira escrita “One Love”, em apoio à comunidade LGBTQIA+. No Twitter, a Federação Alemã de Futebol afirmou que o protesto não se tratava de uma declaração política.

“Queríamos usar nossa braçadeira de capitão para defender os valores que mantemos na seleção alemã: diversidade e respeito mútuo. Com outras nações, queríamos que nossa voz fosse ouvida”, dizia o comunicado.

A escolha da Fifa em proibir o adereço também gerou protestos em outras equipes, como Inglaterra, Gales, Bélgica, Holanda, Suíça e Dinamarca, que também pretendiam passar a mensagem “One Love. Harry Kane, da seleção inglesa, chegou a jogar com uma braçadeira com o dizer “sem discriminação”, autorizada pela Fifa.

Uma das manifestações pouco comentadas foi a do senegalês Ismaila Soarr. No jogo contra o Equador, o jogador balançou as redes e fez uma comemoração inusitada. Soarr tampou os olhos e simulou uma arma, em protesto contra o — descaso com as guerras civis na África, principalmente na República Democrática do Congo.

Invasões de campo

Além dos jogadores, a torcida também fez questão de se manifestar. Com o estádio cheio de torcedores no jogo entre França e Tunísia, um deles invadiu o campo usando a camisa da seleção tunisiana e com uma bandeira da Palestina em mãos. O ato político também rendeu reações nas arquibancadas, que manifestaram apoio ao gesto com aplausos e gritos de “Palestina, Palestina”.

Durante a partida entre Portugal e Uruguai, o italiano Mario Ferri invadiu o campo segurando uma bandeira LGBTQIA+ e vestido de uma blusa com mensagens de “salve a Ucrânia” na parte da frente e um "respeito às mulheres iranianas" nas costas.

Torcedor invadiu o gramado durante a partida entre Portugal e Uruguai, em 28 de novembro
Torcedor invadiu o gramado durante a partida entre Portugal e Uruguai, em 28 de novembro (foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP)

No duelo entre Irã e Estados Unidos, pela terceira rodada do Grupo B, um torcedor norte-americano foi retirado do Estádio Al Thumama por usar uma braçadeira nas cores da bandeira LGBTQIA+.

Antes de Irã x EUA, pela fase de grupos, um torcedor norte-americano foi retirado do Estádio Al Thumama devido a uma braçadeira nas cores da bandeira LGBTQIA+
Antes de Irã x EUA, pela fase de grupos, um torcedor norte-americano foi retirado do Estádio Al Thumama devido a uma braçadeira nas cores da bandeira LGBTQIA+ (foto: Glyn Kirk/AFP)

*Estagiária sob a supervisão de Victor Parrini

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  • Apesar da derrota em campo, time iraniano deu espetáculo de consciência social
    Apesar da derrota em campo, time iraniano deu espetáculo de consciência social Foto: Fadel Senna/AFP
  •  A supporter of USA, wearing a rainbow armband, is escorted out ahead of the Qatar 2022 World Cup Group B football match between Iran and USA at the Al-Thumama Stadium in Doha on November 29, 2022. (Photo by Glyn KIRK / AFP)
    A supporter of USA, wearing a rainbow armband, is escorted out ahead of the Qatar 2022 World Cup Group B football match between Iran and USA at the Al-Thumama Stadium in Doha on November 29, 2022. (Photo by Glyn KIRK / AFP) Foto: Glyn Kirk/AFP
  • Torcedor invadiu o gramado durante a partida entre Portugal e Uruguai, na última segunda-feira (28/11)
    Torcedor invadiu o gramado durante a partida entre Portugal e Uruguai, na última segunda-feira (28/11) Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
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