Meio campo da Croácia, Modric é candidato a carrasco do Brasil

Eliminado nas últimas quatro Copas por exibições infernais de meias como Zidane, Sneijder, Kroos e De Bruyne, Seleção se depara com o desafio de anular Modric. O maestro croata foi eleito melhor do mundo em 2018 com o voto de Tite

Marcos Paulo Lima - Enviado especial

postado em 08/12/2022 03:00

(crédito: Ozan Kose/AFP)

Doha — Referência na fabricação de meias clássicos como Didi, Gerson, Falcão, Zico e Rivaldo, a indústria brasileira deixou de confeccioná-los. A crise na linha de produção faz a Seleção pagar caro há quatro edições de Copa do Mundo. Pior do que a carência de um maestro são as eliminações em sequência contra seleções lideradas por articuladores fora de série.

Zidane cobrou a falta no gol de Henry e deu até chapéu em Ronaldo nas quartas de final de 2006. Sneijder usou a cabeça duas vezes para classificar a Holanda em 2010. Khedira, Schweinsteiger, Kroos e Ozil colocaram os pentacampeões na roda no 7 x 1. Em 2018, De Bruyne bugou Adenor Leonardo Bachi na queda diante da Bélgica.

Eleito melhor jogador do mundo em 2018, inclusive com voto de Tite, Luka Modric é o novo candidato a carrasco na partida de amanhã contra a Croácia, às 12h (de Brasília), no Estádio da Educação, pelas quartas de final. O craque de 37 anos ainda não brilhou como na campanha do vice-campeonato em 2018, quando fez dois gols e deu uma assistência, mas pode abrir um debate na comissão técnica do Brasil sobre a necessidade de reforçar a marcação no setor com trocas de peças. Embora conheça o croata desde o tempo em que jogaram juntos no Real Madrid, Casemiro é praticamente o único volante raiz no setor.

Modric não tem gol nem assistência nesta Copa, mas a bola segue passando pelos pés dele no sistema de jogo do técnico Zlatko Dalic. Dados do aplicativo Sofascore apontam 68,2 toques na bola por partida. É o cérebro do meio de campo à frente de Brozovic e Kovacic. O responsável por encaixar passes para Vlasic, Kamaric e Ivan Perisic.

Tite definirá no último treino, hoje, no Estádio Grand Hammad, se manterá Casemiro, Lucas Paquetá e Neymar no meio de campo, ou seja, como único volante de origem no cerco ao mentor adversário. Ele pode, por exemplo, entrar com Fred no lugar de Paquetá para ganhar consistência. Se for ainda mais ousado, abrir mão de um ponta, o mais provável seria Raphinha, a fim de ter Casemiro, Paquetá e Fred na proteção. Uma alternativa menos provável seria usar Fabinho, um dos melhores contra Camarões, ao lado de Casemiro.

O penúltimo treino foi fechado à imprensa. A tendência é a repetição do time escalado na vitória por 2 x 0 contra a Sérvia na estreia. Danilo voltaria à lateral direita e Alex Sandro à esquerda. Tite teria de volta o núcleo duro da defesa para se blindar das ideias de Modric.

"É sempre muito difícil jogar contra jogadores qualificados. O Modric continua me ensinando no dia a dia, faz de tudo para eu seguir evoluindo. Eu o pego como espelho, um cara de 37 anos jogando no nível dele, algo raro. Eu fico feliz de jogar contra ele", disse o atacante Vinicius Junior na entrevista coletiva de ontem depois da penúltima atividade do Brasil.

O camisa 10 adversário é um dos responsáveis pelo upgrade na carreira de Vinicius Junior. "O Modric sempre me ensina. Não só em campo, como fora. Ele me ensinou passe de três dedos. Cada dia venho melhorando para ter um leque maior de opções nas jogadas", revelou. "A Croácia na última Copa chegou na final. Não tem mais jogo fácil. Jogar contra quem tem o Modric, Bola de Ouro há pouco tempo (2018), é cada vez mais complicado", complementou.

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