Doha — A reportagem usou um decibelímetro para aferir o som do jogo mais barulhento da Copa. Com média de 87,6 decibéis e picos de 107,9 na base do gogó da fanática torcida de Marrocos, a acústica do Estádio da Educação foi a acústica perfeita para a volta de uma seleção africana às quartas de final da Copa do Mundo. Depois de Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010), chegou a vez de Marrocos figurar entre os oito melhores. Após empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação, a trupe de Hakimi triunfou nos pênaltis por 3 x 0. O ídolo Hakimi decretou o triunfo na última cobrança.
A Espanha não enfrentava um ambiente tão hostil em uma competição oficial da Fifa desde a final da Copa das Confederações de 2013 contra o Brasil, no Maracanã. A imprensa e os torcedores desembarcavam na estação de metrô e no Estádio da Educação com a sensação de que estavam em Rabat, capital de Marrocos. Havia um mar vermelho e verde de gente em romaria rumo às arquibancadas. A intensidade aumentou no apito inicial da partida.
Fiel ao estilo, o técnico Luis Enrique organizou a Espanha no 4-3-3. Não abriu mão da posse de bola e tocava pacientemente à espera de uma brecha na defesa de um adversário programado para contra-atacar. La Roja acertou o travessão em uma finalização de Gavi, mas estava impedido. Asensio também levou perigo à meta do goleiro Bono.
A alternativa ofensiva de Marrocos era Boufal. O atacante bagunçava com o sistema defensivo espanhol com jogadores em cima do lateral-direito Llorente e do zagueiro Rodri. Aguerd e Mazroui não aproveitaram as chances criadas pelo abusado ponta-esquerda marroquino.
A primeira oportunidade do segundo tempo foi da Espanha. Dani Olmo disparou um míssil de média distância. O goleiro Bono espalmou, mas nenhum espanhol chegou a tempo de aproveitar o rebote. A Espanha dominava a partida. Com a saída de Boufal, Marrocos ficou sem válvula de escape, a pressão aumentava. Nico Williams acionou Morata na grande área e o centroavante finalizou cruzado. A bola passou na frente do gol de Bono à espera de um pé que finalizasse.
O desafogo de Marrocos passou a ser o lateral-direito Hakimi. Na melhor oportunidade africana no segundo tempo, o jogador do Paris Saint-Germain ergueu a bola na área. Ez Abde cabeceou para o meio. Cheddira tentou aproveitar, porém não conseguiu finalizar com força. A Espanha quase abriu o placar no fim do segundo tempo. Dani Olmo cobrou falta direto para o gol e Bono espalmou para escanteio no último lance do tempo regulamentar.
Espanha e Marrocos protagonizaram a segunda prorrogação desta Copa do Mundo. A melhor oportunidade no primeiro tempo caiu nos pés de Cheddira. O atacante marroquino saiu na cara do gol, mas Unai Simon usou a perna para evitar o tento africano.
As melhores chances da etapa final do tempo extra caíram nos pés da Espanha. Soler viu El Yamiq desviar finalização. Sarabia recebeu cruzamento, chutou sem ângulo e a bola de perdeu pela linha de fundo.
Copa do Mundo
Oitavas de final
Marrocos 0 (3) x 0 (0) Espanha
Estádio Cidade da Educação, Doha, Catar
MARROCOS
Bono; Kakimi, Aguerd (El Yamik), Saiss e Mazraoui (Attiat-Allah);
Amrabat, Ounahi e Amallah (Sabiri); Ziyech, En-Nsyri (Cheddira) e Boufal (Ez Abde)
Técnico: Walid Regragui
ESPANHA
Unai Simon; Llorente, Rodri, Laporte e Alba (Balde);
Busquets, Gavi (Soler) e Pedri; Ferrán Torres (Nico Williams, depois Sarabia), Dani Olmo (Ansu Fati) e Asensio (Morata)
Técnico: Luis Enrique
Público: 44.667 pagantes
Árbitro: Fernando Rapallini
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