Território de transformações

Correio Braziliense
postado em 04/12/2022 03:00
 (crédito: Raul Arboleda/AFP)
(crédito: Raul Arboleda/AFP)

O ambiente masculino e machista do futebol se reproduz em proporções maiores na Copa do Mundo. Há mulheres como torcedoras nos estádios, mas em pequena quantidade. "Eu chamei a minha esposa para vir, mas ela achou que é um país meio complicado para mulher. Ela queria vir, mas achou melhor não", relata Denilson Ribeiro de Santana, 48, mineiro de Itaúna, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Entre os jornalistas que cobrem a Copa, raríssimas são as vozes femininas — sintoma da desigualdade de gênero que afeta o mundo inteiro. Ainda que em número inferior aos homens, há mulheres na segurança dos estádios, no programa de voluntários e na arbitragem. "Esta é a primeira Copa do Mundo com mulheres na arbitragem, certo? Não aconteceu nos Estados Unidos, não aconteceu no Ocidente, está acontecendo no Oriente Médio. Acho que isso fala por si só", defendeu Índigo Salah, muçulmana que vive em Londres e está no Catar para acompanhar a competição.

"Eu penso que as mulheres têm sido envolvidas em cada aspecto da preparação e do planejamento para a Copa do Mundo. Acho que isso é evidente, porque tem mulheres em cada atividade que você vai. Acho que fizeram uma escolha consciente para ter certeza de que as mulheres estejam envolvidas. Então, é legal ver isso", corroborou Fati Salah, britânica com origem nigeriana.

Entre as brasileiras, é clara a percepção de que as expectativas sociais são diferentes em relação ao Brasil. Kellen Lima, Carol Calmon e Lelia Lacerda saíram do Rio de Janeiro para viver da música em Doha. A convite da Fifa, elas têm tocado canções do Brasil em frente aos estádios nos momentos que antecedem os jogos. "É bem diferente do Brasil, é claro. Em muitos casos, até é tranquilo usar a roupa que quero, com decote, mais curta por causa do calor. É claro que em alguns lugares eu prefiro evitar, como o Souq Waqif (mercado tradicional da cidade), por exemplo, porque não seria bem visto", disse Kellen, após cantar um samba, minutos antes de Argentina e México se enfrentarem. (JVM)

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