COPA DO MUNDO

"Tá no Catar, tem que pagar": saiba como brasileiros fazem esquenta em Doha

Parceria com empresário, terreno cedido por hotel luxuoso em área nobre, ingresso a R$ 150 e possibilidade de ostentar ao lado de influencers como Fábio Porchat: um dia no pré-jogo da Seleção

Marcos Paulo Lima - Enviado especial
postado em 02/12/2022 15:46 / atualizado em 02/12/2022 15:47
 (crédito: Marcos Paulo Lima/CB/D.A. Press)
(crédito: Marcos Paulo Lima/CB/D.A. Press)

Lusail — Eles usam mantras como “tá no Catar, tem que pagar” e “quem converte (a moeda) não se diverte”. Costumam se reunir 10 horas antes dos jogos do Brasil na Copa do Mundo nos esquentas para as partidas. Um jeitinho caro de driblar a rigidez das leis do país árabe anfitrião da primeira edição do principal torneio de futebol do mundo no Oriente Médio.

O acesso ao 900 Park, uma área customizada de verde-amarelo na paradisíaca West Bay, próximo à praia de Katara, custa R$ 150. Dá direito a uma pulseira, uma latinha de cerveja, copo de chope e momentos de ostentação no mesmo ambiente de influenceres a artistas, como Fábio Porchat. Uniformizado de torcedor, o ator era uma das centenas de pessoas na balada vespertina.

“Doha me parece um pouco como Dubai, com todos esses países meio artificiais de mentira que é legal de estar numa Copa do Mundo. E encontrar, no meio do Catar, um monte de brasileiro tomando cerveja já vale ouro”, brincou Porchat, em entrevista ao Correio.

A segunda, a terceira, a quarta até a saideira são por conta do consumidor. Antes do jogo contra Camarões, a bebida alcóolica custava R$ 57. Isso graças a uma parceria dos donos da festa. O Movimento Verde Amarelo tem 423 mil seguidores no Instagram. A senha para a parceria com uma marca nacional de bebida. A tarifa normal é R$ 67,50, segundo os organizadores.

Fábio Porchat esta de brasileiros no Catar dribla leis do país e tem até venda de cerveja
Fábio Porchat esta de brasileiros no Catar dribla leis do país e tem até venda de cerveja (foto: Marcos Paulo Lima/CB/D.A. Press)

A festa tem roda de samba, ilhas de comida e bebidas não alcoólicas, como refrigerante, suco e água mineral. Há mesinhas espalhadas pela área cedida por um badalado hotel da região, pufes, música ao vivo com dois telões e uma romaria de torcedores da estação Al Qassar até o endereço da festa. Não tem como se perder. Basta acompanhar o fluxo dos fãs devidamente fantasiados.

Apesar do preço salgado para a realidade brasileira, mas ok para quem investiu o que tinha — ou não tinha — para estar aqui, há filas na entrada com direito a revista de segurança. Carentes de um cantinho para o carnaval no Catar, os brasileiros pagam caro para ficar juntos ao som de música ao vivo até a caminhada de cerca de 1km até a estação do metrô em direção ao Lusail Stadium, palco da vitória dos duelos contra Sérvia (estreia) e Camarões (terceira rodada).

“A ideia do esquenta é trazer um pouco do Brasil para onde a gente for. No caso aqui, Doha. A gente fez esse mesmo esquema na Rússia em todas as cidades em que o Brasil passou. O plano é sempre fazer uma concentração do brasileiro para se encontrar, ensaiar as músicas, tomar uma cervejinha e todo mudo ficar no clima de jogo e caminhar para o estádio fazendo festa”, disse ao Correio/EM Saulo Mendonça, o Supermano, um dos pioneiros do Movimento Verde Amarelo. Ele é um dos torcedores-símbolo do MVA. Veste-se de super-herói nas partidas e supervisiona o esquenta fora do estádio. “A nossa cerveja é a mais barata de Doha”, gaba-se.

Festa de brasileiros no Catar dribla leis do país e tem até venda de cerveja
Festa de brasileiros no Catar dribla leis do país e tem até venda de cerveja (foto: Marcos Paulo Lima/CB/D.A. Press)

Montar uma Fan Fest no Catar não é uma tarefa simples como parece. A reportagem apurou que a autorização demorou dois anos e teve a influência de um empresário residente no Catar. Ele entrou em acordo com a administração do paradisíaco Hotel InterContinental e conseguiu arrendar o espaço. Todos os valores arrecadados são repassados ao dono do terreno e ao locador catari. O Movimento Verde Amarelo tem direito apenas a convites para distribuir entre torcedores, influenciadores digitais, ex-jogadores e até mesmo a familiares de atletas.

Entre os quitutes oferecidos no esquenta, nada de comida árabe ou brasileira. O espaço gourmet tem 15 restaurantes. Oferece pipoca, frapês, crepes de avelã, cerveja, claro, e pratos internacionais. Os calorentos podem pedir sorvete na alta temperatura do inverno catari por R$ 35 ou adquirir pizza de pepperoni a R$ 125. O menu também oferece hamburguer a R$ 75.

Durante a reportagem, encontramos um grupo de brasilienses. Um deles admitiu o altíssimo investimento para estar no Catar. No entanto, parou de fazer contas e passou a aceitar a vida como ela é em um dos paraísos da ostentação do Golfo Arábico. “Ah, amigo, está no Catar tem que pagar, quem converte (a moeda) não se diverte”, disparou, feliz da vida em uma mesa com outros conterrâneos do quadradinho. Todos felizes, sorridentes e confiantes no hexa.

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  • O humorista Fábio Porchat é um dos brasileiros que festejam no Catar
    O humorista Fábio Porchat é um dos brasileiros que festejam no Catar Foto: Marcos Paulo Lima/CB/D.A. Press
  • Festa brasileira dribla leis do país com a venda de cerveja no pré-jogo
    Festa brasileira dribla leis do país com a venda de cerveja no pré-jogo Foto: Marcos Paulo Lima/CB/D.A. Press
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