Doha — A impressão que se tem a cada exibição da Argentina nesta Copa é de que os bicampeões mundiais carregam um Monumental de Núñez ou uma La Bombonera na caçamba de um caminhão. Onde chegam, armam o circo, transformam as arenas do país árabe em um puxadinho de Buenos Aires. A trupe de Lionel Messi é disparada a mais energizada pela torcida e retribui a vibe de Libertadores com futebol convincente de quem se candidata a igualar o feito da Espanha de 2010. Na África do Sul, La Roja estreou com derrota para a Suíça e bateu campeã.
Em mais uma exibição de recuperação depois do vexame diante da Arábia Saudita na estreia, a Argentina derrotou a Polônia por 2 x 0 e avança às oitavas de final em primeiro lugar no Grupo C. O duelo nas oitavas de final será contra a Austrália, no sábado (3/12), às 16h, no Estádio Ahmad Bin Ali. O resultado frustra quem sonhava com uma final sul-americana entre Brasil e Argentina. Como ambos avançaram em primeiro, há possibilidade de clássico nas semifinais. Segunda colocada, a Polônia passou pelo número de amarelos e duelará com a atual campeã França, domingo (4/12), às 12h, no Al Thumana.
Argentina e Austrália jamais se enfrentaram na Copa do Mundo. O confronto mais dramático entre as duas seleções rolou na repescagem internacional para a Copa de 1994, nos Estados Unidos. Ameaçada de não ir ao Mundial depois de sofrer goleada de 5 x 0 para a Colômbia, no Monumental Núñez, a Argentina tirou Diego Maradona da aposentadoria, em 1993, para ajudar a desbancar os Cangurus. Empatou fora por 1 x 1 e venceu, em Buenos Aires, por 1 x 0.
A Polônia entrou em campo na liderança do Grupo C e se acovardou. Recuada, deu as rédeas do jogo para a Argentina e atraiu o adversário para seu campo de jogo em busca de uma bola para o contra-ataque. Organizada e intensa, a Argentina dominou o adversário do início ao fim. No único vacilo da zaga alviceleste, o isolado Lewandowski não alcançou a bola. Bielik também finalizou depois de um passe do atual número 1 do mundo, mas mandou para fora.
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Empatado com Diego Armando Maradona em número de gols na Copa, Messi estava elétrico. Queria ultrapassar D10S, mas começou a travar um duelo à parte com o anjo da guarda polonês. Szczesny. Finalizou duas vezes e viu o goleiro intervir. A muralha também agiu em finalizações de Di María, Julian Álvarez e Acuña. O gol estava da cor da camisa de Szczesny, maduro, mas não saiu nem em uma cobrança de pênalti. O VAR acusou falta do goleiro em Messi.
O camisa 10 partiu para a cobrança e errou uma cobrança pela segunda Copa consecutiva. Havia feito o mesmo em 2018 na estreia da Argentina contra a Islândia. Szczesny saltou no canto direito e defendeu a cobrança à meia altura do jogador eleito sete vezes melhor do mundo. Nas arquibancadas, um menino polonês chorava enquanto argentinos levavam as mãos à cabeça. O goleiro também havia feito a diferença contra a Arábia Saudita na segunda rodada.
A seleção europeia estava entre as três não vazadas na Copa do Mundo ao lado do Brasil e de Marrocos, porém saiu da lista no primeiro minuto do segundo tempo em uma bela trama pela direita do ataque. Di María acionou Molina, o lateral-direito cruzou para a entrada da grande área e Mac Allister chutou cruzado. A bola tocou no pé da trave direita de Szczesny e entrou. O placar ficou mais elástico aos 22 minutos. Enzo Fernández acionou Julián Álvarez dentro da área e ele finalizou de perna esquerda para acertar o ângulo de Sczesny.
Invicto até então, o goleiro só não aceitava sofrer gol de Messi. Resistiu bravamente no duelo à parte. A Pulga continuou insistindo no segundo tempo e o goleiro fechava a meta. Sentados na tribuna de honra, os campeões mundiais Djorkaeff, Lothar Matthaus e Cafu dedilhavam o celular possivelmente mandando a seguinte mensagem no grupo nas redes sociais: “pintou a campeã”. Mais do que vencer, a Argentina convenceu o mundo de que pode encerrar o jejum de 36 anos.
COPA DO MUNDO
Grupo C - 3ª rodada
Polônia 0 x 2 Argentina
Estádio 974, Doha, Catar
POLÔNIA
Szczesny; Bereszynski (Jedrzejczyk), Glik, Kiwior e Cash; Kryshowiak (Piatek), Bielik (Szymanski), Zielinski e Frakowski (Kaminski); Swiderski (Skora) e Lewandowki
Técnico: Czeslaw Michniewicz
ARGENTINA
Emiliano Martínez; Molina, Cristian Romero, Otamendi e Acuña (Tagliafico); Mac Allister (Almada), Enzo Fernández (Pezzella) e De Paul; Messi, Julián Alvarez (Lautaro Martínez) e Di María (Paredes)
Técnico: Lionel Scaloni
Gols: Mac Allister, a 1, e Julián Álvarez, aos 22 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Kryshoviak (Polônia) e Acuña (Argentina)
Público: 44.089 pagantes
Árbitro: Danny Makkelie (Holanda)